sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Recado do Blog

Pessoal, devido à viagem que relatei no post abaixo, estou com sérias dificuldades em acessar a internet, por isso minhas postagens ficarão um pouco comprometidas.

Certamente não conseguirei publicar diariamente (infelizmente). Estou tentando minimizar o problema usando o 3G, que não funciona direito. Vamos ver.

A partir do dia 14/01/13 estou retornando e tudo voltará ao ritmo normal.


Continuem acessando que vou tentar postar sempre que possível.

De qualquer forma desejo um excelente 2013 a vocês.

Um abraço

Cesar Santos



Réveillon 2013



28 de dezembro de 2012. Daqui há apenas 3 dias... Réveillon 2013. 

O que isso te lembra? Quais são os planos para passar a virada de ano da grande maioria das pessoas? 

Qual o destino mais óbvio e ordinário possível para essas pessoas?

Adivinhou! Isso mesmo. Praia. Será que ninguém tem um pingo de criatividade nessa hora? 

Te dou uma chance para adivinhar o que vou fazer nesse final de ano.

Isso mesmo. Também vou para praia. Genial, hein?!

Com esse fato me torno instantaneamente um personagem do meu post sobre aquele tipinho que só vai para a praia nessas épocas.

Diante disso fico pensando aqui com meus botões... mas afinal as pessoas vão para a praia por quê? Comemorar o que? Vão comemorar um ano desgraçado que acaba ou comemorar outro ano desgraçado que está começando? 

Consigo ver nitidamente a expressão de “agora te peguei seu mané” estampada na sua cara. É óbvio que agora você vai me perguntar o porquê de eu estar indo para a praia já que é uma dessas frias pré-anunciadas que já sabemos de antemão.

Resposta: como bom marido pau-mandado que sou, fui delicadamente coagido a desfrutar dos “prazeres inimagináveis” e “infraestrutura exemplar” do “belíssimo” litoral paranaense.

Respondida a questão anterior, volto ao questionamento mais elementar: por que as pessoas fariam uma coisa dessas de livre e espontânea vontade, sem coação como a que sofri?

Na verdade não sei. 

Evidentemente existem praias belíssimas ao longo do litoral brasileiro (menos no litoral paranaense, onde todas as praias são feias), isso por si só já poderia ser usado perfeitamente como justificativa para ato tão insano. Mas, na realidade nunca conheci alguém que me dissesse algo como “vou acompanhar a chegada do ano novo em praia tal porque ela é muito bonita”. 

E as tradições idiotas e totalmente sem sentido que sempre aparecem nessa época?! Vestir branco, comer X uvas, comer lentilha para atrair dinheiro, comer porco porque esse fuça e anda para frente e não comer frango, pois esse cisca para trás. Quanta bobagem. Já notou que a maioria dessas crendices estão ligadas à comilança?! De certo não dá para comer carne vermelha porque a vaca ou o boi é um bicho muito lento. Se isso tivesse alguma lógica seria o caso então de só se comer peixes, já que esses nadam para frente e são bem rápidos. 

Além dessas tem outras tipicamente praianas, como pular X ondas.

De onde as pessoas tiram essas ideias?! Será que alguém em sã consciência leva isso a sério?! 

Outra coisa muito comum e igualmente inútil são as famosíssimas resoluções de ano-novo. Essas, a disparada maioria das pessoas também faz e, assim como todo ano, jura que vai conseguir cumprir, pelo menos uma das resoluções. Acredito que a maior parte das tais resoluções seja em relação a parar de fumar, parar de beber, perder peso e começar a fazer alguma atividade física.

O problema é que a pessoa nem bem terminou de elencar suas preciosas resoluções e já tem que sentar, pois a ceia está sendo servida ou então está na hora do brinde, sempre, é claro, regado à bebida alcoólica a qual ele jurou que não iria mais beber. Quando o cara está na praia e faz as resoluções, essas duram menos ainda, pois ele certamente vai comer um monte, beber idem, e, se fuma, não será ali, na beira da praia que vai parar.

E outra coisa... que diabos é Réveillon? Por que chama assim? Que tal usar e expressão Final de Ano ou Virada de Ano em português mesmo?! Se alguém souber o porquê me conta. 


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Adeus às Amizades



Final de ano é sempre a mesma coisa: festas, reuniões e confraternizações com a família e os amigos.

É sobre esses últimos que quero falar hoje. Amigos. Mais precisamente da amizade, o laço que transforma pessoas até então desconhecidas em amigos.

