Final de ano é sempre a mesma
coisa: festas, reuniões e confraternizações com a família e os amigos.
É sobre esses últimos que quero
falar hoje. Amigos. Mais precisamente da amizade, o laço que transforma pessoas
até então desconhecidas em amigos.
Me peguei pensando sobre isso
outro dia. Já tive vários amigos em diversas fases da minha vida. Hoje tenho
alguns poucos. Conheço pessoas que tem verdadeiras legiões de amigos, e não
estou falando da baboseira das redes sociais, onde me parece que o que conta é
a quantidade de “amigos” que você tem, não importando em absoluto, o fato de
muitas vezes não se ter a mínima ideia de quem são muitos deles.
Falo de pessoas que tem, ou acham
que tem, literalmente um monte de amigos reais, de carne e osso. Será mesmo?!
Aposto que não. Para mim, nesses casos, são apenas amigos para o ato.
Isto posto, chego ao cerne da
questão que quero tratar aqui. O fim das amizades, ou o que leva uma amizade
que considerávamos inabalável, terminar.
Podemos elencar vários aspectos
que concorrem para o fim de uma amizade.
Se pedisse para me darem alguns exemplos
desses aspectos, certamente me diriam os seguintes:
1 – Um dos amigos mudou de
escola/cidade/estado/país;
2 – Brigaram por causa de
mulher/homem;
3 – Começou a andar com outra
pessoa/turma e se afastou.
Claro que todos os exemplos acima
são válidos, porém para mim nenhum deles se aplicaria a uma amizade real, pois
é facilmente constatável que se uma amizade não resiste a uma mudança de
endereço, então não era amizade sólida.
Eu mesmo tenho um amigo que morou
5 anos no exterior, voltou, depois de alguns anos foi morar em outro estado e
quando retornou definitivamente, foi como se tivéssemos conversado na semana
anterior.
Brigar por causa de mulher/homem
ou porque acabou se interessando pela mulher ou pelo homem do outro (a),
francamente é uma baita cretinice e, a meu ver, também não pode ser considerado
como um verdadeiro amigo quem age assim.
E, finalmente, no último exemplo,
quem deixa de ser seu amigo e passa a ser amigo de outras pessoas porque enjoou
de você, sinceramente nunca foi seu amigo.
Chegamos ao ponto que queria. O
que vou colocar agora é uma opinião pessoalíssima, sendo que quem quiser, pode
discordar à vontade ou me chamar de raso e superficial, mas para mim o fator
determinante para o fim de uma amizade é um só: grana.
Isso mesmo. Grana, dinheiro.
Vamos considerar duas abordagens
a respeito, para me explicar melhor:
Pense em um grupo de amigos em
que todos tem uma condição financeira semelhante. Por conta de fatores diversos
os quais não vem ao caso, um deles começa a fazer mais dinheiro que os outros.
Evidentemente que, com isso, ele passa a ter acesso à outra categoria de bens e
serviços que até então, ele não tinha acesso ou conhecimento.
No exemplo acima podem acontecer
2 coisas distintas:
1 – o amigo que subiu a escadinha
começa a ter uma atitude esnobe em relação aos outros, o que leva a um
afastamento natural por parte dos esnobados;
2 – muito mais comum que isso, os
amigos que ficaram para trás financeiramente, começam, mesmo que inconscientemente,
a invejar o amigo mais afortunado e, consequentemente, por conta de seu
recalque em relação a esse, acabam por se afastar.
Certa vez, conversando com um
grupo de amigos, foi levantada uma questão acerca do que um cara poderia
ostentar que seria mais irritante aos olhos de outros caras. As opções
apresentadas foram as seguintes: o cara fortão, o cara acompanhado por uma
super-gostosa ou o cara que tem uma Ferrari.
A resposta foi unânime: O cara da
Ferrari seria o mais irritante. Claro, afinal ele teria algo inatingível para
quase a totalidade da população. Acredito que isso exemplifique bem o que vai
acima.
A outra consideração envolvendo
dinheiro e o fim de uma amizade é justamente o oposto:
Considere um grupo de amigos,
onde um deles acaba quebrando. Qual o procedimento usual que os outros amigos
adotam?
“Ah, não muda nada, pois apesar
de estar na lona, o cara continua sendo o mesmo”, você me responde.
Certo. Essa seria a resposta para
a reação ideal, não para o que ocorre de fato.
O que ocorre de fato é que, nesse
exato momento, o cara quebrado descobre se tem realmente algum amigo de
verdade. Normalmente ele descobre que não tem nenhum. Raramente sobra alguém.
A reação mais comum por parte dos
outros “amigos” é a de simplesmente se afastar do quebrado, como se ele fosse
um leproso. O cara vira um pária. Não é mais lembrado nem convidado para
absolutamente nada. Nada mesmo.
Isso acontece mesmo que os outros
não tenham nenhum interesse financeiro, ou vínculo associativo, ou de negócios
com o quebrado.
Ele simplesmente não serve mais.
Essa é toda a verdade.
Cruel? Sem dúvidas, mas
totalmente verdadeiro.
No fundo, quem nunca passou por
uma situação dessas não tem como ter plena certeza de quem são realmente seus
amigos, se é que tem algum.
Certamente passar por uma
situação dessas nunca é bom, mas, caso aconteça, será extremamente valiosa e
educativa. Assim como apenas na adversidade você descobre do que realmente é
feito, é na adversidade que você descobre quem é quem a sua volta.
Diante disso tudo você pode
alegar que, na verdade, não existe amizade verdadeira e desinteressada. Olha,
não sei. Talvez não mesmo. Talvez, só dê mesmo para contar com o apoio fiel da
família.
Esse é um assunto um tanto quanto
aborrecido, mas que pode gerar alguma reflexão. Tente se colocar na situação
acima e imagine como cada amigo seu reagiria. Pode ser um bom exercício de
análise da natureza humana.
Quem sabe, se você conseguir
analisar de maneira imparcial, pode ter uma surpresa nada agradável com o
resultado.
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