sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Guia Básico de Cinema Capítulo IX



Dando sequência ao guia de cinema, abordo hoje como tema, 5 grandes diretores que surgiram no começo dos anos 70 e que transformaram totalmente o panorama das produções daquela época, e estão aí até hoje.

Vou falar de 1 filme de cada um deles.


Tubarão – Jaws (Steven Spielberg - 1975)

Um enorme tubarão branco comete uma série de ataques na cidade costeira de Amity. O xerife local Brody (Roy Scheider) quer fechar a praia para evitar mais mortes, porém o prefeito não permite devido ao fato de que o verão está chegando e com ele os turistas que sustentam a cidade. No começo o xerife até acata as ordens, mas quando ele é atingido por uma tragédia pessoal resolve caçar o tubarão com ou sem a permissão do prefeito. Para isso ele recorre a ajuda do cientista marinho Hooper (Richard Dreyfuss) e do insano pescador Quint (Robert Shaw).

Quando resolvi falar desses diretores não pensei 2 vezes antes de selecionar Tubarão como sendo o representante de Steven Spielberg. Certamente é um dos melhores filmes de Spielberg. Sem a pieguice, sentimentalismo barato e infantilidades de vários de seus filmes posteriores.

A cena que abre o filme, com a garota nua indo tomar um banho de mar à noite é simplesmente sensacional. Ali já é dada toda a tônica do filme. Outro fator importante, é que esse foi o filme que alçou Spielberg ao estrelato. Ele já havia feito um filme muito bom em 1971, o sensacional Encurralado (Duel), mas que foi direto para TV. Aqui ele consegue desenvolver os conceitos de suspense, terror e aventura dentro de uma narrativa que corre o tempo todo. A trilha sonora é de arrepiar. Sensacional.

Ganhou 3 Oscar.


O Poderoso Chefão Parte II – The Godfather Part II (Francis Ford Coppola – 1974)

Esse filme maravilhoso nos trás o início da saga da Família Corleone, desde quando o jovem Vito Corleone chega ainda criança vindo da Sicília, até sua fase adulta – vivida brilhantemente por Robert De Niro – onde é levado por várias circunstâncias ao mundo do crime. Alternadamente a isso, a estória da Família Corleone se desenvolve nos anos 50, agora sob o comando do filho caçula Michael Corleone (Al Pacino). Agora, Michael está estendendo seus negócios desde Nova Yorque, até Lake Tahoe (Nevada) e até a Havana pré-revolução de Castro.

Como eu já havia falado de O Poderoso Chefão (1972) em post anterior (aqui) escolhi sua continuação para falar de um filme de Coppola. Nesse caso, embora o filme seja teoricamente uma sequência, ele não deve ser entendido como uma dessas “franquias” enganadoras de hoje em dia. O mais correto é considerar que é um filme só que foi dividido em 2, por conta da longa duração. No livro homônimo de Mario Puzzo, que foi o ponto de partida para os filmes, a estória está unificada. O Poderoso Chefão II tem também um dos finais mais controversos da história do cinema. Alguns críticos o consideram superior ao 1º. Assista e forme sua opinião.

Foi premiado com 6 Oscar, incluindo Melhor Filme.


Taxi Driver – Taxi Driver (Martin Scorsese – 1976)

Um veterano da Guerra do Vietnã totalmente instável, Travis Bickle (Robert De Niro) trabalha como motorista de táxi pelas ruas de Nova Yorque fazendo a escala da noite. Em suas corridas ele se depara com toda sorte de vagabundos e imundícies que não aparecem durante o dia. Morando sozinho, sua única fonte de diversão é o cinema pornô que frequenta. Uma noite, entra em seu táxi a prostituta adolescente Iris (Jodie Foster então com 14 anos) pedindo ajuda para se livrar de seu cafetão. Imediatamente Travis fica obcecado com a garota e tem como objetivo salvá-la dessa vida. Por outro lado ele conhece e se interessa por Betsy (Cybill Shepherd), assessora de um candidato a presidência dos EUA. Travis enxerga nele um grande perigo e decide eliminá-lo. Nessa altura, Travis decide se armar para concretizar seus planos de matar o político e salvar a prostituta.

