quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mundo Corporativo uma Ova, Babaquice Pura e Simples




Leio em algum portal, que mais desinforma do que qualquer outra coisa que, o jargão “experimental” é o termo mais usado por usuários brasileiros da rede social/profissional Linkedin. Em outros países como Estados Unidos e Canadá o mais usado é o clichê “criativo”, mas aqui não. Como o brasileiro é mais “criativo” que os outros vai de experimental.

Outros termos muito usados pelos brasileiros na mesma rede seriam “Multinacional”, “Interpessoal”, “Organizacional”, “Responsável”, “Planejamento Estratégico”, “Novos Desafios” e, é claro “Criativo”.

Imagine a cena abaixo:

Alguém sendo entrevistado para uma vaga de emprego solta essa:

Entrevistador:

 - Como o Sr. enxerga o ambiente corporativo atual? 

Candidato:

 - Tendo em vista os novos desafios que o planejamento estratégico organizacional  das empresas nos impõe, acredito que o fato de ser criativo, responsável e muito experimental combinados a um forte relacionamento interpessoal são meus diferenciais para alcançar uma posição nessa multinacional.  

Lindo, não?

Em sua opinião, qual das alternativas abaixo você acha que seria a reação mais equilibrada do entrevistador frente a uma resposta como essa?

(a) quebra a cara do candidato e o enxota a pontapés;

(b) chama o candidato de palhaço de circo e o enxota a pontapés;

(c) informa ao candidato que já ouviu a mesma resposta 12 vezes só aquela manhã, diz que criativo e experimental é a mãe dele e o enxota a pontapés;

(d) o contrata imediatamente.

Vamos falar a verdade. As pessoas estão cada vez mais patéticas. 

Dê uma olhada nos termos acima. 

O que querem dizer?

Absolutamente nada! 

Aposto que a maioria das pessoas que usa esses jargões em suas páginas pessoais, currículos, ou que simplesmente os ficam empregando a torto e a direito, nem sabem o que querem dizer.  Acham que é o máximo da linguagem corporativa. Só falam porque acham bonito ou que pega bem frente aos outros abobalhados como eles.

Isso daí é aprendido no 1º dia de aula de Administração de Empresas ou qualquer cursinho de MBA que existem aos montes hoje em dia.

Por falar nisso o que dizer dessa enorme quantidade de cursos de MBA que tem por aí?

Isso tinha que ser sério. Hoje em dia tem mais curso de MBA do que escolinha de informática. Antigamente não era assim e esses cursos queriam dizer alguma coisa. Hoje em dia qualquer um faz MBA, Mestrado e afins. Termina a faculdade, faz uma especialização, depois faz o MBA e depois o Mestrado. Se não tiver nada melhor para fazer, faz o Doutorado. Com um pouco de sorte aos 28 anos já é Doutor em alguma coisa.

Isso me lembra uma história que ouvi de um primo a respeito de um amigo dele que tinha um mestrado aqui no Brasil e foi fazer um curso na Alemanha. 

Quando chegou lá virou motivo de piada, pois os alemães se perguntavam como alguém com uns 27/28 anos, na época, já tinha mestrado. Só podia ser no Brasil mesmo.

É muito triste e só mostra nossa total desmoralização.

Outro caso interessante que ilustra bem nossa real dimensão de caipiras do 3º mundo, foi o do professor de Direito Constitucional de um amigo meu, na época ainda estudante (isso já deve fazer uns 12/13 anos), durante uma viagem a Paris, descobriu que lá havia uma livraria especializada em edições legais de todo o mundo. 

O bem intencionado, porém incauto, professor resolveu ir até a dita livraria e perguntou ao vendedor se ele possuía para venda algum exemplar da Constituição Brasileira, ao que foi informado prontamente que não, pois a livraria não trabalhava com periódicos.

Muito bom, não? Ótima história. E verídica também.

Voltando ao ponto, não adianta querer ficar inventando história, querendo ser grandiloquente, parecer mais culto ou profissional quando na verdade todo mundo sabe que isso é só uma enganação. Teatro. Palhaçada.
Precisamos parar com essa babaquice.

Claro que ninguém vai escrever em seu currículo, ou site, ou facebook que é um burro, idiota, desorganizado e incompetente, mas não precisa exagerar.

Se você concorda comigo, maravilha. Se acha que sou um chato que só reclama, então na sua próxima entrevista de emprego pode usar a ideia da resposta lá de cima.


Um comentário:

  1. Muito bom. O mundo está cada vez mais idiota. O autor de Idiocracy estava certo.

    ResponderExcluir