Hoje volto ao tema de grandes
diretores para apresentar o capítulo VI do Guia Básico de
Cinema. Escolhi um dos meus diretores favoritos, senão meu favorito: Stanley Kubrick.
Cinema. Escolhi um dos meus diretores favoritos, senão meu favorito: Stanley Kubrick.
Stanley Kubrick, apesar de ter
tido uma carreira de quase 50 anos, realizou apenas 13 longas. Desses, já
abordei 1 semana passada, quando falei
de filmes dobre o Vietnã. Hoje vou abordar mais 5 filmes desse verdadeiro gênio
da Sétima Arte, e ainda abordarei um 7º filme dele em outro post sobre um
gênero específico.
Os 5 filmes de hoje são:
Glória Feita de Sangue – Paths of Glory (1957)
Esse filme enfoca a 1ª Guerra
Mundial, quando, no período de guerra de trincheiras, um pelotão do exército
francês se recusa a prosseguir em um ataque impossível contra as linhas alemãs
e bate em retirada após tragédia.
Alguns soldados são condenados à
morte por covardia, usados como bodes-expiatórios para encobrir o erro na ordem
de um general. Seu comandante, Coronel Dax (Kirk Douglas), faz o possível e
impossível para tentar livrar seus comandados de sua sentença, sendo acuado por
questões políticas impostas por seus superiores e questões morais que o cobram
em relação aos soldados.
Tem muita gente por aí que
entende do assunto, que acha que Stanley Kubrick é um estrategista militar
frustrado. Muitos de seus filmes abordam o tema da guerra magistralmente, porém
sempre dando um enfoque diferente um do outro e em alguns casos, como Glória
Feita de Sangue, com um fundo antibelicista.
É um filme belíssimo. Toda obra
de Kubrick é indispensável e obrigatória para qualquer fã de cinema.
Spartacus – Spartacus (1960)
Conta a história do homem que
nasceu escravo, que se tornou gladiador e finalmente líder de um exercito de
escravos que, inicialmente subestimado, infligiu a Roma enormes derrotas.
Esse é outro filme que tem a
participação de Kirk Douglas como ator principal. Além dele, estão presentes
Tony Curtis, Laurence Olivier e Jean Simmons.
É um grande filme. Um épico a
moda antiga, com grandes sequências. A cena da batalha final entre Spartacus e
as legiões de Crasso é belíssima. Mais de 8.500 atores extras foram usados nas
cenas de batalha entre os rebeldes e os romanos. Essa cena mostra com extrema
fidelidade a maneira dos deslocamentos e formação das tropas romanas em campo
de batalha.
Ganhou 4 Oscar.
Dr. Fantástico – Dr. Strangelove (1964)
Certamente um dos melhores, senão
o melhor filme de Stanley Kubrick, também é de longe um dos mais inteligentes e
satíricos de todos os tempos.
Conta a história de um general
americano que enlouquece e lança um ataque nuclear contra a antiga União
Soviética, usando para isso vários aviões bombardeiros.
O comando americano consegue
chamar de volta todos os aviões menos um, que prossegue firme com suas ordens e
pode deflagrar a 3ª Guerra Mundial.
Para tentar resolver a questão, é
convocada uma reunião de emergência com todo o alto comando militar americano,
bem como os presidentes dos Estados Unidos e União Soviética. Nessa reunião é
introduzido o Dr. Fantástico (Peter Sellers) para tentar equacionar o problema.
O final do filme é
desconcertante.
Algumas curiosidades:
- Peter Sellers interpreta de
maneira magistral 3 personagens centrais na trama: o capitão britânico
Mandrake, que tenta impedir o insano general americano de lançar o ataque, o
presidente dos Estados Unidos Merkin Muffley e o cientista alemão totalmente
desequilibrado Dr. Strangelove;
- Peter Sellers improvisou a
maior parte de suas falas;
- Como pesquisa, Kubrick leu
aproximadamente 50 livros sobre a guerra nuclear.