Taxi Driver é considerado como um dos maiores filmes já feitos nos EUA. Além de retratar o submundo, o filme é marcado por cenas fortes de realismo gritante. A cena em que Travis, já armado “dialoga” em frente ao espelho com um marginal imaginário é das mais famosas de todos os tempos. O filme pode até parecer um pouco arrastado e escuro demais em determinados momentos, mas garanto que a sequência final do resgate da prostituta Iris, com sua extrema violência nua a crua compensa. É uma tomada inesquecível. Não tem como assisti-la de maneira indiferente. Seu final sugere várias interpretações. Assista.



Loucuras de Verão – American Grarfiti – American Graffiti (George Lucas - 1973)

Em 1962, os amigos Curt, (Richard Dreyfuss), Steve (Ron Howard), Milner (Paul Le Mat) e Terry (Charlie Martin Smith) vivem uma série de aventuras e situações pouco usuais, na última noite, antes de seguirem para a faculdade. Brigas de namorados, conquistas amorosas, corridas de carro e até envolvimento com uma gangue para praticar pequenos delitos acontecem na mesma noite. Tudo isso regado ao som do disk jockey mais popular da cidade, Wolfman Jack, que embala a trilha do filme e serve como uma espécie de guia para os personagens durante todo o tempo.

Não se deixe enganar. Pode até parecer que é um filminho bobo e água com açúcar, mas o fato é que American Graffiti é um dos filmes mais legais que você pode assistir. Uma coisa interessante é que o filme não tem apenas 1 protagonista principal, mas 4 ao mesmo tempo. Foi também o 2º longa de George Lucas, imediatamente antes de Star Wars. Aqui é que ele começou a ser reconhecido de fato, tanto é que o filme foi indicado a 5 Oscar, inclusive nas categorias de Melhor Filmes e Melhor Diretor.

O filme tem também algumas curiosidades interessantes: 

- foi rodado em apenas 29 dias; 

- a cena em que o ator Charlie Martin Smith pula de uma moto que bate em um prédio, logo no início do filme não estava no roteiro e o ator se acidentou de verdade. George Lucas resolveu incluí-la no filme mesmo assim;

- o ator Harrison Ford se recusou a cortar seu cabelo para as filmagens, já que seu papel era pequeno, sugeriu que seu personagem usasse um chapéu;

- o orçamento do filme era de apenas U$ 770 mil.

- o filme só se tornou realidade devido ao fato de que Francis Ford Coppola, amigo de Geroge Lucas, teve seu nome nos créditos como produtor.


Blade Runner – O Caçador de Andróides – Blade Runner (Ridley Scott – 1982)

Blade Runner é um drama de ficção científica que conta estória de Dick Deckard (Harrison Ford), um Blade Runner (unidade especial da polícia especializada na busca e captura dos andróides) designado para localizar e eliminar 4 replicantes (robôs orgânicos criados geneticamente) que sequestraram uma nave no espaço e estão voltando à Terra para encontrar seu criador.

Blade Runner foi muito mal nas bilheterias dos EUA, custando U$ 28 milhões e arrecadando apenas U$ 32 milhões.Também acabou dividindo a crítica na época, que não gostou muito do seu ritmo e trama complexa, mas apesar disso, hoje é um clássico Cult, considerado como um dos melhores filmes já feitos e que deve obrigatoriamente ser assistido por qualquer pessoa que queira saber um mínimo de cinema. Foi também apenas o 3º longa de Ridley Scott, realizado após os excelentes Os Duelistas e Alien, o 8º Passageiro. É considerado pelo próprio diretor como seu filme mais pessoal. Concorreu a 2 Oscar.

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