Me peguei pensando sobre isso outro dia. Já tive vários amigos em diversas fases da minha vida. Hoje tenho alguns poucos. Conheço pessoas que tem verdadeiras legiões de amigos, e não estou falando da baboseira das redes sociais, onde me parece que o que conta é a quantidade de “amigos” que você tem, não importando em absoluto, o fato de muitas vezes não se ter a mínima ideia de quem são muitos deles. 

Falo de pessoas que tem, ou acham que tem, literalmente um monte de amigos reais, de carne e osso. Será mesmo?! Aposto que não. Para mim, nesses casos, são apenas amigos para o ato.

Isto posto, chego ao cerne da questão que quero tratar aqui. O fim das amizades, ou o que leva uma amizade que considerávamos inabalável, terminar.

Podemos elencar vários aspectos que concorrem para o fim de uma amizade.

Se pedisse para me darem alguns exemplos desses aspectos, certamente me diriam os seguintes:

1 – Um dos amigos mudou de escola/cidade/estado/país;

2 – Brigaram por causa de mulher/homem;

3 – Começou a andar com outra pessoa/turma e se afastou.

Claro que todos os exemplos acima são válidos, porém para mim nenhum deles se aplicaria a uma amizade real, pois é facilmente constatável que se uma amizade não resiste a uma mudança de endereço, então não era amizade sólida.

Eu mesmo tenho um amigo que morou 5 anos no exterior, voltou, depois de alguns anos foi morar em outro estado e quando retornou definitivamente, foi como se tivéssemos conversado na semana anterior.

Brigar por causa de mulher/homem ou porque acabou se interessando pela mulher ou pelo homem do outro (a), francamente é uma baita cretinice e, a meu ver, também não pode ser considerado como um verdadeiro amigo quem age assim. 

E, finalmente, no último exemplo, quem deixa de ser seu amigo e passa a ser amigo de outras pessoas porque enjoou de você, sinceramente nunca foi seu amigo.

Chegamos ao ponto que queria. O que vou colocar agora é uma opinião pessoalíssima, sendo que quem quiser, pode discordar à vontade ou me chamar de raso e superficial, mas para mim o fator determinante para o fim de uma amizade é um só: grana.

Isso mesmo. Grana, dinheiro.

Vamos considerar duas abordagens a respeito, para me explicar melhor:

Pense em um grupo de amigos em que todos tem uma condição financeira semelhante. Por conta de fatores diversos os quais não vem ao caso, um deles começa a fazer mais dinheiro que os outros. Evidentemente que, com isso, ele passa a ter acesso à outra categoria de bens e serviços que até então, ele não tinha acesso ou conhecimento. 

No exemplo acima podem acontecer 2 coisas distintas:

1 – o amigo que subiu a escadinha começa a ter uma atitude esnobe em relação aos outros, o que leva a um afastamento natural por parte dos esnobados;

2 – muito mais comum que isso, os amigos que ficaram para trás financeiramente, começam, mesmo que inconscientemente, a invejar o amigo mais afortunado e, consequentemente, por conta de seu recalque em relação a esse, acabam por se afastar.

Certa vez, conversando com um grupo de amigos, foi levantada uma questão acerca do que um cara poderia ostentar que seria mais irritante aos olhos de outros caras. As opções apresentadas foram as seguintes: o cara fortão, o cara acompanhado por uma super-gostosa ou o cara que tem uma Ferrari.

A resposta foi unânime: O cara da Ferrari seria o mais irritante. Claro, afinal ele teria algo inatingível para quase a totalidade da população. Acredito que isso exemplifique bem o que vai acima.

A outra consideração envolvendo dinheiro e o fim de uma amizade é justamente o oposto:

Considere um grupo de amigos, onde um deles acaba quebrando. Qual o procedimento usual que os outros amigos adotam? 

“Ah, não muda nada, pois apesar de estar na lona, o cara continua sendo o mesmo”, você me responde.

Certo. Essa seria a resposta para a reação ideal, não para o que ocorre de fato.

O que ocorre de fato é que, nesse exato momento, o cara quebrado descobre se tem realmente algum amigo de verdade. Normalmente ele descobre que não tem nenhum. Raramente sobra alguém.

A reação mais comum por parte dos outros “amigos” é a de simplesmente se afastar do quebrado, como se ele fosse um leproso. O cara vira um pária. Não é mais lembrado nem convidado para absolutamente nada. Nada mesmo.

Isso acontece mesmo que os outros não tenham nenhum interesse financeiro, ou vínculo associativo, ou de negócios com o quebrado. 

Ele simplesmente não serve mais. Essa é toda a verdade. 

