Vem cá e me diga sinceramente...
Você gostaria que sua irmã, filha, mãe, sobrinha, prima,
afilhada, etc. começasse a sair com um perfeito paspalho?
Me diga que não ficaria nem um pouco indignado, consternado,
irritado e até mesmo surpreso se visse uma delas na companhia de um total e
completo idiota?!
Pois é, eu também certamente me sentiria assim.
Já sei, você acha que isso é algo impossível de acontecer,
certo?
Ledo engano meu caro.
Uma espécie cada vez mais comum de predadores de mulheres
incautas está atuando livre e impunemente por aí. Eles vão se esgueirando
sorrateiramente entre as pessoas normais e suas famílias, e quando a gente se dá
conta, ele já está ali instalado confortavelmente no sofá de nossa casa ou de algum parente ou
amigo.
É O Cara Genérico.
O Cara Genérico é muito difícil de ser identificado, pois,
apesar de sofrer de moléstia crônica, não apresenta maiores sintomas perante
pessoas mais desavisadas e de boa fé. Apenas observadores mais atentos ou os
iniciados em sua prevenção, são capazes de identificar imediatamente essa
verdadeira chaga da sociedade contemporânea.
O Cara Genérico é absolutamente ignorante e totalmente
desinformado, embora a maioria dos casos tenha educação superior. Ele sempre tem opinião formada sobre todo e qualquer assunto, inclusive os que desconhece totalmente, não
tendo medo de se expor ao ridículo ou à execração pública ao defender ideias e conceitos que só fazem sentido para ele.
O Cara Genérico apresenta algumas características bem
marcantes, podendo ser encontrado em todas as classes sociais, porém é mais
rotineiramente encontrado nas classes AB, pois essas lhe proporcionam a infraestrutura
ideal para seu desenvolvimento completo.
Seu habitat natural são os bares e baladas dos grandes centros
no período noturno. Nesse meio ambiente ele encontra as condições ideais para
dar o bote em sua presa, que num primeiro momento não percebe o que está
acontecendo. Em um segundo momento, como num piscar de olhos, ele já está almoçando
na sua casa aos domingos.
“Mas afinal, como posso identificar e proteger a mim e as
pessoas que amo dessa terrível ameaça?”
Calma meu amigo, é simples, mas requer um pouco de astúcia e
quem sabe até um olhar um pouco menos benevolente em relação às pessoas.
A melhor maneira de identificar O Cara Genérico é através de
um diálogo simples, perguntando coisas corriqueiras e atualidades. Assim é possível identificá-lo claramente. No começo da conversa você nem vai
perceber nada de anormal, mas em apenas alguns minutos e com um pouco de
atenção, você vê nitidamente os sinais: sua arrogância infantil, alegria de
plástico, desconexão com a realidade, ausência de conteúdo intelectual e
fixação pela futilidade.
Faça um teste o quanto antes e comprove.
Outra coisa importante: para todas as suas perguntas a
respeito de qualquer assunto suas respostas sempre começarão com um “Acho que...”.
Isso mesmo, ele nunca sabe de nada apenas “acha”.
Outro fator igualmente importante a ser observado é que ele,
sendo uma besta quadrada, sempre generaliza e relativiza tudo de maneira mais
tosca e simplória possível, das coisas mais simples às mais complexas, usando expressões de papelão
como “ah, isso depende de cada um, velho...”, ou pior ainda “ah, cada um é cada
um, cara...”, sem contar todos os clichês e jargões da moda que emprega constantemente sem o menor constrangimento.
Tudo tem o mesmo
peso e grau de importância para ele.
Agora atenção: se perceber que alguma garota/mulher de sua família está
sendo vítima do assédio desse tipinho, não demore, não titubeie, elabore um questionário
básico e o aplique imediatamente.
Quanto mais rápido o diagnóstico, maior a chance de cura,
senão pode acabar até em casamento.
Obs. Quero dar o devido crédito ao amigo e crítico irritado Fernando B. Machado por ter cunhado originalmente o termo "Cara Genérico".
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