sexta-feira, 29 de março de 2013

Guia Básico de Cinema Capítulo XVII

Entrando na reta final do Guia Básico de Cinema (faltam apenas 20 filmes), trago hoje um gênero que já foi grandioso, mas que anda meio em baixa hoje em dia, com produções bem abaixo daquelas do passado. Falo dos filmes épicos, que marcaram principalmente os anos 50 e 60. Não estranhe, mas dos 5 filmes de hoje, 3 são com Charlton Heston.

Vamos a eles:


Quo Vadis - Quo Vadis (Mervyn LeRoy - 1951)

Após três anos em campanha, o general Marcus Vinicius (Robert Taylor) retorna à Roma e encontra Lygia (Deborah Kerr), por quem se apaixona. Ela é uma cristã e não quer nenhum envolvimento com um romano, mas, apesar de ter sido criada como romana, Lygia é a filha adotiva de um general aposentado e, teoricamente, uma refém de Roma. Marcus procura o imperador Nero (Peter Ustinov) para que ela lhe seja dada pelos serviços que ele fez. Lygia se ressente, mas de alguma forma se apaixona por Marcus. Enquanto isso a loucura de Nero cresce e suas atrocidades são cada vez mais ultrajantes. Quando ele decide realizar sua maior obra, coloca fogo em Roma, mas culpa os cristãos quando as coisas saem ao controle. Marcus corre para salvar Lygia e a família dela, enquanto Nero captura os todos os cristãos e os atira aos leões no Circus Maximus de Roma.

Filme espetacular, com sequências de tirar o fôlego, como a que Ursus, o protetor de Lygia, luta por ela com um touro no Circo romano. Mas quem rouba o filme é o espetacular Peter Ustinov, interpretando de maneira magistral o demente imperador Nero. Ao mesmo tempo em que Nero decide queimar Roma interira para realizar sua grande obra, ele pretende ser um artista de grande sensibilidade. Genial.

Algumas curiosidades:

- Quo Vadis teve uma preparação de 12 anos antes de começar a ser rodado, em 1949;

- Inicialmente seria interpretado por Gregory Peck como Marcus Vinicius e Elizabeth Taylor como Lygia e seria dirigido por John Huston;

- Baseado na obra de Henryk Sienkiewicz, teve, além dessa que é a mais famosa, outras 5 versões feitas para cinema entre 1902 e 2001;

- Tirando essa versão de 1951, em todas as outras foi respeitada a trama original do livro, na sequência da luta de Ursus contra o touro. No livro, Lygia está amarrada ao touro, o que torna a tarefa de Ursus muito mais difícil. Nessa versão, ela permanece amarrada em um poste, enquanto Ursus luta com o animal.    



Os Dez Mandamentos - The Ten Commandments (Cecil B. DeMIlle - 1956)

Os Dez Mandamentos nos trás a história romanceada de Moisés, desde que foi achado dentro de um cesto no rio Nilo e criado por uma princesa egípcia, até a descoberta de quem era realmente e sua missão. Moisés (Charton Heston), foi colocado em um cesto e despachado pelo Nilo. Ele é achado por Bitiah (Nina Foch), irmã do faraó. Moisés é criado como irmão do faraó (Yul Brynner). O faraó tem ciúmes de Moisés e, depois de várias conspirações, descobre a origem deste. Moisés é banido, porém, alguns anos mais tarde, tem revelada sua missão no monte Sinai, devendo voltar ao Egito e libertar seu povo da escravidão.

- Na Bíblia, o faraó da épóca de Moisés não recebe nome. No filme e segundo alguns historiadores, tal faraó se trataria de Ramsés II;

- Os Dez Mandamentos foi uma refilmagem de um filme homônimo, dirigido pelo próprio Cecil B. DeMille em 1923, sendo portanto um filme mudo;

- Foi esse filme que abriu as portas dos épicos para Charlton Heston, então um jovem promissor com 30 anos, que filmaria mais tarde os clássicos Ben Hur e El Cid;

- O filme consumiu tanto da energia do diretor que esse chegou a ter um ataque cardíaco durante as filmagens, tendo que se ausentar forçosamente, voltanto depois de alguns dias, contrariando ordens médicas;

- A cena das águas do Mar Vermelho se abrindo ainda é uma das mais famosas e impressionantes da história do cinema 


