Hoje é sexta-feira, final de
semana se aproximando e eu escrevendo. Isso quer dizer que você já sabe o que
vai acontecer certo?
Bem, é claro que você sabe,
afinal não é cego e leu o título da postagem aí em cima. Como tenho feito há 4
sextas, hoje é dia de post sobre cinema. Continuando meu Guia Básico de 100
filmes, vou abordar 5 filmes muito importantes, e esses tenho certeza que se
encontram em qualquer lista dos 100 maiores ou melhores de todos os tempos.
Já adianto que vai ficar bem
heterogênea, mas em algum momento eu teria que abordar essas obras.
Só vou fazer agora porque minha
esposa me encheu muito para falar do 1º dos 5 filmes de hoje.
São eles:
E o Vento Levou – Gone
With the Wind (George Cukor/Victor Fleming 1939)
Clássico supremo e o filme favorito
de muita gente.
Baseado no livro homônimo de Margaret
Mitchell é ambientado no sul dos Estados Unidos (Georgia) e tem como pano de
fundo a Guerra da Secessão (1861-1865) e suas consequências para os sulistas.
A estória gira basicamente em
torno de 4 personagens: a mimada filha da aristocracia sulista Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), o aventureiro
galanteador Rhett Butler (Clark Gable), a bondosa e compreensiva Melanie Wilkes
(Olivia de Havilland) e seu marido e paixão adolescente de Scarlett, o insosso e
bobalhão Ashley Wilkes (Leslie Howard).
O filme conta como uma menina
mimada e insuportável tem que se moldar em uma mulher forte e obstinada devido
às constantes dificuldades e transformações que sua vida atravessa devido aos
horrores da guerra e suas dramáticas consequências.
Para isso ela vai precisar de
toda sua força e perspicácia para contornar as adversidades, fazendo todo o necessário
para cuidar dela e de sua família, e ainda por cima conseguir conciliar suas
paixões por Ashley e Rhett.
Para quem não assistiu o filme,
não se engane. Não é um dramalhão ou romance açucarado. Nada poderia estar mais
longe da realidade, pois é um filme fantástico, sem palhaçada alguma.
Na primeira parte mostra o
desenrolar da guerra e a prosperidade sulista, retratando o sul como uma terra
de cavalheiros educados e doces donzelas.
Na segunda parte do filme, o pós
guerra se apresenta com destruição, pobreza e fome, retratando os Ianques e os ex-escravos
sulistas como abutres aproveitadores da desgraça alheia.
Ele tem também algumas das cenas
mais memoráveis do cinema, sem contar com os diálogos sensacionais. O último
deve ser o melhor de todos os tempos.
Algumas curiosidades sobre o
filme:
Embora seja creditada a direção a
Victor Fleming (o mesmo de O Mágico de Oz), ele dirigiu apenas 45% do filme. O diretor
que iniciou o trabalho foi George Cukor, que foi demitido por pressão de Clark
Gable, pois Cukor o deixava intimidado;
A atriz Vivien Leigh, que
interpreta a sulista Scarlett O’Hara, era na verdade de origem inglesa (nascida
na India, colônia da Inglaterra até 1947), e era casada com o ator inglês Laurence
Olivier (considerado por muitos que entendem mesmo do assunto como um dos,
senão o maior, ator de todos os tempos);
A atriz Hattie McDaniel, que
interpretou a carismática empregada Mammy da fazenda Tara, foi a primeira negra
a ganhar um Oscar (melhor atriz coadjuvante), e foi também a primeira negra a
participar da cerimônia de premiação do Oscar como convidada;
E o Vento Levou foi premiado com
10 Oscar, empatando com Amor Sublime Amor (West Side Story ) e ficando atrás de
Bem-Hur, Titanic (Argh!) e O Retorno do Rei, cada um com 11 Oscar;
E o Vento Levou é também o 2º
filme de exibição em circuito cinematográfico mais longo da história do cinema
com 238 minutos, perdendo apenas para Cleópatra com 243.
Cidadão Kane – Citzen
Kane (Orson Wells 1941)
Ironicamente, o filme que consagrou
foi o mesmo que praticamente destruiu a carreira de Orson Wells.
Até muito recentemente Cidadão
Kane encabeçava todas as listas dos maiores filmes de todos os tempos. Isso até
alguns meses atrás, quando, em nova votação foi superado por Um Corpo que Cai (Vertigo)
de Alfred Hitchcock, o que para mim é um completo absurdo, visto que, no meu
entender o próprio Hitchcock tem filmes melhores que Um Corpo que Cai.
Cidadão Kane conta a história de
Charles Foster Kane, que parece ter sido inspirada claramente na história de
William Randolph Hearst, magnata da imprensa e dono de várias publicações
conhecidas como The New York Journal e a revista Cosmopolitan. Esse fato ajudou
com que Welles nunca mais fosse contratado como diretor por um grande estúdio.
No filme, Kane é um menino pobre
que se torna um magnata das comunicações. Sua história é contada em flashbacks,
já que um repórter entrevista várias pessoas importantes na vida de Kane para
tentar descobrir o significado da última palavra que Kane pronuncia antes de
morrer: Rosebud.
Porém, nenhuma dessas pessoas que
conviveram de maneira tão próxima a Kane tem a menor ideia do que ele quis
dizer com Rosebud.
