Tanto o título, como o conteúdo
apresentado aqui são peças de ficção, sendo apenas baseados em fatos reais.
Qualquer referência a pessoas ou lugares reais é mera coincidência.
Minha avó paterna tem 80 anos, mas
apesar disso está muito bem de saúde e é muito ativa também. Faz várias
atividades como pintura e canto. Sim, canto. Ela faz parte de um coral. Nesse
caso não é um coral de idosos, é simplesmente um coral com pessoas de várias
idades, entre elas, alguns idosos, como é o caso de minha avó.
Pois bem, nesse último domingo,
16/12/12 houve uma apresentação do dito coral em comemoração ao aniversário de
10 anos do mesmo. Tal apresentação ocorreu no apertado teatro da Reitoria da
UFPR. É um local tradicional e até simpático, mas é muito apertado. Na verdade
o espaço do teatro em si é até bom para eventos pequenos, mas o espaço para
circulação de pessoas entre as fileiras das poltronas é irrisório.
Enquanto eu aguardava o evento
começar pude observar o comportamento das pessoas em volta e me ocorreu que nesses
lugares existe um tipo específico de pessoa.
É nesse ambiente que você
certamente vai encontrar nosso personagem de hoje, mas ele não deve ser
colocado na relação de “Tipinhos Imprestáveis”, que venho apresentando
semanalmente.
Não. É apenas, quem sabe, um
pouco estúpido. Ou até mesmo sofre de um mal enorme nos dias de hoje: a total
incapacidade de decidir.
Pode observar, quanto maior for o
número de opções a que temos direito, maior nossa dificuldade de decidir.
Voltando ao tema, nosso
selecionado é aquele tipo de pessoa que todos já tivemos o desprazer de ter em
nossa frente em alguma situação, tanto podendo ser em um teatro, cinema, show,
restaurante, shopping Center etc.
Ele é aquele sujeito que quando
chega (vamos usar o exemplo de um teatro qualquer) no topo da escadaria ou
rampa que dá acesso do saguão à plateia, simplesmente empaca ali mesmo
procurando com uma expressão preocupada com os olhos semicerrados, um lugar
para se sentar. Normalmente acompanhado de esposa ou namorada e às vezes até
dos filhos, ele não faz a menor cerimônia em permanecer ali, imóvel, totalmente
indiferente em relação à enorme aglomeração de pessoas que se produz em sua
retaguarda.
Enquanto ele não achar o local
ideal ou algum conhecido para ir pentelhar, ele não sai dali de jeito nenhum.
Quanto maior o número de lugares disponíveis, mais confuso e inseguro ele se
torna. Se acaso a casa já esteja lotada, ele vai onde achar e pronto, sem
grandes exigências.
É aqui que começa o suplício de
quem chegou antes e conseguiu se acomodar.
Ele vem chegando com toda a turma
e você imediatamente percebe que ele vai querer sentar-se em sua fileira de
poltronas e justamente nas últimas disponíveis, localizadas na extremidade oposta
a que ele se encontra. E lá vai ele, pisando nos pés das pessoas, e pedindo
desculpas. Sua esposa vai também pisando simpaticamente nos outros e vez ou
outra, acertando uma bolsada na cara de alguém mais incauto.
Outra situação típica é aquela em
que ele avista uma poltrona vazia no meio da fileira e outra na extremidade
onde ele se encontra. Então, sem a menor cerimônia, ele pergunta para todos que
já estão devidamente acomodados se “não dá para pular uma para lá?” para que
ele possa se sentar com quem trouxe debaixo do braço.
Todos acomodados afinal. Que
maravilha. Até que enfim um pouco de paz. Agora é só esperar pelo início.
Ledo engano. Lá do outro lado
nosso herói ou algum filho que ele possa ter, descobre que está com muita
vontade de ir ao banheiro. Logicamente que ele não poderia ter ido alguns
minutos antes.
E lá vem ele de novo, mas dessa
vez arrastando um molequinho que passa esbarrando e pisoteando todo mundo. É
uma alegria inominável, principalmente se você está ali para assistir alguma “movimentada
e divertida” formatura. É um deleite.
Outro motivo para alegria e
descontração é se ele encontra um amigo e pretende conversar no corredor entre
as poltronas. É sensacional, ainda mais se o pessoal resolver conversar em pé
bem ali na tua cara.
Bem, começa o que você foi
assistir, ele simplesmente passa correndo por cima dos outros para se sentar.
Ah, paz, afinal. Tem certeza?!
Pode até ser, quem sabe até a
próxima ida ao banheiro ou se descobrir que está com uma sede incontrolável que
precisa ser aplacada com alguma coisa sendo vendida pelo triplo do preço de
mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário