Retorno litoral-Curitiba BR-376. Fonte portal Gazeta do Povo |
Palavras mágicas para maioria dos brasileiros: feriado
prolongado.
Que prazer. Relaxar, viajar com a família ou os amigos,
pegar uma praia, visitar os parentes no interior. Oh vidão...!
Será mesmo?!
Na última quarta-feira 14/11/2012 leio em algum portal de
notícias que 1.8 milhão de carros deixavam a capital paulista rumo ao litoral e
interior.
Que absurdo. É muita gente.
Em Curitiba, a expectativa era de que quase 100 mil carros
rumassem para o litoral.
Descobri que as pessoas em geral e a classe média
especificamente (sim, pois é ela que só pode viajar em feriados prolongados),
tem uma relação de amor e ódio com os feriados.
Pode apostar. Pense um pouco e você verá que tenho razão.
Imagine a cena: Vem chegando o feriado e o pessoal já começa
a ficar animado, faz planos, checa a previsão do tempo, junta todo mundo, faz
as malas, enche o tanque, calibra os pneus, completa o óleo, separa o dinheiro
do pedágio e pé na estrada.
E aí, nada. A primeira frustração já mostra sua cara logo de
saída. O Trânsito. Congestionamento desgraçado para sair da cidade (claro, já
que todo mundo teve a brilhante ideia de aproveitar ao máximo cada minuto e,
portanto, precisa sair logo após o término do expediente às 18h00min). Aqui
começa o inferno!
Assim que você alcança a estrada, adivinhe. Isso mesmo, mais
fila e congestionamento. Provavelmente algum acidente. E assim você prossegue
alegremente sua jornada rumo ao litoral. De acidente em acidente, de pedágio em
pedágio e novamente de acidente em acidente, até chegar ao seu destino. Não
vamos nos esquecer, é claro, que toda viagem que se preze, feita em feriados
prolongados, costuma levar de 3 a 4 vezes mais tempo do que o normal.
Quando você finalmente chega à praia, surpresa. Mais
engarrafamento, pois litoral bom mesmo é aquele sem estrutura para comportar
todo o enorme movimento extra que os maravilhosos feriados produzem.
Daí para frente você já sabe. É fila para tudo. Começa dentro
de casa mesmo, para usar o banheiro, passando pela panificadora (nesse caso são
duas filas, uma para comprar e outra para pagar), no supermercado, no
restaurante (aqui, além da fila para entrar e sentar existe uma gostosa espera
em ser atendido e servido), etc. Isso sem contar o agradabilíssimo exercício de
tentar conseguir uma vaga para estacionar. Uma aventura muito divertida.
Se você for uma pessoa de muita sorte vai receber ainda a
inesperada e sempre prazerosa visita do seu cunhado. E ele nunca vem sozinho,
claro. Traz todo mundo com ele, até os amigos dos filhos. Agora sim a folia
está completa. Para te alegrar ele vai consumir todos os alimentos e bebidas
que você conseguiu comprar depois de diversas horas agradáveis no supermercado.
Por falar nisso, é sempre bem vinda a ajuda do cunhado na hora das compras,
pois ele, além de escolher até o iogurte favorito da filha, na hora de ir ao
caixa, vai lembrar de algo que “esqueceu” de procurar e te encontra lá fora,
dali a pouco. Muito legal. Não tem como não gostar do sujeito.
Outro fator muito bacana, que vem abrilhantar sua estada na
praia no feriado, são os simpáticos grupos de jovens, sempre consumindo doses
cavalares de cerveja ou outra bebida alcoólica de menor valor e qualidade, que
conseguem comprar. Constantemente molestando as meninas que passam por perto e ouvindo
os piores exemplares de sertanejo (universitário), pagode, axé ou funk, ou
seja, o pior lixo que nossa cultura conseguiu produzir. É realmente um enorme
prazer ver uma juventude tão bonita, alegre, saudável e com bons hábitos.
Isso tudo me faz refletir. Se esse cara sabe que vai
enfrentar tudo isso, se sabe que só vai se incomodar e se irritar, por que
diabos passar por isso toda vez?
Pensei muito a respeito e só posso chegar a uma explicação. É
a tal relação de amor e ódio que citei anteriormente. Se nosso herói da classe
media não aproveitar seu feriado, ele estará sendo passado para trás por ele
mesmo. E isso ele não vai admitir em hipótese alguma. Imagine ficar em sua
casa, com a cidade vazia, claro, já que vários como ele viajaram, e ter um
pouco de sossego. Totalmente inadmissível. Como vai poder reclamar depois?
Tudo bem, ele que sabe, mas sem esquecer de que na volta vai
ter que enfrentar todos os congestionamentos, um por um, novamente.
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