Ben Hur - Ben Hur (William Wyler - 1959)

Ben Hur narra a trajetória do príncipe semita e rico mercador Judah Ben Hur (Charlton Heston), que é acusado de atentar contra a vida do um governador romano em Jerusalém. O acusador é seu ex-amigo de infância e agora oficial romano Messala (Stephen Boyd). Ben Hur é preso e enviado às galés romanas como escravo. Sua sorte muda quando salva um cônsul romano de um ataque de piratas no Mediterrâneo. É adotado como filho e herdeiro do cônsul e quando este morre, volta para procurar por sua mãe e irmã e para buscar vingança contra Messala.

Ben Hur é um filme maravilhoso e espetáculo para os olhos. É incrivelmente bem feito. Em uma época em que os efeitos especiais não tinham recursos eletrônicos, tudo era feito literalmente "no braço". A sequência da corrida de quadrigas é a mais impressionante que já vi em toda minha vida. É magnífica.

Curiosidades:

- O Ben Hur de 1959 foi a 3ª versão para cinema da obra de Lewis Wallace, publicada em 1880;

- Wallace foi um general americano que participou da guerra de anexação do Texas e mais tarde da Guerra Civil Americana. Ateu convicto, Wallace passou 6 anos pesquisando e desejava escrever um livro provando que Jesus Cristo nunca havia existido. Ao final de suas pesquisas não só estava totalmente convencido de sua existência, como se tornou cristão convicto e escreveu a narrativa de Ben Hur, que segue sua trajetória e acaba tendo um encontro com Jesus;

- Foi o 1º filme a ganhar 11 Oscars, mantendo o recorde por quase 40 anos e, apesar da estória de Ben Hur já ser conhecida por conta dos filmes anteriores, seu enorme sucesso salvou o estúdio MGM da falência;

- Ben Hur é tão grandioso que ao final, sua produção consumiu 3.000 cenários, que ocuparam uma área de 5.999 quilômetros quadrados;

- Para a cena das quadrigas, foram importados 78 cavalos da então Iuguslávia, sendo que sua filmagem em 94 dias, representou 1/3 do total da produção do filme como um todo, para uma sequência de pouco mais de 20 minutos. 


El Cid - El Cid (Anthony Mann - 1961)

A trajetória de Rodrigo Diaz de Bivar, mais conhecido como El Cid (Charlton Heston), herói espanhol do século XI que uniu os católicos e os mouros do seu país para lutar contra um inimigo comum: o emir almorávida Ben Yussuf (Herbert Lom). Esta longa jornada começou quando Rodrigo, um súdito do rei Ferdinand de Castella, Leão e Astúrias (Ralph Truman), liberta cinco emires que eram prisioneiros dele e por causa deste ato é acusado de traição. Don Ordóñez (Ralf Vallone) o acusa inicialmente, mas na corte é o Conde Gormaz de Oviedo (Andrew Cruickshank) quem acusa duramente Rodrigo e humilha Don Diego (Michael Hordern), o pai de Rodrigo. Estes acontecimentos acabam provocando um duelo de Rodrigo com o Conde Gormaz, o campeão do rei. Rodrigo o mata, mas acontece que Gormaz também era pai de Jimena (Sophia Loren), a mulher que Rodrigo amava e com quem ele pensava em se casar. Mas, em virtude do acontecido, ela passa então a odiar (ou pensa, que odeia) Rodrigo, seu antigo amor. Aproveitando este momento conturbado Ramiro, rei de Aragão, exige a posse da cidade de Calahorra e sugere que ela seja disputada entre os paladinos de cada reino em uma luta até a morte. Então Rodrigo se apresenta para duelar pelo seu rei, pois ele tinha matado Gormaz, o antigo paladino, e se Rodrigo vencesse o combate contra Don Martin (Christopher Rhodes), que já tinha matado vinte e sete homens em combates corporais, seria perdoado pelo rei. 

Algumas opiniões são controversas em relação ao El Cid real. Enquanto uns dizem que ele foi um verdadeiro herói que uniu a Espanha contra invasores mouros, outros sustentam que ele era na realidade um mercenário com um exército poderoso que lutou por quem pagou melhor. 

A mesma dualidade se dá em relação ao período em que se tornou senhor de Valência, quando, segundo alguns ele foi um governante justo e equilibrado, outorgando à cidade um estatuto de justiça, implantando a religião cristã, ao mesmo tempo em que reconstruiu a mesquita dos muçulmanos. Outros, porém, o descrevem como alguém que mandou torturar e queimar vivo seu antigo governante, Ben Yahhaf, pois esse teria sido responsável pela morte de Al-Cadir, amigo de El Cid.

Seja como for, fica a lenda em torno desse grande guerreiro conquistador, que foi transportada de maneira sensacional para o cinema, apresentando Charlton Heston em uma de suas melhores atuações e Sophia Loren no auge de sua beleza.


Cleopatra - Cleopatra  (Joseph L. Mankiewicz - 1963) 

O filme narra a ascensão e queda da última rainha do Egito e sua luta para defender seu país do domínio de Roma. O 1º desafio de Cleopatra (Elizabeth Taylor) se encontra no próprio Egito, na figura de seu irmão Ptolomeu XIII, que é regente juntamente com a irmã mais velha, mas quer governar sozinho. Cleopatra conta com a ajuda de Julio Cesar (Rex Harrison) que está em campanha no Egito e resolve a questão em nome de Cleopatra, agora sua amante. Ela e Julio Cesar tem um filho, Cesario. Cleopatra entende que agora está tranquila, porém o assassinato de Cesar a coloca em perigo novamente. Agora Cleopatra se torna amante de Marco Antônio (Richard Burton), mas sua guerra com Otávio (Roddy McDowall), sobrinho e herdeiro de Julio Cesar pode colocar um fim em seus planos de governar com independência o Egito e controlar as rotas no Mediterrâneo.

- Cleopatra foi o 2º filme mais caro da história do cinema - só perdendo para a fantasia abobalhada Avatar -  custando à época U$ 44 milhões. Em valores atualizados para 2005, o valor seria de U$ 286 milhões. 

- Apesar de ter recuperado o investimento, o filme foi considerado um fracasso de bilheteria, quase levando à falência a 20th Century Fox, que produziu o longa.

- Esse foi o 1º de 11 filmes em que Elizabeth Taylor e Richard Burton atuaram juntos.

- Elizabeth Taylor foi a 1ª atriz a receber U$ 1 milhão por sua atuação. O recorde até então era de Audrey Hepburn com U$ 750 mil por Bonequinha de Luxo.

- Durante as filmagens, Elizabeth Taylor trocou de figurino 65 vezes, um recorde que só foi batido mais de 35 anos depois pelo filme Evita, onde Madonna troca de roupa 85 vezes.

Foi o vencedor do Oscar em 4 categorias.


quarta-feira, 27 de março de 2013

O Brasil é o País do Futuro!

Leio no UOL uma notícia simplesmente estarrecedora!

O (des)governo do PT quer baixar uma MP (medida provisória) para perdoar 90% do montante total da dívida bilionária dos clubes de futebol. Isso mesmo. Se não acredita em mim veja aqui.

É uma vergonha, um verdadeiro acinte. Se você não está com paciência de ler a matéria, eu faço um resumo.

A pasta dos esportes, a cargo do "genial" Aldo Rebelo quer, com uma canetada, perdoar 90% da dívida dos clubes de futebol, dívidas essas que qualquer contribuinte pode adquirir tranquilamente ao longo de sua vida sem ser minimamente importunado. São dívidas com o  INSS, Receita Federal e de recolhimento de FGTS. Segundo o Ministério dos Esportes, a dívida dos 20 principais clubes brasileiros gira em torno de R$ 4 bilhões. Ou seja, o governo quer fazer de conta que R$ 3,6 bilhoes simplesmente não existem. Não contam. Nem vou me ater ao fato do não recolhimento das obrigações acima ser um ato criminoso. Vou ficar apenas na proposta.
 
Aparentemente a coisa não é tão simples.  Os clubes não vão se dar bem assim tão fácil. Segundo Toninho Nascimento, jornalista e secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor (imagine se nos EUA, por exemplo, existiria uma secretaria nacional para o baskete, baseball ou outro esporte popular qualquer), os clubes terão uma contrapartida para o perdão da dívida. De acordo com o projeto, para ter o benefício, os clubes terão que realizar projetos sociais (claro!), abrindo estruturas esportivas gratuitamente para jovens das comunidades próximas ao clube. Que maravilha! Que idéia genial! Como não pensaram nisso antes?

