Entrando na reta final do Guia Básico de Cinema (faltam apenas 20 filmes), trago hoje um gênero que já foi grandioso, mas que anda meio em baixa hoje em dia, com produções bem abaixo daquelas do passado. Falo dos filmes épicos, que marcaram principalmente os anos 50 e 60. Não estranhe, mas dos 5 filmes de hoje, 3 são com Charlton Heston.
Vamos a eles:
Quo Vadis - Quo Vadis (Mervyn LeRoy - 1951)
Após
três anos em campanha, o general Marcus Vinicius (Robert Taylor)
retorna à Roma e encontra Lygia (Deborah Kerr), por quem se apaixona.
Ela é uma cristã e não quer nenhum envolvimento com um romano, mas,
apesar de ter sido criada como romana, Lygia é a filha adotiva de um
general aposentado e, teoricamente, uma refém de Roma. Marcus procura o
imperador Nero (Peter Ustinov) para que ela lhe seja dada pelos serviços
que ele fez. Lygia se ressente, mas de alguma forma se apaixona por
Marcus. Enquanto isso a loucura de Nero cresce e suas atrocidades são cada vez mais
ultrajantes. Quando ele decide realizar sua maior obra, coloca fogo em Roma, mas culpa os cristãos quando as coisas saem ao controle. Marcus corre para salvar
Lygia e a família dela, enquanto Nero captura os todos os cristãos e os atira aos
leões no Circus Maximus de Roma.
Filme espetacular, com sequências de tirar o fôlego, como a que Ursus, o protetor de Lygia, luta por ela com um touro no Circo romano. Mas quem rouba o filme é o espetacular Peter Ustinov, interpretando de maneira magistral o demente imperador Nero. Ao mesmo tempo em que Nero decide queimar Roma interira para realizar sua grande obra, ele pretende ser um artista de grande sensibilidade. Genial.
Algumas curiosidades:
- Quo Vadis teve uma preparação de 12 anos antes de começar a ser rodado, em 1949;
- Inicialmente seria interpretado por Gregory Peck como Marcus Vinicius e Elizabeth Taylor como Lygia e seria dirigido por John Huston;
- Baseado na obra de Henryk Sienkiewicz, teve, além dessa que é a mais famosa, outras 5 versões feitas para cinema entre 1902 e 2001;
- Tirando essa versão de 1951, em todas as outras foi respeitada a trama original do livro, na sequência da luta de Ursus contra o touro. No livro, Lygia está amarrada ao touro, o que torna a tarefa de Ursus muito mais difícil. Nessa versão, ela permanece amarrada em um poste, enquanto Ursus luta com o animal.
Os Dez Mandamentos - The Ten Commandments (Cecil B. DeMIlle - 1956)
Os Dez Mandamentos nos trás a história romanceada de Moisés, desde que foi achado dentro de um cesto no rio Nilo e criado por uma princesa egípcia, até a descoberta de quem era realmente e sua missão. Moisés (Charton Heston), foi colocado em um cesto e despachado pelo Nilo. Ele é achado por Bitiah (Nina Foch), irmã do faraó. Moisés é criado como irmão do faraó (Yul Brynner). O faraó tem ciúmes de Moisés e, depois de várias conspirações, descobre a origem deste. Moisés é banido, porém, alguns anos mais tarde, tem revelada sua missão no monte Sinai, devendo voltar ao Egito e libertar seu povo da escravidão.
- Na Bíblia, o faraó da épóca de Moisés não recebe nome. No filme e segundo alguns historiadores, tal faraó se trataria de Ramsés II;
- Os Dez Mandamentos foi uma refilmagem de um filme homônimo, dirigido pelo próprio Cecil B. DeMille em 1923, sendo portanto um filme mudo;
- Foi esse filme que abriu as portas dos épicos para Charlton Heston, então um jovem promissor com 30 anos, que filmaria mais tarde os clássicos Ben Hur e El Cid;
- O filme consumiu tanto da energia do diretor que esse chegou a ter um ataque cardíaco durante as filmagens, tendo que se ausentar forçosamente, voltanto depois de alguns dias, contrariando ordens médicas;
- A cena das águas do Mar Vermelho se abrindo ainda é uma das mais famosas e impressionantes da história do cinema
Ben Hur - Ben Hur (William Wyler - 1959)
Ben Hur narra a trajetória do príncipe semita e rico mercador Judah Ben Hur (Charlton Heston), que é acusado de atentar contra a vida do um governador romano em Jerusalém. O acusador é seu ex-amigo de infância e agora oficial romano Messala (Stephen Boyd). Ben Hur é preso e enviado às galés romanas como escravo. Sua sorte muda quando salva um cônsul romano de um ataque de piratas no Mediterrâneo. É adotado como filho e herdeiro do cônsul e quando este morre, volta para procurar por sua mãe e irmã e para buscar vingança contra Messala.
Ben Hur é um filme maravilhoso e espetáculo para os olhos. É incrivelmente bem feito. Em uma época em que os efeitos especiais não tinham recursos eletrônicos, tudo era feito literalmente "no braço". A sequência da corrida de quadrigas é a mais impressionante que já vi em toda minha vida. É magnífica.
Curiosidades:
- O Ben Hur de 1959 foi a 3ª versão para cinema da obra de Lewis Wallace, publicada em 1880;
- Wallace foi um general americano que participou da guerra de anexação do Texas e mais tarde da Guerra Civil Americana. Ateu convicto, Wallace passou 6 anos pesquisando e desejava escrever um livro provando que Jesus Cristo nunca havia existido. Ao final de suas pesquisas não só estava totalmente convencido de sua existência, como se tornou cristão convicto e escreveu a narrativa de Ben Hur, que segue sua trajetória e acaba tendo um encontro com Jesus;
- Foi o 1º filme a ganhar 11 Oscars, mantendo o recorde por quase 40 anos e, apesar da estória de Ben Hur já ser conhecida por conta dos filmes anteriores, seu enorme sucesso salvou o estúdio MGM da falência;
- Ben Hur é tão grandioso que ao final, sua produção consumiu 3.000 cenários, que ocuparam uma área de 5.999 quilômetros quadrados;
- Para a cena das quadrigas, foram importados 78 cavalos da então Iuguslávia, sendo que sua filmagem em 94 dias, representou 1/3 do total da produção do filme como um todo, para uma sequência de pouco mais de 20 minutos.
El Cid - El Cid (Anthony Mann - 1961)
A trajetória de Rodrigo Diaz de Bivar, mais conhecido como El Cid
(Charlton Heston), herói espanhol do século XI que uniu os católicos e
os mouros do seu país para lutar contra um inimigo comum: o emir almorávida Ben
Yussuf (Herbert Lom). Esta longa jornada começou quando Rodrigo, um
súdito do rei Ferdinand de Castella, Leão e Astúrias (Ralph Truman),
liberta cinco emires que eram prisioneiros dele e por causa deste ato é
acusado de traição. Don Ordóñez (Ralf Vallone) o acusa inicialmente, mas
na corte é o Conde Gormaz de Oviedo (Andrew Cruickshank) quem acusa
duramente Rodrigo e humilha Don Diego (Michael Hordern), o pai de
Rodrigo. Estes acontecimentos acabam provocando um duelo de Rodrigo com o
Conde Gormaz, o campeão do rei. Rodrigo o mata, mas acontece que Gormaz
também era pai de Jimena (Sophia Loren), a mulher que Rodrigo amava e
com quem ele pensava em se casar. Mas, em virtude do acontecido, ela
passa então a odiar (ou pensa, que odeia) Rodrigo, seu antigo amor.
Aproveitando este momento conturbado Ramiro, rei de Aragão, exige a
posse da cidade de Calahorra e sugere que ela seja disputada entre os
paladinos de cada reino em uma luta até a morte. Então Rodrigo se
apresenta para duelar pelo seu rei, pois ele tinha matado Gormaz, o
antigo paladino, e se Rodrigo vencesse o combate contra Don Martin
(Christopher Rhodes), que já tinha matado vinte e sete homens em
combates corporais, seria perdoado pelo rei.
Algumas opiniões são controversas em relação ao El Cid real. Enquanto uns dizem que ele foi um verdadeiro herói que uniu a Espanha contra invasores mouros, outros sustentam que ele era na realidade um mercenário com um exército poderoso que lutou por quem pagou melhor.
A mesma dualidade se dá em relação ao período em que se tornou senhor de Valência, quando, segundo alguns ele foi um governante justo e equilibrado, outorgando à cidade um estatuto de justiça, implantando a religião cristã, ao mesmo tempo em que reconstruiu a mesquita dos muçulmanos. Outros, porém, o descrevem como alguém que mandou torturar e queimar vivo seu antigo governante, Ben Yahhaf, pois esse teria sido responsável pela morte de Al-Cadir, amigo de El Cid.
Seja como for, fica a lenda em torno desse grande guerreiro conquistador, que foi transportada de maneira sensacional para o cinema, apresentando Charlton Heston em uma de suas melhores atuações e Sophia Loren no auge de sua beleza.
Cleopatra - Cleopatra (Joseph L. Mankiewicz - 1963)
O filme narra a ascensão e queda da última rainha do Egito e sua luta para defender seu país do domínio de Roma. O 1º desafio de Cleopatra (Elizabeth Taylor) se encontra no próprio Egito, na figura de seu irmão Ptolomeu XIII, que é regente juntamente com a irmã mais velha, mas quer governar sozinho. Cleopatra conta com a ajuda de Julio Cesar (Rex Harrison) que está em campanha no Egito e resolve a questão em nome de Cleopatra, agora sua amante. Ela e Julio Cesar tem um filho, Cesario. Cleopatra entende que agora está tranquila, porém o assassinato de Cesar a coloca em perigo novamente. Agora Cleopatra se torna amante de Marco Antônio (Richard Burton), mas sua guerra com Otávio (Roddy McDowall), sobrinho e herdeiro de Julio Cesar pode colocar um fim em seus planos de governar com independência o Egito e controlar as rotas no Mediterrâneo.
- Cleopatra foi o 2º filme mais caro da história do cinema - só perdendo para a fantasia abobalhada Avatar - custando à época U$ 44 milhões. Em valores atualizados para 2005, o valor seria de U$ 286 milhões.
- Apesar de ter recuperado o investimento, o filme foi considerado um fracasso de bilheteria, quase levando à falência a 20th Century Fox, que produziu o longa.
- Esse foi o 1º de 11 filmes em que Elizabeth Taylor e Richard Burton atuaram juntos.
- Elizabeth Taylor foi a 1ª atriz a receber U$ 1 milhão por sua atuação. O recorde até então era de Audrey Hepburn com U$ 750 mil por Bonequinha de Luxo.
- Durante as filmagens, Elizabeth Taylor trocou de figurino 65 vezes, um recorde que só foi batido mais de 35 anos depois pelo filme Evita, onde Madonna troca de roupa 85 vezes.
Foi o vencedor do Oscar em 4 categorias.
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