Cruel? Sem dúvidas, mas totalmente verdadeiro.

No fundo, quem nunca passou por uma situação dessas não tem como ter plena certeza de quem são realmente seus amigos, se é que tem algum. 

Certamente passar por uma situação dessas nunca é bom, mas, caso aconteça, será extremamente valiosa e educativa. Assim como apenas na adversidade você descobre do que realmente é feito, é na adversidade que você descobre quem é quem a sua volta.

Diante disso tudo você pode alegar que, na verdade, não existe amizade verdadeira e desinteressada. Olha, não sei. Talvez não mesmo. Talvez, só dê mesmo para contar com o apoio fiel da família.

Esse é um assunto um tanto quanto aborrecido, mas que pode gerar alguma reflexão. Tente se colocar na situação acima e imagine como cada amigo seu reagiria. Pode ser um bom exercício de análise da natureza humana. 

Quem sabe, se você conseguir analisar de maneira imparcial, pode ter uma surpresa nada agradável com o resultado.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal

Pessoal, devido aos compromissos nesses dias que cercam o Natal, não vou ter condições de publicar nada nos dias 24/12 e 25/12. Volto a postar dia 26/12 normalmente. Pode parecer bobagem, mas postar diariamente dá um certo trabalho, embora seja bastante gratificante.

Aproveito para agradecer as visitas que tive até agora. Elas são um grande estímulo para continuar escrevendo. 

Desejo a todos que já acessaram esse blog um Feliz Natal com muita paz e harmonia. 

Obrigado,

Cesar Santos

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Guia Básico de Cinema Capítulo VI



Hoje volto ao tema de grandes diretores para apresentar o capítulo VI do Guia Básico de
Cinema. Escolhi um dos meus diretores favoritos, senão meu favorito: Stanley Kubrick.

Stanley Kubrick, apesar de ter tido uma carreira de quase 50 anos, realizou apenas 13 longas. Desses, já abordei  1 semana passada, quando falei de filmes dobre o Vietnã. Hoje vou abordar mais 5 filmes desse verdadeiro gênio da Sétima Arte, e ainda abordarei um 7º filme dele em outro post sobre um gênero específico.

Os 5 filmes de hoje são:


Glória Feita de Sangue – Paths of Glory (1957)

Esse filme enfoca a 1ª Guerra Mundial, quando, no período de guerra de trincheiras, um pelotão do exército francês se recusa a prosseguir em um ataque impossível contra as linhas alemãs e bate em retirada após tragédia.

Alguns soldados são condenados à morte por covardia, usados como bodes-expiatórios para encobrir o erro na ordem de um general. Seu comandante, Coronel Dax (Kirk Douglas), faz o possível e impossível para tentar livrar seus comandados de sua sentença, sendo acuado por questões políticas impostas por seus superiores e questões morais que o cobram em relação aos soldados.

Tem muita gente por aí que entende do assunto, que acha que Stanley Kubrick é um estrategista militar frustrado. Muitos de seus filmes abordam o tema da guerra magistralmente, porém sempre dando um enfoque diferente um do outro e em alguns casos, como Glória Feita de Sangue, com um fundo antibelicista. 

É um filme belíssimo. Toda obra de Kubrick é indispensável e obrigatória para qualquer fã de cinema.


Spartacus – Spartacus (1960)

Conta a história do homem que nasceu escravo, que se tornou gladiador e finalmente líder de um exercito de escravos que, inicialmente subestimado, infligiu a Roma enormes derrotas.

Esse é outro filme que tem a participação de Kirk Douglas como ator principal. Além dele, estão presentes Tony Curtis, Laurence Olivier e Jean Simmons. 

É um grande filme. Um épico a moda antiga, com grandes sequências. A cena da batalha final entre Spartacus e as legiões de Crasso é belíssima. Mais de 8.500 atores extras foram usados nas cenas de batalha entre os rebeldes e os romanos. Essa cena mostra com extrema fidelidade a maneira dos deslocamentos e formação das tropas romanas em campo de batalha.

Ganhou 4 Oscar.


Dr. Fantástico – Dr. Strangelove (1964)

Certamente um dos melhores, senão o melhor filme de Stanley Kubrick, também é de longe um dos mais inteligentes e satíricos de todos os tempos.

Conta a história de um general americano que enlouquece e lança um ataque nuclear contra a antiga União Soviética, usando para isso vários aviões bombardeiros.

O comando americano consegue chamar de volta todos os aviões menos um, que prossegue firme com suas ordens e pode deflagrar a 3ª Guerra Mundial.