Ainda segundo Nascimento, o clube que faltar com sua parte no acordo pode sofrer punições "severíssimas", como perda de pontos e até rebaixamento no Campeonato Brasileiro, bem como será impedido ter acesso a financiamentos públicos e de realizar contratos com entes federais. Viu só que beleza? Agora o andamento do Campeonato Brasileiro também é de responsabilidade do governo federal. Olha que situação esdrúxula: o time que for campeão brasileiro corre o risco de ser rebaixado caso não cumpra sua parte no acordo. 

Perguntinha: quem vai fiscalizar isso?

Para Nascimento nenhum cartola seria louco de sujeitar seu time e torcida a uma situação dessa. Claro que não! Nossos dirigentes estão acima de qualquer suspeita e sabendo que podem pegar mais dinheiro público, já que provavelmente não precisarão pagar mesmo, certamente construirão umas canchas para a criançada.

O pior não é isso, mas o fato de não haver uma forma prevista de restabelecer a dívida dos clubes que não fizerem o combinado. O que está previsto são apenas sanções às agremiações, mas não uma forma de obrigá-los a cumprir o acordado.

Toninho Nascimento proferiu também uma frase bastante interessante a respeito da situação dos clubes. 

Disse ele:  

"Não podemos tratar os clubes de futebol, alguns com mais de 100 anos de idade, como empresas comuns".

O que ele quer dizer com isso? Que só porque existem clubes ali que estão há mais de 100 anos sendo mal administrados, devem ter tratamento especial? É o fim da picada!

O que você acha que aconteceria com uma empresa qualquer que devesse R$ 100 milhões em tributos federais e não conseguisse pagar? Seria executada com certeza e seus sócios responderiam civil e criminalmente. Nunca ouvi falar de cartola que foi responsabilizado por coisa alguma.

Nascimeto vai além em seu argumento de boteco e de dispara:

"Por exemplo, se o clube deve R$ 100, pode investir R$ 70 ou R$ 80 em um bom projeto de base, e assim quitar essa dívida".

Na sequência:

 "A dívida dos clubes é impagável. É uma maneira de investir na formação de jovens talentos e futuros atletas, de fortalecer o esporte brasileiro".

Devemos entender então que o clube não tem como quitar suas dívidas, ou seja, é insolvente, mas devemos acreditar que investirão o montante "anistiado" na formação de novos talentos.

Ah sim. Já is me esquecendo. Os 10% restantes da dívida, agora seu total, deverá ser pago em dinheiro... parceladamente, é claro.

Agora, como os clubes que deviam 100, pagaram ou estão pagando 10 vão investir os outros 90 que nunca tiveram? A resposta abaixo:

Depois de feito o acordo, os clubes podem emitir suas certidões negativas de débito e pleitear financiamentos e linhas de crédito público. Que maravilha! Os clubes podem pegar (mais) dinheiro do contribuinte para investir em infraestrutura e, ATENÇÃO! realizar os projetos sociais com os quais estarão pagando suas dívidas. 

Muito legal isso. Vejamos o passo a passo do descaramento: 

1- Os clubes ficam devendo bilhões. 
2- O governo perdoa 90% da dívida. 
3- O clube precisa investir em "projetos sociais" o equivalente aos 90% perdoados, mas não tem dinheiro. 4- O clube, agora milagrosamente saneado, já pode pegar dinheiro público para investir em seus respectivos projetos para pagar suas dívidas.

Isso é que é pais sério.

Não custa nada lembrar que uns anos atrás foi criada a Timemania, loteria destinada ao pagamento das dívidas dos clubes.

A idéia é do deputado do PT (é óbvio) Vicente Candido, que por um acaso vem a ser vice-presidente da Federação Paulista de Futebol. Luiiz Inácio Boleiro da Silva também defende e apóia a idéia, fazendo pressão no Palácio do Planalto. Isso é mais que evidente. Petitstas adoram fazer caridade com o dinheiro alheio. E os clubes que não tem dívidas? Terão algum benefício por terem sido um pouco mais organizados e sérios? Duvido.

