sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Guia Básico de Cinema Capítulo V



Dando continuidade ao Guia Básico de Cinema, volto a abordar o tema filmes de guerra. Semana passada falei sobre 5 filmes sobre a 2ª Guerra Mundial. 

Hoje volto ao gênero com um dos temas mais explorados: a Guerra do Vietnã. Você vai notar que apesar de serem filmes com a mesma temática, seus enfoques são bem distintos.

Os 5 filmes de hoje são:


O Franco Atirador – The Deer Hunter (Michael Cimino 1978)

Esse filme espetacular conta a história de 3 amigos Michael (Robert De Niro), Steven (John Savage) e Nick (Christopher Walken) que estão prestes a embarcar para o Vietnã, porém antes disso um deles – Steve – se casa. Na própria noite de casamento os 3 se juntam com outros 2 amigos (que não irão à guerra) para uma última caçada.

Durante a guerra os 3 são capturados e o filme retrata os horrores e torturas que são obrigados a suportar até terem a chance de tentar escapar e voltar para casa, porém quem volta não é mais o mesmo do que quando partiu.
O Franco Atirador ganhou 5 Oscar no ano de 1979, incluindo melhor direção. É um filme complexo e denso que não aborda simplesmente a questão da guerra, mas também suas consequências para aqueles que foram e para os que ficaram.

Mostra também as mudanças profundas que seu protagonista sofreu, principalmente quando usa a questão da caça ao servo que ele tanto aprecia.

Não vou ficar adiantando mais nada para não estragar a estória para quem pretende assistir, mas é um dos melhores de todos e que não te deixa indiferente em momento algum.

É um filme obrigatório para qualquer pessoa que goste ou queira levar a sério a sétima arte.


Apocalypse Now – Apocalypse Now (Francis Ford Coppola 1979)

Um de meus 2 filmes favoritos sobre o Vietnã. Apocalipse Now é baseado na obra O Coração das Trevas do escritor Joseph Conrad.

Um capitão do exército americano (Martin Sheen) problemático e indisciplinado, é designado para uma missão pouco usual. Localizar e executar um coronel rebelde dos Boinas Verdes (Marlon Brando) que comanda um exército de nativos nos confins do Camboja.

Para cumprir sua missão ele terá que ir em um barco patrulha, com outros 4 soldados, até o fim do rio, enfrentando seus companheiros e seus demônios pessoais, enquanto recebe informações sobre o coronel e sua personalidade. Ele vai tentando entender o que levaria um homem como esse a uma atitude tão drástica. É um filme que apesar de ser de guerra, tem um forte componente psicológico e dramático que resgata muito bem a obra original de Conrad.

É um filme fantástico que conta com algumas das melhores cenas que o cinema já produziu, como a inicial, com a floresta sendo consumida pelo Napalm ao som de The End do The Doors ao fundo, ou então, o antológico ataque aéreo de helicópteros a uma vila inimiga, com os próprios helicópteros tocando A Cavalgada das Valquírias, de Wagner.

Pergunte a qualquer um que tenha assistido a esse filme, qual a cena que mais o marcou e certamente sua resposta será o ataque dos helicópteros.  

Além do mais é um filme de extremo realismo. Ilustra muito bem a condição dos soldados, onde o medo e confusão eram as constantes.

Sem maiores comentários. Tem que ser assistido obrigatoriamente.



Platoon – Platoon (Oliver Stone 1986)

Aborda a rotina no front da guerra, perto da fronteira com o Camboja, vivida pelo soldado Chris (Charlie Sheen), sua relação com os dois sargentos, Barnes (Tom Berenger) e Elias (William Daffoe) que se odiavam e acabaram por forjar seu caráter e transformar um jovem bobalhão em um soldado duro, porém justo.

O filme é baseado nas experiências que o próprio diretor teve na guerra do Vietnã.

Apesar de ter sido dirigido por Oliver Stone é um filme muito bom.

Me lembro que na época de seu lançamento causou verdadeiro furor pela violência explícita de suas cenas e pela maneira pouco romântica com que abordava o dia a dia dos soldados durante o período obrigatório de serviço no front – 365 dias. 

Ganhou 4 Oscar, incluindo melhor filme e diretor.

É considerado por alguns críticos de miolo mole e que certamente não assistiram a nenhum outro filme dessa lista, o melhor filme de guerra já feito. Um exagero sem tamanho.

Tem ótima trilha sonora com nomes de peso da época.


 
Bom Dia Vietnã – Good Morning Vietnam (Barry Levinson 1987)

Estrelado por Robin Williams no papel de Adrian Cronauer, um DJ que é trazido para conduzir um programa de rádio na emissora do exército dos Estados Unidos durante o começo da Guerra do Vietnã. Devido a sua irreverência e sarcasmo, ele rapidamente ganha imensa popularidade entre os soldados no front. Essas mesmas características fazem com que ele encontre muita resistência entre seus pares na rádio das forças armadas. Paralelamente a isso ele começa a dar aulas em uma escola americana que ensina inglês para os Vietnamitas e acaba se envolvendo com uma aluna e nutrindo grande amizade por seu irmão.

Embora tenha passagens bem engraçadas, é uma tolice e um rebaixamento ao filme, classificar Bom Dia Vietnã como uma comédia. É um drama de guerra com certeza.

O filme tem como pano de fundo um fato ocorrido no Vietnã em 1966. O filme é ambientado em 1965, portanto no começo do conflito, em um momento em que a presença americana era tida como suporte e apoio às tropas vietnamitas, que se encontravam em guerra contra a porção norte do país, controlada pelo vietcongue.

Embora tenha a parte cômica, o filme é muito mais profundo do que isso, abordando a delicada situação que se encontravam 2 povos muito diferentes, mas que tinham que colaborar um com o outro em face de enfrentar um inimigo comum.  


Nascido para Matar – Full Metal Jacket (Stanley Kubrick 1987)

Esse filme sensacional foi o penúltimo filme de Kubrick (o último seria De Olhos Bem Fechados de 1999).
Nascido para Matar é dividido em 2 partes totalmente distintas:

O treinamento extremamente exigente que os soldados cumprem antes de se tornarem Fuzileiros Navais (Marines), tendo, além de toda carga de treinos, a pressão quase desumana exercida pelo sargento que aplica a disciplina de maneira extremamente rígida.

É durante o treinamento que entendemos o título original do filme “Full Metal Jacket”, “com cápsula metálica” ou “encamisada” para quem entende do assunto. Ele se refere ao tipo de munição usada pelos soldados em seus fuzis de treinamento M1 (em combate usavam o M16).

A segunda parte do filme retrata o conflito propriamente dito, onde um dos integrantes do treinamento mostrado na primeira parte, está como fotógrafo das forças armadas e acaba por encontrar um antigo companheiro de treinamento e passa a fazer parte do pelotão desse e conviver com a angústia e incerteza em meio ao conflito.

É um filmaço e, junto com Apocalipse Now, meu favorito sobre o tema do Vietnã. Não bastasse isso ainda foi feito pelo mestre Stanley Kubrick. 

Obrigatório!


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