Para tentar resolver a questão, é convocada uma reunião de emergência com todo o alto comando militar americano, bem como os presidentes dos Estados Unidos e União Soviética. Nessa reunião é introduzido o Dr. Fantástico (Peter Sellers) para tentar equacionar o problema.

O final do filme é desconcertante.

Algumas curiosidades:

- Peter Sellers interpreta de maneira magistral 3 personagens centrais na trama: o capitão britânico Mandrake, que tenta impedir o insano general americano de lançar o ataque, o presidente dos Estados Unidos Merkin Muffley e o cientista alemão totalmente desequilibrado Dr. Strangelove;

- Peter Sellers improvisou a maior parte de suas falas;

- Como pesquisa, Kubrick leu aproximadamente 50 livros sobre a guerra nuclear.


2001 – Uma Odisséia no Espaço – 2001 A Space Odissey (1968)

Baseado no homônimo de Arthur C. Clarke, 2001 nos leva em uma viagem fantástica desde a aurora do homem até a conquista do espaço por esse.

O filme é dividido em 4 partes: a referida Aurora do Homem, retratando o que seria um antepassado provável da espécie humana; AMT-1, uma missão secreta até a Lua; Missão Júpiter, onde alguns astronautas a bordo da nave Discovery One, controlada pelo supercomputador HAL-9000 tem por objetivo desvendar um fenômeno que ocorre no paneta; Júpiter e Além do Infinito, onde um dos tripulante da nave Discovery One, depois de chegar em Júpiter, é sugado por um túnel de luzes e imagens e cores incomuns por entre a vastidão do espaço.

O único elemento comum a todos os atos do filme é a presença de um misterioso monolito negro.

Para bom entendedor, os primeiros 20 minutos do filme explicam todo o processo evolutivo do homem até os dias de hoje. Como chegamos aqui e porque dessa maneira. Não sei se era essa a intenção do filme ou do livro, mas para mim é muito claro.

Outro ponto marcante do filme é a maneira extremamente simples e natural com que Kubrick realiza o maior corte da história do cinema - quando o macaco joga o osso para cima e esse sobe rodando - , avançando 4 milhões de anos em uma fração de segundo. Simplesmente fantástico.

O próprio Stanley Kubrick disse que 2001 era mais uma experiência do que um filme propriamente dito e que cada um deveria tirar suas próprias conclusões.

A disparada maioria das pessoas ao terminar de assistir 2001 ficará perplexa e certamente confusa. A opinião geral será a de não terem entendido absolutamente nada do filme. E estarão certos. O filme não é para ser entendido de primeira. 

Na realidade ele deve ser visto e revisto várias vezes para que se possa tirar algumas conclusões, já que ele levanta várias questões e não explica, explicitamente pelo menos, nenhuma.

Não é um filme fácil, podendo ser acusado de ser até hostil e antipúblico, mas é um clássico supremo e obrigatório. 


Laranja Mecânica – A Clockwork Orange (1971)

Outro filme de ficção científica de Kubrick, porém com um enfoque totalmente diferente de 2001. 

Esse filme narra a trajetória de Alex (Malcolm McDowell) um delinquente marginal líder de uma gangue de arruaceiros que tem como única atividade a ultraviolência, roubar e estuprar, até que Alex é preso e sentenciado a 14 anos de prisão por homicídio.

Para tentar reduzir sua pena, Alex se voluntaria para um programa do governo a fim de reduzir os índices de violência no país. Após o tratamento, Alex é incapaz de cometer qualquer ato de violência, mesmo que seja para se defender.

Laranja Mecânica foi proibido em vários países devido às suas cenas extremamente violentas e explícitas. Como ele também contém grande teor sexual, em determinados países, como o Japão, não foi proibido, mas censurado. 

- A linguagem (uma mistura de inglês, russo e gírias) usada no filme foi criada pelo autor do livro que inspirou Laranja Mecânica, Anthony Burgess;

- Laranja Mecânica foi proibido na Inglaterra pelo próprio Stanley Kubrick, devido a críticas de que o filme era muito violento. Kubrick disse que o filme só poderia ser exibido na Inglaterra após a sua morte;

- O nome do livro em que o escritor está trabalhando quando tem a sua casa invadida pela gangue de Alex, tem o mesmo nome do filme, A Clockwork Orange.

Embora hoje em dia Laranja Mecânica não tenha tanto impacto para quem o assiste, ainda assim é impressionante a indiferença e serenidade com que Alex e sua gangue cometem os atos mais indignos.

Filme excelente e perturbador. 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

No teatro ou no cinema... é sempre igual.