Abaixo a tabela do Ministério dos Esportes com os maiores devedores:

Dívidas x Receitas 2011 - Em R$ Milhões*

  Dívidas Receitas Indicador
Atlético-MG 368 100 3,7
Botafogo 564 59 9,6
Corinthians 178 290 0,6
Cruzeiro 120 129 0,9
Flamengo 355 185 1,9
Fluminense 405 80 5,1
Grêmio 199 143 1,4
Internacional 197 198 1,0
Palmeiras 245 148 1,7
Santos 208 189 1,1
São Paulo 158 226 0,7
Vasco 387 137 2,8

terça-feira, 26 de março de 2013

Discoteca Básica de Rock Volume XII

Continuando a Discoteca Básica, 5 discos de artistas solo:


George Harrison - All Things Must Pass (1970)

Tratado muitas vezes apenas como o "outro" guitarrista dos Beatles ou o Beatle "quieto", George Harrison não poderia ser mais injustiçado. Com certeza ele não teve o mesmo volume de composições de Lennon e McCartney, mas se você escutar os discos dos Beatles e prestar a atenção às musicas de Harrison que aparecem neles, vai perceber que todas são boas. Algumas das melhores músicas deles são, inclusive de Geroge Harrison, como While My Guitar Gently Weeps, Something e Here Comes the Sun.

All Things Must Pass é o 3º disco da carreira solo de George Harrison e o 1º depois dos Beatles. É certamente seu melhor trabalho solo. Um disco extremamente ambicioso, lançado como um álbum triplo em vinil e, mais tarde, em CD duplo. O disco tem alguns dos maiores clássicos de Harrison, sendo produzido por Phil Spector e gravado com a participação de nomes de peso do rock, como Eric Clapton e o baterista Jim Goordon, ex-Traffic e Derek and the Dominos.Um disco obrigatório.



Van Morrison - Moondance (1970)

Van Morrison começou sua carreira musical a frente da banda irlandesa Them. O Them era uma banda de Rhythm and Blues barulhenta e Morrison cantava e ainda canta muito. No meio dos anos 60, foi parte importante da British Invasion, emplacando sucessos como Baby Please Don't GoGloriaHere Comes the Night. Morrison deixou o Them em 66 e seguiu uma carreira solo muito consistente. Com sua saída do Them, ele foi auxiliado pelo antigo produtor da banda, Bert Berns, a lançar sua carreira solo. A parceria com Berns rendeu apenas o disco, Blowin' Your Mind, já que Berns foi vítima de um ataque cardíaco fatal. A partir daí Morrison começa seu período mais criativo, lançando em sequência seus 2 melhores discos, Astral Weeks em 68 e Moondance em 70. Van Morrison prosseguiu lançando discos durante toda sua carreira. Seu último trabalho foi Born to Sing: No Plan B, de 2012.

Apesar de Astral Weeks ser considerado sua obra-prima, prefiro Moondance, e é por isso que o escolhi, embora pudesse ter escolhido Astral Weeks sem problemas, pois o nível de ambos é altíssimo. Acredito que Van Morrison não seja dos artistas mais conhecidos aqui no Brasil, mas sua qualidade é inquestionável. Monndance é um disco muito sólido, leve, nostálgico, com toques de soul e jazz. É um deleite. Boa música para quem aprecia.

Músicas-chave: And it Stoned Me, Moondance e Caravan.


Paul McCartney - Band on the Run (1973)

Paul McCartney dispensa apresentações. O baixista, compositor e vocalista dos Beatles foi sem dúvida quem teve a careira solo de maior sucesso depois do final da banda em 1970.

Bando on the Run, é o 6º disco solo lançado por McCartney e o 5º depois de sua saída dos Beatles (ele havia lançado The Family Way em 67). Esse trabalho bem como todos entre 71 e 81 foi feito com sua banda de apoio Wings, que a princípio era para acompanhá-lo em turnês, mas manteve-se com ele e teve algumas formações ao longo de 10 anos. Esse disco também foi seu disco que recebeu melhores críticas, chegando ao topo dos charts britânico e americano, onde ficou por 4 semanas. Depois de Band on the Run, um disco de Paul só voltaria a receber críticas tão boas com Tug of War, de 82. Alguns de seus maiores sucessos solo são daqui. É um disco muito bem feito e consistente, atingindo, depois dos Beatles, é claro, seu auge musical.

Músicas-chave: Band on the RunJetLet Me Roll It.


