Joy Division – Unknown Pleasures (1979)
Embora tenha sido formado durante
o movimento punk, o Joy Division pode ser considerado como a primeira banda do
pós-punk. Embora a sonoridade seja inspirada no punk-rock, suas características
são diferentes, tanto em termos musicais menos agressivos como contendo letras com menos revolta e raiva, mas com maior expressão e sentimento. O nome
Joy Division vem de um termo utilizado para se designar unidades nos campos de concentração
na 2ª Guerra, onde prisioneiras eram usadas como prostitutas para soldados
nazistas.
Fortemente centrado na figura de
seu vocalista Ian Curtis, O Joy Division duraria apenas 3 anos e lançaria 2
discos, hoje considerados clássicos. Curtis sofria de crises epiléticas
fortíssimas, o que, juntamente com o ambiente em que cresceu, reflete-se
claramente em suas letras melancólicas e sombrias. Sua doença foi o que o levou
a cometer suicídio em 18 de maio de 1980, 2 dias antes de a banda embarcar para
sua 1ª turnê nos EUA. Conforme o combinado entre os membros (que caso algum dos
membros deixasse a banda por qualquer motivo), nesse mesmo dia o Joy Division
deixaria de existir. Os membros remanescentes formariam o New Order, outro
grupo de grande sucesso nos anos 80. A história de Ian Curtis e do Joy Division
pode ser conhecida em detalhes no excelente filme Control de 2007.
Unknow Pleasures é ótimo disco de
estreia dessa grande banda e resume perfeitamente tudo sobre ela e sobre o novo
rumo musical que se tornaria dominante durante boa parte dos anos 80, o New
Wave. O disco inteiro é um monumento à
paixão, energia e desespero. Recomendo a todos de mente aberta.
Músicas-chave: Day of the Lords, New Dawn Fades, She's Lost Control e Shadowplay.
The Cure – Boys Don’t
Cry (1980)
Outra banda surgida durante a
explosão do punk, o The Cure, foi também uma banda do pós-punk/new wave, porém
diferentemente de tantas outras que surgiram nessa época, é um dos mais
longevos, mantendo-se em atividade até os dias de hoje. Formado pelos amigos de
infância Robert Smith (vocais e guitarra) e Michael Dempsey (baixo) e Laurence
Tolhurst (bateria). No começo perseguiram sombrias letras pseudo-literais, como
Killing na Arab, inspirada na obra The Stranger do escritor Albert Camus. Depois de Three Imaginary
Boys, seu trabalho de estreia, Dempsey deixou a banda e foi substituído por
Simon Gallup. Foi adicionado também o tecladista Mathieu Hartley, o que
expandiu muito as possibilidades sonoras da banda.
É desse período o 2º disco dos
caras, Boys Don’t Cry. Ainda fortemente ligado à primeira fase da banda, mas já
mais encorpado e maduro em relação à Three Imaginary Boys. Ao contrário do
disco de estreia, aqui são incluídos alguns singles. Foi também o trabalho do
The Cure que começou a dar uma projeção maior à banda, principalmente nos EUA. Melhor
trabalho para começar a conhecer o The Cure.
Músicas-chave: Boys Don't Cry, 10:15 Saturday Night, Jumping Someone Else's Train e Killing an Arab.
O Echo and the Bunnymen, é, assim
como o The Cure um dos poucos grupos que sobreviveram aos anos 80 e chegaram
inteiros até aqui. Surgido em 77, na Inglaterra, trilharam o mesmo caminho de
seus pares. Pulando o punk, mas entrando de cabeça no New Wave. Seu primeiro
trabalho, Crocodiles, atingiu o TOP 40 dos charts britânicos.
Ocean Rain é o 4º disco dos caras
e pode ser considerado praticamente um álbum perfeito. Todas as músicas são
ótimas. Tanto é que chegou ao TOP 10 das paradas britânicas. É seu trabalho
mais consistente também, com a banda deixando de lado o experimentalismo que
tentou em Porcupine, seu disco anterior e voltando ao básico da banda. Foi também
um disco muito elogiado pela crítica na época. The Killing Moon continua sendo
seu ponto máximo. É um disco sensacional.
Músicas-chave: Silver, Nocturnal Me, The Killing Moon, e Ocean Rain.
Durou pouco. Apenas 5 anos e com
apenas 5 discos lançados, sendo 4 de estúdio e 1 ao vivo, mas a importância dos
Smiths não pode ser resumida a números. Foi certamente a banda indie definitiva
da Inglaterra dos anos 80. Marcou também a transição do New Wave baseado em
sintetizadores para o rock com guitarra novamente (estamos focados no pop/rock
aqui, deixando de lado o Heavy Metal que sempre foi um capítulo a parte). As personalidades
antagônicas de seus 2 líderes foi fundamental para a sonoridade única do The
Smiths, mas também fundamental para o término precipitado da banda. Enquanto o
guitarrista Johnny Marr era um roqueiro a moda antiga, uma versão elegante de
Keith Richrds, o carismático vocalista Morrissey, rompeu com a tradição
roqueira e era praticamente um crooner.
The Queen is Dead é o 3º disco do
The Smiths e considerado por muitos como um dos melhores e mais importantes
discos de todos os tempos. A verdade é que é realmente um trabalho excelente,
dessa grande banda. Por outro lado, todos seus discos são ótimos. No caso
específico do The Smiths, a escolha foi puramente por gosto pessoal, sendo que
qualquer um dos discos de estúdio poderiam ter sido comentados. Além disso, The
Queen is Dead, tem grande variação de temas e tons. É um disco sensacional de
uma das minhas bandas favoritas, provando que, ao contrário do que algumas
pessoas pensam, posso ser bem eclético. Evidentemente que o grupo não faz um
rock no sentido convencional, mas mesmo assim merece uma audição mais cuidada,
mesmo por aqueles que desprezam os anos 80.
Músicas-chave: Bigmouth Strikes Again, The Boy With the Thorn in His Side e There is a Light That Never Goes Out.
O U2 foi um dos principais e mais
importantes nomes do pop/rock dos anos 80. Eram cruzados do rock em uma época
dominada por sintetizadores e Heavy Metal. Algo que pode dar margem a criticas
em relação ao U2, fora a parte musical, é seu engajamento chato em questões
políticas e religiosas, principalmente de seu líder e vocalista, Bono Vox. O problema
que as causas de hoje são o tédio de amanhã. Fora isso seu trabalho é
extremamente sólido e consistente até os dias de hoje, embora eu,
particularmente, os considere como uma das bandas mais superestimadas de todos
os tempos. Mas certamente marcaram seu nome na história do rock e tem grande importância.
Seus primeiros trabalhos são muito
bons, mantendo o nível de qualidade praticamente constante, mas foi em Joshua
Tree que eles atingiram a maturidade musical. Foi aqui que alcançaram a
condição se superstars da música, sendo também seu primeiro disco a alcançar o
número 1 nas paradas americanas e o 3º em sequência a chegar ao número 1 na
Inglaterra. Para nossa sorte, The Joshua Tree não fala em política, mas tenta
encontrar esperança em meio ao desespero. É muito interessante que tenham se
tornado superstars com um disco tão sombrio e pesado. É um disco muito bom, que certamente pode ser
considerado como clássico indispensável em qualquer coleção que se preze.
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