Tanto o título, como o conteúdo apresentado aqui são peças de ficção, sendo apenas baseados em fatos reais. Qualquer referência a pessoas ou lugares reais é mera coincidência.

Minha avó paterna tem 80 anos, mas apesar disso está muito bem de saúde e é muito ativa também. Faz várias atividades como pintura e canto. Sim, canto. Ela faz parte de um coral. Nesse caso não é um coral de idosos, é simplesmente um coral com pessoas de várias idades, entre elas, alguns idosos, como é o caso de minha avó. 

Pois bem, nesse último domingo, 16/12/12 houve uma apresentação do dito coral em comemoração ao aniversário de 10 anos do mesmo. Tal apresentação ocorreu no apertado teatro da Reitoria da UFPR. É um local tradicional e até simpático, mas é muito apertado. Na verdade o espaço do teatro em si é até bom para eventos pequenos, mas o espaço para circulação de pessoas entre as fileiras das poltronas é irrisório.
Enquanto eu aguardava o evento começar pude observar o comportamento das pessoas em volta e me ocorreu que nesses lugares existe um tipo específico de pessoa.

É nesse ambiente que você certamente vai encontrar nosso personagem de hoje, mas ele não deve ser colocado na relação de “Tipinhos Imprestáveis”, que venho apresentando semanalmente.

Não. É apenas, quem sabe, um pouco estúpido. Ou até mesmo sofre de um mal enorme nos dias de hoje: a total incapacidade de decidir.

Pode observar, quanto maior for o número de opções a que temos direito, maior nossa dificuldade de decidir. 

Voltando ao tema, nosso selecionado é aquele tipo de pessoa que todos já tivemos o desprazer de ter em nossa frente em alguma situação, tanto podendo ser em um teatro, cinema, show, restaurante, shopping Center etc. 

Ele é aquele sujeito que quando chega (vamos usar o exemplo de um teatro qualquer) no topo da escadaria ou rampa que dá acesso do saguão à plateia, simplesmente empaca ali mesmo procurando com uma expressão preocupada com os olhos semicerrados, um lugar para se sentar. Normalmente acompanhado de esposa ou namorada e às vezes até dos filhos, ele não faz a menor cerimônia em permanecer ali, imóvel, totalmente indiferente em relação à enorme aglomeração de pessoas que se produz em sua retaguarda.
Enquanto ele não achar o local ideal ou algum conhecido para ir pentelhar, ele não sai dali de jeito nenhum. 

Quanto maior o número de lugares disponíveis, mais confuso e inseguro ele se torna. Se acaso a casa já esteja lotada, ele vai onde achar e pronto, sem grandes exigências.

É aqui que começa o suplício de quem chegou antes e conseguiu se acomodar. 

Ele vem chegando com toda a turma e você imediatamente percebe que ele vai querer sentar-se em sua fileira de poltronas e justamente nas últimas disponíveis, localizadas na extremidade oposta a que ele se encontra. E lá vai ele, pisando nos pés das pessoas, e pedindo desculpas. Sua esposa vai também pisando simpaticamente nos outros e vez ou outra, acertando uma bolsada na cara de alguém mais incauto. 

Outra situação típica é aquela em que ele avista uma poltrona vazia no meio da fileira e outra na extremidade onde ele se encontra. Então, sem a menor cerimônia, ele pergunta para todos que já estão devidamente acomodados se “não dá para pular uma para lá?” para que ele possa se sentar com quem trouxe debaixo do braço.

Todos acomodados afinal. Que maravilha. Até que enfim um pouco de paz. Agora é só esperar pelo início.

Ledo engano. Lá do outro lado nosso herói ou algum filho que ele possa ter, descobre que está com muita vontade de ir ao banheiro. Logicamente que ele não poderia ter ido alguns minutos antes. 

E lá vem ele de novo, mas dessa vez arrastando um molequinho que passa esbarrando e pisoteando todo mundo. É uma alegria inominável, principalmente se você está ali para assistir alguma “movimentada e divertida” formatura. É um deleite.

Outro motivo para alegria e descontração é se ele encontra um amigo e pretende conversar no corredor entre as poltronas. É sensacional, ainda mais se o pessoal resolver conversar em pé bem ali na tua cara.
Bem, começa o que você foi assistir, ele simplesmente passa correndo por cima dos outros para se sentar.

Ah, paz, afinal. Tem certeza?!

Pode até ser, quem sabe até a próxima ida ao banheiro ou se descobrir que está com uma sede incontrolável que precisa ser aplacada com alguma coisa sendo vendida pelo triplo do preço de mercado.