Neil Young - Zuma (1975)

Depois de aparentemente ter exorcisado seus demônios interiores com o catártico Tonight's the Night, Neil Young retornou à sua forma comercial com o excelente Zuma. O nome é em referência à Zuma Beach, na Califórnia, onde Young havia comprado recentemente uma casa. Para mim é muito difícil escolher entre tantos, um disco dele. Já havia falado aqui de sua obra-prima, Harvest, e hoje retorno com outro de meus favoritos. É um disco recheado de grandes composições, inclusive minha favorita de Neil Young, Cortez the Killer, que faz um retrato não muito lisonjeiro do conquistador espanhol Hernan Cortez(s), que é considerado por alguns como um genocida (não é bem assim, mas o assunto aqui é música e não história). A música Cortez the Killer ficou durante anos proibida de ser executada na Espanha, por conta de seu conteúdo acusador a Cortez(s).



Bruce Springsteen -  The River (1980)

Se você acha que Bruce Springsteen é apenas Born in the U.S.A. e Streets of Philadelphia, pense novamente. Em atividade desde o final dos 60, ainda adolescente, Springsteen lançou seu 1º disco em 1973, claramente inspirado na sonoridade folk de Bob Dylan. É desse disco, Greetings From Asbury Park, N.J. a ótima Growing Up, que foi gravada por David Bowie em Pin Ups. Em 75 Springsteen lança o clássico Born to Run, continuando sua evolução que atingiria a maturidade em The River, de 1980.

The River é um sensacional disco duplo desse grande artista americano. Os temas recorrentes de suas músicas são a desilusão e os conflitos familiares vivenciados pela classe operária americana. Não se trata de propaganda ou ideologia, apenas o ponto de vista de Springsteen sendo apresentado claramente, porém sem emitir julgamentos, ao contrário do que ocorreu em seu trabalho anterior, Darkness on the Edge of Town. Ótimo ponto de partida para quem quiser conhecer melhor a bela obra Bruce Springsteen, antes de se tornar um astro pop nos anos 80.


segunda-feira, 25 de março de 2013

Tipinhos Imprestáveis IV

Volto hoje à um tema que já tratei aqui em algumas ocasiões: os tipinhos impretáveis. 

Sim, faz um certo tempo que não falo deles, então me pareceu boa idéia voltar a abordá-los já que somos obrigados a conviver diariamente com algumas dessas figuras tão desagradáveis, que só servem para infernizar nossa vida.

Meu escohido de hoje é certamente um tipinho que todos conhecem e, quem sabe, tem um contato diário. É terrível e assume as mais variadas formas, podendo ser um pai, uma irmã, um chefe, cunhado e assim por diante. É o mundialmente famoso O Bom! É simplesmente o máximo.

Você conhece o tipo. Se aplica tanto a homens como mulheres. Na maioria das vezes é homem, mas existem várias mulheres que integram esse rol.

Tudo o que ele possui ou realiza é sempre incrivelmente melhor que o que você tem ou faz. Não falha uma. 

É sempre o mais bonito, mais rico, mais inteligente, o melhor em todos os esportes, mais culto, mais bem sucedido, faz as coisas mais interessantes, é irresistível para o sexo oposto, etc. Não deve ser confundido com outro tipinho imprestável de que já tratei aqui: o sabe-tudo. O sabe-tudo, embora seja um chato insuportável, é apenas um teórico. Nosso o bom, além de saber das coisas, coloca em prática o que diz (ou mente que coloca). 
 
Digamos que você conseguiu sair com alguma colega que estava de olho faz algum tempo. O bom, desde sempre sabia que tal colega estava interessada nela, o bom, e não em você. OK. Quando o bom fica sabendo que é você quem está saindo com ela, como ele reage? 

a) percebe que não era a fim dele que a colega estava e sim de você e se dá por vencido, como uma pessoa racional?

ou

b) acha que o fato dela estar saindo com você apenas evidencia o quão apaixonada na realidade está por ele, o bom, e só está saindo com você para fazer ciúmes à ele ou então para te usar para conseguir maiores informações sobre ele, o bom?

Para a maioria das pessoas, a alternativa correta é a letra A. Porém para um ser anormal e totalmente desprovido de limites, como o bom, a resposta a se aplicar é a letra B.

