Encerrando o tema dos grandes
festivais dos anos 60/70, completo hoje minha postagem sobre o tema com a 2ª e
última parte da 3ª edição do Festival da Ilha de Wight em 1970.
Os discos de hoje são:
Emerson, Lake and
Palmer – Emerson, Lake and Palmer (1970)
Emerson, Lake and Palmer foi o
primeiro supergrupo dentro do rock progressivo. Cada um de seus integrantes
vinha de uma banda já em atividade: Keith Emerson (teclados) do The Nice, Greg
Lake (baixo) do King Crimson e Carl Palmer (bateria) do Atomic Rooster. Todos os
3 são excelentes músicos, e suas composições são fantásticas, muitas vezes
contrapondo um instrumental tão complexo que é capaz de levar um ser humano ao
limite de sua sanidade com o magnífico vocal suave de Greg Lake. É um deleite. Mas
é para poucos.
Esse é mais um exemplo de grande
disco de estreia. É um disco extremamente ambicioso, dominado por melodias
instrumentais e baladas como Lucky Man. Aqui, a todos os integrantes é
permitido mostrar seus talentos, inclusive o fantástico baterista Carl Palmer,
que faz um solo espetacular em Tank. Apesar da sonoridade complexa, o disco
chegou ao número 20 nos EUA e 4 na Inglaterra.
Me lembro de ter ido a um show do
Emerson, Lake and Palmer aqui em Curitiba, no Teatro Guaíra em 1996. Que apresentação fantástica. Que sonoridade.
Muito marcante. Aposto que mais da metade da platéia não entendeu
absolutamente nada. No final, para coroar uma performance perfeita, os
integrantes da banda, depois do bis, desceram do palco para dar autógrafos e
tirar fotos com o pessoal, em uma atitude de extrema elegância, respeito aos
fãs e também humildade e civilidade. Nunca havia visto e nem vi novamente nada
assim.
Moody Blues – A
Question of Balance (1970)
Entre 67 e 72, o Moody Blues
lançou 7 discos excelentes na sequência. Poucos artistas conseguiram tal feito.
Já tratei aqui de outro ótimo trabalho deles, o Days of Future Passed. Hoje trago
aqui o 5º disco dessa fase tão criativa.
Escolhi esse pelo fato de ter
sido uma tentativa da banda de experimentar novos horizontes, mesclando sons um pouco
mais pesados com sua característica levada um pouco psicodélica flertando constantemente
com o progressivo. Uma das coisas mais interessantes sobre o Moody Blues, é
como eles se preocupam com a melodia e poesia em suas composições. Sempre são
carregadas de lirismo e executadas de maneira extremamente cuidada.
Esse disco apresenta também algumas
de suas músicas mais populares, que costumavam constar em seus
shows.
Músicas-chave: Question, And the Tide Rushes In e Melancholy Man.
Jethro Tull – Benefit (1970)
Essa fantástica banda é um fenômeno.
Centrada totalmente na figura de seu líder Ian Anderson, o Jethro Tull
conseguiu a façanha de lançar 11 discos sensacionais no mesmo nível em 10
anos. Pode comprar tranquilamente qualquer disco dos caras de 1968 até 1978 que
você não vai se arrepender. Evidentemente que todos temos nossos favoritos.
Hoje trago o 3º disco dos caras.
Benefit. Aqui os caras abandonam um pouco suas tendências de blues e pendem
para o folk. Benefit também lança a pedra fundamental que seria modelo para os
próximos trabalhos do grupo, onde trabalha o violão acústico de Ian Anderson
com a guitarra crescente de Martin Barre. Essa fórmula foi usada com maestria
em Aqualung e Tick as a Brick.
É um disco simplesmente
maravilhoso. Comprei quando tinha uns 17 anos e ainda me impressiono cada vez que
ouço. Não é, evidentemente um disco cheio de hits, até porque o Jethro Tull não
é uma banda cheia de hits, mas as músicas são demais. Todas. É um disco perfeito.
Se você só quiser comprar um disco
deles, mas acha que Aqualung (que já falei aqui) é muito batido, compre o
Benefit.
Músicas-chave: With You There to Help Me, Inside, For Michael Collins, Jeffrey and Me e To Cry You a Song.
Leonard Cohen – Songs
of Leonard Cohen (1967)
Apesar de não ser conhecido pelo
grande público, Leonard Cohen é um dos mais fascinantes cantores/compositores
de sua era. Ele conseguiu manter sua audiência por mais de 4 décadas, apesar de
várias interrupções durante o período o que apenas serviu para aumentar a
mística em torno de si. Em termos de qualidade composições e longevidade de um
artista solo, ele só pode ser comparado com Bob Dylan.
Songs of Leonard Cohen foi
lançado em 1967, uma época em que um número cada vez maior de compositores se
preocupava em dar de maneira mais explícita, uma veia mais poética para suas
músicas. Ao contrário dessa vertente, Leonard Cohen já havia se estabelecido
como escritor publicado e poeta, para só então abraçar a música. É só ouvir as
primeiras canções desse disco e você verá que isso fez toda a diferença.
A temática central de Songs of
Leonard Cohen, bem como da maioria de sua obra, é o relacionamento de homem e
mulher, tão bem descrito, e passando por todas as emoções e situações que
envolvem tão complexo relacionamento, experimentando amor, ódio, compaixão e
traição. Está tudo ali de maneira poética em perfeitas melodias.
Se você nunca ouviu Leonard
Cohen, comece por aqui.
Músicas-chave: Suzanne, Sisters of Mercy e So Long Marianne.
Jimi Hendrix – Electric Ladyland (1968)
Mais um disco do fantástico
guitarrista Jimi Hendrix. Já abordei aqui seu 1º trabalho, Are You Experienced?
e hoje trago seu terceiro e último trabalho com o Jimi Hendrix Experience
original (Jimi Hendrix na guitarra, Noel Redding no baixo e Mitch Mitchell na
bateria).
Aqui Jimi Hendrix, atingiu seu
máximo chegando ao limite absoluto de seu som psicodélico, tornando Eletric
Ladyland em um dos melhores discos não só de seu tempo, como também da história
do rock. Constantemente citado por críticos que não conseguem enxergar um palmo
na frente do nariz que insistem dizendo que se trata de música para drogados. O fato é que, tanto Hendrix, como
sua obra, estão muito além desse estereótipo, tanto é que sua importância é
inquestionável até hoje, tanto em relação as técnicas de tocar e de
gravação, bem como na enorme influência até hoje sobre qualquer um que
queira aprender seu instrumento.
Musicas-chave: Crosstown Traffic, All Along the Watchtower e Voodoo Child (Slight Return).
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