2001 – Uma Odisséia no Espaço – 2001 A Space Odissey (1968)
Baseado no homônimo de Arthur C.
Clarke, 2001 nos leva em uma viagem fantástica desde a aurora do homem até a
conquista do espaço por esse.
O filme é dividido em 4 partes: a
referida Aurora do Homem, retratando o que seria um antepassado provável da
espécie humana; AMT-1, uma missão secreta até a Lua; Missão Júpiter, onde
alguns astronautas a bordo da nave Discovery One, controlada pelo
supercomputador HAL-9000 tem por objetivo desvendar um fenômeno que ocorre no paneta; Júpiter e Além
do Infinito, onde um dos tripulante da nave Discovery One, depois de chegar em
Júpiter, é sugado por um túnel de luzes e imagens e cores incomuns por entre a
vastidão do espaço.
O único elemento comum a todos os
atos do filme é a presença de um misterioso monolito negro.
Para bom entendedor, os primeiros
20 minutos do filme explicam todo o processo evolutivo do homem até os dias de
hoje. Como chegamos aqui e porque dessa maneira. Não sei se era essa a intenção
do filme ou do livro, mas para mim é muito claro.
Outro ponto marcante do filme é a maneira extremamente simples e natural com que Kubrick realiza o maior corte da história do cinema - quando o macaco joga o osso para cima e esse sobe rodando - , avançando 4 milhões de anos em uma fração de segundo. Simplesmente fantástico.
O próprio Stanley Kubrick disse
que 2001 era mais uma experiência do que um filme propriamente dito e que cada
um deveria tirar suas próprias conclusões.
A disparada maioria das pessoas
ao terminar de assistir 2001 ficará perplexa e certamente confusa. A opinião
geral será a de não terem entendido absolutamente nada do filme. E estarão
certos. O filme não é para ser entendido de primeira.
Na realidade ele deve ser
visto e revisto várias vezes para que se possa tirar algumas conclusões, já que
ele levanta várias questões e não explica, explicitamente pelo menos, nenhuma.
Não é um filme fácil, podendo ser
acusado de ser até hostil e antipúblico, mas é um clássico supremo e
obrigatório.
Laranja Mecânica – A Clockwork Orange (1971)
Outro filme de ficção científica
de Kubrick, porém com um enfoque totalmente diferente de 2001.
Esse filme narra a trajetória de
Alex (Malcolm McDowell) um delinquente marginal líder de uma gangue de
arruaceiros que tem como única atividade a ultraviolência, roubar e estuprar,
até que Alex é preso e sentenciado a 14 anos de prisão por homicídio.
Para tentar reduzir sua pena,
Alex se voluntaria para um programa do governo a fim de reduzir os índices de
violência no país. Após o tratamento, Alex é incapaz de cometer qualquer ato de
violência, mesmo que seja para se defender.
Laranja Mecânica foi proibido em
vários países devido às suas cenas extremamente violentas e explícitas. Como
ele também contém grande teor sexual, em determinados países, como o Japão, não
foi proibido, mas censurado.
- A linguagem (uma mistura de inglês,
russo e gírias) usada no filme foi criada pelo autor do livro que inspirou
Laranja Mecânica, Anthony Burgess;
- Laranja Mecânica foi proibido
na Inglaterra pelo próprio Stanley Kubrick, devido a críticas de que o filme
era muito violento. Kubrick disse que o filme só poderia ser exibido na
Inglaterra após a sua morte;
- O nome do livro em que o
escritor está trabalhando quando tem a sua casa invadida pela gangue de Alex,
tem o mesmo nome do filme, A Clockwork Orange.
Embora hoje em dia Laranja
Mecânica não tenha tanto impacto para quem o assiste, ainda assim é
impressionante a indiferença e serenidade com que Alex e sua gangue cometem os
atos mais indignos.
Filme excelente e perturbador.
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