O problema não é só esse. O problema é que, na maioria das vezes, ele vai precisar te rebaixar para conseguir se sobressair. Nunca, em nenhuma hipótese, nada seu será melhor que o dele. Suas ações, feitos e conquistas nunca serão, nem de perto, equivalentes às dele. 

Pode ir desde um fato bobo corriqueiro até um bem de grande valor financeiro. Você nunca vai vencê-lo. Mesmo que você tenha conseguido superá-lo materialmente em algum bem de consumo, digamos um carro novo qualquer, certamente você será rebatido com a seguinte justificativa por parte do bom: 

- Eu até pensei/poderia comprar um desses (na maioria das vezes dirá um que seja superior ao seu), mas não preciso. Para minhas necessidades o meu está ótimo.

Outro comentário do bom quando foi superado é o despeito puro e simples. Algo assim (ainda em relação aos carros):

- Não gosto desse modelo.

ou

- Dizem que dá muita manutenção.

ou

- Um amigo meu teve um desses e disse que é uma droga. Detestou tanto que já trocou por um como o meu!

ou

- Carro de verdade mesmo é X (modelo ou marca que ele tem).

ou

- O seguro é caro, consome demais, desvaloriza muito, anda mal, ninguém vai querer comprar depois, após 5 anos parecerá que tem 15, etc.

Inveja pura.

Você pode substituir o exemplo do carro por outro qualquer bem que o resultado será sempre o mesmo. 

Um detalhe importante. Perceba que ele nunca irá se referir ao valor financeiro da coisa. Ele não admitiria em nenhuma hipótese que não tem porque não pode comprar. Ele sempre pode, apenas não quer ou não precisa.

Mas isso é algo tangível. Imagine algo que não tem como mensurar. Um dia em seu expediente de trabalho, por exemplo. Imagine todas as coisas fantásticas que ele consegue realizar por dia. Pense nos pobres imbecis que não conseguem fazer seus respectivos trabalhos à altura. Além de desempenhar brilhantemente suas funções, ainda tem que consertar os erros dos outros.

Por falar em erro, essa é uma palavra que não existe em seu vocabulário. Se algum equívoco foi cometido, obviamente não foi por ele e nem por culpa dele. Se alguém errou, logicamente não foi ele, pois o bom não erra. Nunca!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Guia Básico de Cinema Capítulo XVI

Hoje amis 5 clássicos importantes:


Crespúsculo dos Deuses - Sunset Boulevard (Billy Wilder - 1950)

O fracassado roteirista de cinema Joe Gillis (William Holden), fugindo de uns credores que pretendem tomar seu carro, entra, para se esconder, em uma mansão na Sunset Boulevard que parece abandonada. Acontece que a tal mansão é a residência de Norma Desmond (Gloria Swanson), decadente estrela do cinema mudo que não conseguiu seguir com a carreira no cinema falado e vive reclusa, com a companhia de seu sinistro mordomo/motorista Max Von Mayerling (Erich Von Stroheim). Para manter seu esconderijo, Gillis aceita reescrever o roteiro de Demond que marcará seu retorno triunfante às telas. O que parece ser o acordo ideal aos poucos vais e tornando um pesadelo para Gillis, pois ao mesmo tepo em que percebe a loucura e carência de estrela, entende que é também sua propriedade.

Crepúsculo dos Deuses é um filme estraordinário, sendo considerado pelo American Film Institute como o 16º melhor filme americano já feito. É justo. A estória é fantástica, as atuações, principalmente de Gloria Swanson e Erich Von Stroheim são espetaculares, o final é surpreendente e tem alguns dos melhores diálogos que já vi. O filme faz também uma observação muito interessante sobre a efemeridade da fama e de com que facilidade antigas estrelas são dispensadas sem a menor cerimônia. Ganhou o Oscar em 3 categorias.


Uma Rua Chamada Pecado - A Streetcar Named Desire (Elia Kazam - 1951) 

Baseado na peça homônima de Tennessee Williams, Uma Rua Chamada Pecado, nos trás Blanche DuBois (Vivien Leigh), uma mulher perturbada que vai visitar sua irmã grávida Stella (Kim Hunter) em Nova Orleans. Ela também está em busca de um lugar para ficar, apos de ter sido expulsa de sua cidade natal no Mississippi, depois de seduzir um jovem de 17 anos. Acontece que  Blanche é refinada e frágil e Stella é casada com Stanley (Marlon Brando), um brutamontes insensível jogador de cartas que não está disposto a acolher a cunhada que não aprova seus modos e costumes. O conflito entre ambos é inevitável.