Esse é um filme muito
interessante e também muito inovador no sentido de técnicas de filmagem porque
nunca tinham sido usadas até então. Entendo que esse é um dos motivos que
fizeram a fama de Cidadão Kane.
A estória é muito boa também e a
maneira como foi contada, em flashbacks, não era muito comum na época.
É um filme obrigatório para
qualquer um que queira entender minimamente de cinema.
Ah, só um detalhe. Você vai ter
que assistir o filme até o fim para saber o que ou quem é Rosebud, pois
o mistério só é revelado no último take da última cena do filme.
O Encouraçado
Potemkin – Bronenosets Potyomkin (Sergei Eisenstein 1925)
Muitos críticos se dividem entre O Encouraçado Potemkin e
Cidadão Kane ao afirmar qual era o maior de todos os tempos.
Parece inacreditável que um filme de quase 100 anos atrás, e
mudo ainda por cima, tenha tamanho prestígio. Mas o fato é que tem mesmo e também
méritos para isso, não lhe faltam.
Concebido como filme de propaganda revolucionária comunista
(sem ser panfletário), baseado em fatos reais, foi feito para comemorar a
revolução de 1905 (a revolta dos marinheiros no porto de Odessa) onde os marinheiros
de um navio do czar – o Potemkin - se
amotinaram depois de serem obrigados a comer carne em avançado estado de
putrefação, entre outros tantos mal tratos sofridos.
Após tomarem o controle do navio, os marinheiros rumam para
a cidade portuária de Odessa, onde a população apoia a revolta.
Esse também é um filme com duas realidades bem definidas. No
início cenas de alegria com muita luz que são substituídas por cenas chocantes
de extrema violência.
A guarda do czar esmaga com violência desmedida a revolta, o
que culmina na antológica cena da escadaria do porto de Odessa, que é
bombardeada pelo Potemkin, assim que os marinheiros avistam o que acontece na
cidade.
É realmente um filme impressionante onde Eisenstien, um
precursor dos efeitos especiais, usou vários contrastes e técnicas de corte e
montagem, usados ainda hoje, principalmente em filmes experimentais.
Diria que hoje, por ser tão antigo e mudo, é um filme
indicado apenas para quem gosta muito de cinema ou quer ir a fundo no assunto.
M, O Vampiro de Dusseldorf – M (Fritz Lang 1931)
Considerado o 1º grande filme da
cinemateca alemã e também um dos primeiros falados, M, O Vampiro de Dusseldorf
conta a estória de um infanticida que está aterrorizando a cidade.
A busca do assassino por parte da
polícia é tão intensa e ostensiva que até a criminalidade local começa a caçar
o bandido, pois seus negócios estão sendo muito prejudicados.
Por fim o assassino cai nas mãos
dos criminosos que formam então um tribunal para julgá-lo e executar a
sentença. Aqui, a ironia de um assassino sendo julgado por outros assassinos.
O filme foi baseado em um caso
verídico do serial killer Peter Kuerten, na mesma cidade de Dusseldorf. O assassino
real porém não matava crianças.
O diretor Fritz Lang utilizou
muito bem um jogo de sombras e escuridão, mesclado com personagens misteriosos
para criar um clima aterrorizante.
Outra coisa interessante é que
descobrimos o culpado apenas na segunda metade do filme.
A cena do julgamento do facínora
é magistral. A interpretação soberba de Peter Lorre como o assassino é
magnífica.
Imagine que mais de 8 décadas
depois, M, O Vampiro de Duisseldorf, ainda continua impressionante.
Lawrence da Arábia – Lawrence of Arabia (David Lean 1962)
Ganhador de 7 Oscar, Lawrence da
Arábia conta a história, baseada na biografia de T.E. Lawrence Os Sete Pilares
da Sabedoria.
Durante a 1ª Guerra Mundial,
Lawrence (Peter O’Toole), um jovem tenente do exército britânico estacionado no
Cairo, é designado como oficial de ligação na península arábica, entre os
rebeldes árabes e o exército britânico, que lutava contra os turcos.
Uma coisa muito interessante
nesse grande filme é que a personalidade enigmática e a excentricidade de
Lawrence vão fazendo com que ele pouco a pouco vá sendo envolvido nos costumes
e na causa das tribos árabes, chegando a vestir-se e viver como beduíno, tendo
sob seu comando um enorme exército formado por integrantes de tribos rivais,
mas que lutavam por ele.
A história é fantástica e a
fotografia é belíssima. A longa tomada de quando Lawrence está no meio do
deserto esperando seu guia é magnífica. Praticamente não se fazem mais long
shots hoje em dia no cinema.
Outra cena marcante é quando ele tira
suas roupas de beduíno, que se acostumou a usar, e se depara em frente a um
espelho com toda sua brancura anglo-saxônica, relembrando quem é na verdade.
Sem contar questões morais
complexas que vão aparecendo no decorrer do filme, como a que ele deve decidir
sobre a vida ou morte de um homem a quem havia salvado a vida anteriormente.
Enfim, é um filme magnífico,
extremamente complexo e que deve obrigatoriamente ser assistido por qualquer
pessoa que queira ver um filme de verdade, frente a esse mar de mediocridade e
besteirol de hoje em dia.
É isso aí. Espero que alguém tenha
interesse em assistir pelo menos um desses filmes.
Sexta-feira que vem tem mais.
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