Nesse domingo dia
27/01/13 estava conversando com um tio meu a respeito de vários assuntos e não
sei por que caímos no assunto dos carros antigos.
Quem me acompanha há algum tempo,
sabe que esse é um assunto de meu interesse e que gosto muito, inclusive já foi
tema de um post meu do ano passado.
Esse meu tio em questão, assim
como seu irmão caçula, também é entusiasta dos automóveis antigos e, sempre que
abre uma brecha, tanto ele como meu outro tio – o caçula, vão a alguns
encontros que acontecem semanalmente aqui em Curitiba. Tem um encontro que
ocorre no Centro Cívico daqui, e, ao que parece meus tios costumam dar uma
passada lá de vez em quando.
Voltando ao domingo, como disse, estávamos
conversando e abordamos no assunto. O tema, porém, não foi a respeito de algum
modelo interessante ou raro que viu recentemente, mas sim os preços
que estão sendo estipulados nos carros.
Entendo que os veículos antigos fazem
parte da nossa história, são bonitos e charmosos (nem todos) e devem ser
preservados. Entendo também que sua restauração é extremamente dispendiosa,
tanto em tempo como em dinheiro e exigem uma série de cuidados, o que acaba
valorizando e muito o veículo quando pronto, principalmente para seu dono. OK. Mas
tudo tem limites.
O caso é que, no meio do assunto,
meu tio me contou que nesse encontro de antigos, havia um
cidadão que estava com um carro a venda. Era um Opala coupe 73. Não perguntei e ele também não me informou o modelo específico do carro,
se era 4 ou 6 cilindros, se era SS, etc. Segundo meu tio, o carro estava em
excelente estado, parecendo que havia sido tirado da concessionária naquele
mesmo dia.
Até aí tudo bem, o que acontece é
que o sujeito estava pedindo a “bagatela” de R$ 80 mil pelo carro. Você leu
direito sim. Não me enganei. 80 mil reais por um Opala. Tudo bem, o Opala é um
dos carros mais importantes e queridos da nossa história, foi um lançamento muito
mais moderno frente ao que havia na época etc., mas aí já é demais.
Olha só o que acontece. Antigamente
esses carros antigos eram bem baratos. Me lembro do meu pai ter comprado um
Chevrolet Bel Air 51 há vários ano atrás. O carro estava em ótimo estado. Não era
nenhum show car, mas tinha muito pouca coisa para fazer. Bem pouca mesmo. Lembro
direitinho de quando fomos comprá-lo. E me lembro também do preço. R$ 6.000,00.
Seis mil reais. Isso mesmo. Era o preço. Hoje em dia um carro desses em bom
estado custa uns R$ 70 mil. Vale tudo isso? Aí já é outra conversa, mas afirmo
categoricamente que um Opala não vale 80 mil. Não mesmo.
Esse é apenas um exemplo do que
vem acontecendo. Se alguém aí é leitor da revista Classic Show, que aborda só
carros antigos e clássicos, talvez perceba que nas sessões de classificados da
revista, tem carro lá que está há mais de 1 ano para vender. E não vende. Então
essa revista é uma mídia ruim para quem quer vender? Acredito que essa não seja
a causa, mas sim os preços malucos que estão sendo pedidos. E tem outra
coisa nesse mercado de usados que está muito irregular, tem uns espertos por aí
que trazem dos EUA umas porcarias dos anos 70, carros como Mercury, Oldsmobile,
Lincoln e até mesmo Cadillac, que lá não valem nem U$ 2,5 mil e aqui os caras
pedem mais de R$ 100 mil. É o fim.
Foi mais ou menos assim: o interesse
começou pelos modelos mais raros e bonitos, digamos alguns Chevrolets
e Cadillacs dos anos 50 que são muito apreciados pelos colecionadores. O pessoal
comprou e o preço subiu. Quando a oferta se tornou muito reduzida e os preços astronômicos,
o interesse migrou para outros modelos de outras épocas e outros países, e assim
por diante, até chegar aos veículos nacionais.
Os Dodges dos anos 70 começaram a
ser valorizados, isso puxou junto o preço dos Mavericks, que arrastou o dos
Galaxie/Landau, chegando finalmente aos Opalas. Quando eu era garoto ninguém
queria saber desses carros. Ter um carro desses era um atestado de dureza. Mas até
aí tudo bem. Eu também gosto e os acho modelos interessantes e
colecionáveis. O problema é o que vem a seguir. Se pedem 80 mil em um Opala, a
lógica diz que é possível pedir 50 mil em um Chevette, por exemplo. Ou em um Corcel,
uma Brasília dentre outros menos cotados. A partir daqui é só ladeira abaixo.
Claro que deve haver pessoas que
gostam desses carros, que nutrem algum valor sentimental por eles, mas são casos
pontuais. A verdade é que existem carros que devem ser preservados e outros que
não. Um Cadillac 1959 é um carro que certamente deve ser preservado, bem como
um Bel Air 1957 ou um Chrysler 300 de 1957. Agora, vender a ideia de que carros
como Chevette, Corcel e Brasília são desejáveis objetos de coleção é um
despropósito total. O destino certo desses carros deveria ser o ferro-velho. É o
único fim digno para eles.
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