sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Guia Básico de Cinema Capítulo VI



Hoje volto ao tema de grandes diretores para apresentar o capítulo VI do Guia Básico de
Cinema. Escolhi um dos meus diretores favoritos, senão meu favorito: Stanley Kubrick.

Stanley Kubrick, apesar de ter tido uma carreira de quase 50 anos, realizou apenas 13 longas. Desses, já abordei  1 semana passada, quando falei de filmes dobre o Vietnã. Hoje vou abordar mais 5 filmes desse verdadeiro gênio da Sétima Arte, e ainda abordarei um 7º filme dele em outro post sobre um gênero específico.

Os 5 filmes de hoje são:


Glória Feita de Sangue – Paths of Glory (1957)

Esse filme enfoca a 1ª Guerra Mundial, quando, no período de guerra de trincheiras, um pelotão do exército francês se recusa a prosseguir em um ataque impossível contra as linhas alemãs e bate em retirada após tragédia.

Alguns soldados são condenados à morte por covardia, usados como bodes-expiatórios para encobrir o erro na ordem de um general. Seu comandante, Coronel Dax (Kirk Douglas), faz o possível e impossível para tentar livrar seus comandados de sua sentença, sendo acuado por questões políticas impostas por seus superiores e questões morais que o cobram em relação aos soldados.

Tem muita gente por aí que entende do assunto, que acha que Stanley Kubrick é um estrategista militar frustrado. Muitos de seus filmes abordam o tema da guerra magistralmente, porém sempre dando um enfoque diferente um do outro e em alguns casos, como Glória Feita de Sangue, com um fundo antibelicista. 

É um filme belíssimo. Toda obra de Kubrick é indispensável e obrigatória para qualquer fã de cinema.


Spartacus – Spartacus (1960)

Conta a história do homem que nasceu escravo, que se tornou gladiador e finalmente líder de um exercito de escravos que, inicialmente subestimado, infligiu a Roma enormes derrotas.

Esse é outro filme que tem a participação de Kirk Douglas como ator principal. Além dele, estão presentes Tony Curtis, Laurence Olivier e Jean Simmons. 

É um grande filme. Um épico a moda antiga, com grandes sequências. A cena da batalha final entre Spartacus e as legiões de Crasso é belíssima. Mais de 8.500 atores extras foram usados nas cenas de batalha entre os rebeldes e os romanos. Essa cena mostra com extrema fidelidade a maneira dos deslocamentos e formação das tropas romanas em campo de batalha.

Ganhou 4 Oscar.


Dr. Fantástico – Dr. Strangelove (1964)

Certamente um dos melhores, senão o melhor filme de Stanley Kubrick, também é de longe um dos mais inteligentes e satíricos de todos os tempos.

Conta a história de um general americano que enlouquece e lança um ataque nuclear contra a antiga União Soviética, usando para isso vários aviões bombardeiros.

O comando americano consegue chamar de volta todos os aviões menos um, que prossegue firme com suas ordens e pode deflagrar a 3ª Guerra Mundial.

Para tentar resolver a questão, é convocada uma reunião de emergência com todo o alto comando militar americano, bem como os presidentes dos Estados Unidos e União Soviética. Nessa reunião é introduzido o Dr. Fantástico (Peter Sellers) para tentar equacionar o problema.

O final do filme é desconcertante.

Algumas curiosidades:

- Peter Sellers interpreta de maneira magistral 3 personagens centrais na trama: o capitão britânico Mandrake, que tenta impedir o insano general americano de lançar o ataque, o presidente dos Estados Unidos Merkin Muffley e o cientista alemão totalmente desequilibrado Dr. Strangelove;

- Peter Sellers improvisou a maior parte de suas falas;

- Como pesquisa, Kubrick leu aproximadamente 50 livros sobre a guerra nuclear.


2001 – Uma Odisséia no Espaço – 2001 A Space Odissey (1968)

Baseado no homônimo de Arthur C. Clarke, 2001 nos leva em uma viagem fantástica desde a aurora do homem até a conquista do espaço por esse.

O filme é dividido em 4 partes: a referida Aurora do Homem, retratando o que seria um antepassado provável da espécie humana; AMT-1, uma missão secreta até a Lua; Missão Júpiter, onde alguns astronautas a bordo da nave Discovery One, controlada pelo supercomputador HAL-9000 tem por objetivo desvendar um fenômeno que ocorre no paneta; Júpiter e Além do Infinito, onde um dos tripulante da nave Discovery One, depois de chegar em Júpiter, é sugado por um túnel de luzes e imagens e cores incomuns por entre a vastidão do espaço.

O único elemento comum a todos os atos do filme é a presença de um misterioso monolito negro.

Para bom entendedor, os primeiros 20 minutos do filme explicam todo o processo evolutivo do homem até os dias de hoje. Como chegamos aqui e porque dessa maneira. Não sei se era essa a intenção do filme ou do livro, mas para mim é muito claro.

Outro ponto marcante do filme é a maneira extremamente simples e natural com que Kubrick realiza o maior corte da história do cinema - quando o macaco joga o osso para cima e esse sobe rodando - , avançando 4 milhões de anos em uma fração de segundo. Simplesmente fantástico.

O próprio Stanley Kubrick disse que 2001 era mais uma experiência do que um filme propriamente dito e que cada um deveria tirar suas próprias conclusões.

A disparada maioria das pessoas ao terminar de assistir 2001 ficará perplexa e certamente confusa. A opinião geral será a de não terem entendido absolutamente nada do filme. E estarão certos. O filme não é para ser entendido de primeira. 

Na realidade ele deve ser visto e revisto várias vezes para que se possa tirar algumas conclusões, já que ele levanta várias questões e não explica, explicitamente pelo menos, nenhuma.

Não é um filme fácil, podendo ser acusado de ser até hostil e antipúblico, mas é um clássico supremo e obrigatório. 


Laranja Mecânica – A Clockwork Orange (1971)

Outro filme de ficção científica de Kubrick, porém com um enfoque totalmente diferente de 2001. 

Esse filme narra a trajetória de Alex (Malcolm McDowell) um delinquente marginal líder de uma gangue de arruaceiros que tem como única atividade a ultraviolência, roubar e estuprar, até que Alex é preso e sentenciado a 14 anos de prisão por homicídio.

Para tentar reduzir sua pena, Alex se voluntaria para um programa do governo a fim de reduzir os índices de violência no país. Após o tratamento, Alex é incapaz de cometer qualquer ato de violência, mesmo que seja para se defender.

Laranja Mecânica foi proibido em vários países devido às suas cenas extremamente violentas e explícitas. Como ele também contém grande teor sexual, em determinados países, como o Japão, não foi proibido, mas censurado. 

- A linguagem (uma mistura de inglês, russo e gírias) usada no filme foi criada pelo autor do livro que inspirou Laranja Mecânica, Anthony Burgess;

- Laranja Mecânica foi proibido na Inglaterra pelo próprio Stanley Kubrick, devido a críticas de que o filme era muito violento. Kubrick disse que o filme só poderia ser exibido na Inglaterra após a sua morte;

- O nome do livro em que o escritor está trabalhando quando tem a sua casa invadida pela gangue de Alex, tem o mesmo nome do filme, A Clockwork Orange.

Embora hoje em dia Laranja Mecânica não tenha tanto impacto para quem o assiste, ainda assim é impressionante a indiferença e serenidade com que Alex e sua gangue cometem os atos mais indignos.

Filme excelente e perturbador. 

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