Leio na edição de VEJA dessa semana (2297 de 28/11/12) que uma
marca de relógios suíça chamada HD3 está lançando um relógio que promete ser
revolucionário, pois pretende alinhar os mundos das complexidades mecânicas,
tecnologia de ponta e design futurista.
O modelo é chamado Slyde e usa tecnologia touch screen, para
acessar suas funções. Cada tela, corresponde a uma função específica.
Na referida reportagem, é feita uma correspondência com um
modelo Patek Philippe fases da lua, como sendo o avô do HD3, ou seja, o “velho e
ultrapassado”.
Isso só pode ser piada.
É impressionante a falta de conhecimento que as pessoas têm
a respeito do assunto. Tudo bem, esse é realmente um assunto muito restrito e
que não interessa a quase ninguém, mas pelo menos quem fez a reportagem deveria
ter pesquisado um pouco para não misturar duas coisas que são absolutamente
incomparáveis.
Como já havia dito em outro post a respeito de relógios,
complicação relojoeira é toda função que o relógio apresenta a mais, que a simples
marcação de horas e minutos.
Acontece que isso só se aplica e só faz sentido em relógios
de alta complexidade, mecânicos ou automáticos, e não a relógios com sistemas eletrônicos.
Qualquer relógio digital ordinário tem um monte de funções e não é chamado de
complicado por causa disso.
Pelo que percebi, esse fabricante tem a pretensão de
revolucionar o conceito, aplicando funções existentes até então em relógios
mecânicos/automáticos com centenas de engrenagens, a um modelo digital
eletrônico.
Veja as imagens abaixo:
HD3 Slyder Hour |
HD3 Slyder Moon Phase |
HD3 Slyder Date |
HD3 Slyder Cronograph |
Como dá para perceber nesses exemplos, ele explora (entre outras) as funções, além da marcação de horas e data, cronógrafo e fases da lua, ambas típicas de relógios complicados.
Agora veja o modelo Patek citado:
Patek Philippe mod. 5204 frente e verso |
Olhe a diferença. Imagine a complexidade de um mecanismo
como esse e o trabalho para ser desenvolvido e produzido. Sem contar que os
Patek Philippe são montados artesanalmente. Esse modelo mostrado aqui é um fases da lua, clendário perpétuo, cronógrafo e função rattrapante (executa duas contagens de tempo que começam simultaneamente, mas com durações diferentes).
Olhe novamente para o HD3 e veja se existe qualquer
comparação possível e imaginável entre os dois. Sem contar que parece um
Cassio!
E tem mais. Me diga se você consegue enxergar alguém além de
rappers americanos usando isso?
Nem o tão falado design futurista é muito original. Observe esse
modelo Richard Mille abaixo e me diga se não há uma nítida inspiração.
Richard Mille mod. RM 017 |
Outra total falta de critério da revista ao tentar fazer uma
correspondência entre os modelos apresentados, foi a discrepância de valores
entre eles.
O HD3 Slyder custa em torno de U$ 8.000,00. E o Patek custa
aproximadamente U$ 230.000,00.
Mas a questão aqui não são os preços.
Entendo que é um nicho a ser explorado e que certamente
terão otários de sobra dispostos a desembolsar esse tipo de dinheiro em algo
absolutamente duvidoso.
Agora, se for para gastar U$ 8.000,00 em um relógio, então
compre um Rolex. Esse com certeza ninguém vai achar que é um Cassio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário