Há uns tempos atrás li, em uma coluna do crítico de música do Régis Tadeu, um artigo seu bem interessante que falava dele mesmo e das críticas que faz e recebe. Isso me levou a algumas ponderações que gostaria de colocar aqui.
Primeiramente, para quem não conhece, Régis Tadeu é um crítico musical com uma coluna no Yahoo! e que já foi editor de revistas especializadas, bem como já participou de vários programas de TV. Goste-se ou não do estilo do cara ou do que ele escreve, uma coisa é inegável: Régis sabe o que diz e entende do assunto. O maior problema não é exatamente o que é dito ou escrito por ele, mas a maneira. Régis tem um estilo extremamente direto e sarcástico, que na maioria das vezes é considerado ofensivo. Eu, particularmente gosto desse estilo, mas muitas pessoas sensíveis se ofendem. Dou um exemplo para ilustrar. Digamos que você é fã do Luan Santana ou de sua cópia piorada, o Gusttavo Lima. Régis, assim como qualquer orangotango com meio cérebro, sabe que ambos são "artistas" pavorosos e que só demonstram o melancólico nível a que chegou a música brasileira que já teve momentos magníficos. Pois bem. Régis certamente afirmaria algo parecido com o que vai acima, mas iria ainda mais longe, dizendo, na sequência, que os fãs de tais artistas só podem sofrer de alguma espécie de demencia etc. e tal. Mesmo falando a verdade mais cristalina, Régis teria ofendido a vários dementes com essas afirmações.
Mas afinal de contas, por que falei tudo isso?
Simples. A parte de comentários na coluna do Régis é sempre movimentada. Na maioria das vezes é frequentada por pessoas que dizem odiá-lo e falam que ele só escreve besteiras.
Esse é o ponto que gostaria de chegar. Um dos argumentos mais utilizados pelos ofendidos de plantão é a desqualificação. Tais pessoas, como não tem um argumento válido, tentam desqualificar o colunista dizendo que na realidade Régis só fala mal desses (e outros) artistas porque na realidade é um músico frustrado. Para essa gente, todo crítico de música não passa de um músico que não deu certo e, portanto, destila sua raiva e recalque através de suas críticas. Pura besteira.
Régis, certamente farto de aturar argumento tão rasteiro, escreveu uma coluna na qual fala a esse respeito e conta de suas experiências musicais etc. Acho que ele dedicou tempo demais ao tema e se expôs desnecessriamente. Esse argumento do "todo crítico é um músico fracassado" é muito fraco, podendo ser respondido facilmente.
Mas, como disse incialmente, essa coluna me fez pensar no assunto, o que me levou a algumas reflexões:
1 - Realmente tem pessoas que se ofendem com qualquer coisa;
2 - A relação de alguns fãs com seus ídolos é muito interessante, pois alguns defendem com unhas e dentes uma pessoa que nem sabe de sua existência;
3 - Falar mal (discordar ou não gostar) de algo ou alguém que seja admirado por outra pessoa, na maioria das vezes, vai acabar ofendendo essa pessoa, mesmo que você seja amigo dela;
4 - As pessoas não conseguem aceitar o contraditório;
5 - Na falta de argumentos contrários válidos à uma opinião embasada, seu interlocutor, na maioria das vezes, vai tentar desqualificar e atacar a você pessoalemente e não sua opinião;
6 - O brasileiro, no geral é muito passional e burro. Tem que aprender que, como bem disse o saudoso Paulo Francis, crítica é crítica e não ofensa.
Se eu estivesse no lugar do Régis Tadeu, responderia aos ofendidos de plantão, perguntando se, um crítico de cinema também deve ser um ator ou diretor frustrado, se um crítico de arte é um pintor ou escultor fracassado, se um crítico literário não passa de um escritor que não deu certo e assim por diante. Ou tal linha de argumentação só vale para os críticos de música? Pensem nisso.
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