Esse foi o 1º de 3 filmes em que Marlon Brando foi dirigido por Elia Kazam. Os outros foram Sindicato de Ladrões (aqui embaixo) e Viva Zapata!. A personagem de Blanche em certa forma é muito semelhante à personagem Norma Desmond, de Crepúsculo dos Deuses. Ambas viem em seu próprio mundo de fantasia e meias-verdades, sem se dar conta de sua decadência. As atuações de Brando e Leigh são extraordinárias e elevam enormemente o filme. Preste a atenção em uma cena em que Stanley e Blanche discutem. Stanley, em um acesso de fúria, quebra tudo que há em cima da mesa. Nessa cena, é possível perceber, mesmo o filme sendo em preto e branco, que Brando está pálido de raiva. Não é apenas a representação da raiva de Stanley. É o próprio Brando que está morrendo de ódio naquele momento. Isso é que é entrar no personagem. Outra cena famosa é aquela em que Stanley está parado na chuva no portão de sua casa e chama por Stella. Parece bobagem, mas é uma das cenas mais famosas do cinema. Certamente você já deve ter visto pelo menos essa trecho em algum lugar. É antológica. Ganhou 4 Oscars, inclusive de Melhor Atriz para Vivien Leigh.


Sindicato de Ladrões - On the Waterfront (Elia Kazam - 1954)

Terry Malloy (Marlon Brando), é um ex-boxeador que já foi grande, mas que agora trabalha para a gangue de Johnny Friendly (Lee J. Cobb) que comanda o corrupto sindicato do porto. O irmão de Terry, Charley Malloy (Rod Steiger), é o advogado pilantra do sindicato que, juntamente com Friendly, arma uma cilada para o delator John Doyle (John F. Hamilton) usando Terry como isca. A princípio Terry não percebe o que está para acontecer, sendo o inocente útil da história, mas quando Doyle acaba assassinado, ele se sente culpado e passa a tentar consetar seus erros do passado, lutando diretamente contra o sindicato e sofrendo as consequências de seus atos.

Sindicato de Ladões é um filme espetacular, que foi vencedor do Oscar em 8 categorias, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Ator para Brando. É uma estória muito interessante e que foi inspirada em Crimes on the Waterfront, uma série de artigos publicados no jornal New York Sun, pelo jornalista Malcolm Johnson, vencedor do prêmio Pulitzer de 1949 justamente pela publicação da série. É desse filme a famosa frase proferida pelo personagem de Marlon Brando "I could'a been a contender", quando toma consciência de sua situação de mediocridade, quando chegou a ser uma estrela talentosa do boxe.


A Marca da Maldade - Touch of Evil (Orson Welles - 1958)

Em uma cidadezinha na fronteira do México com os Estados Unidos, o chefe de polícia mexicano Ramon Miguel Vargas (Charlton Heston), que está em lua-de-mel com sua esposa Susan Vargas (Janet Leigh), começa a investigar um assassinato ali ocorrido. Eu sua investigação ele se confronta com o Hank Quinlan (Orson Welles), o corrupto capitão de polícia americano que faz literalmente tudo para manter seu poder inabalado.

Não ligue para o fato de Charlton Heston fazer o papel de um mexicano. A Marca da Maldade é um clássico absoluto do cinema americano. Orson Welles, que também dirige o filme, está perfeito como o policial porco imundo que faz o que bem entende, passando por cima de todo e qualquer conceito ético e moral. Se quer um cara sem escrúpulos, é esse. É um enredo sensacional sobre uma estória que envolve de maneira perversa, assassinato, sequestro e corrupção policial. A sequência de abertura em que Ramon Vargas atavessa a cidade dirigindo, é uma das mais longas do cinema sem cortes de câmera, com aproximadamente 6 minutos. Obra imortal de Orson Welles.


Gata em Teto de Zinco Quente - Cat on a Tin Roof (Richard Brooks - 1958)

Brick Pollitt (Paul Newman) é um ex-astro de futebol americano e casado com a bela Maggie (Elizabeth Taylor). O casamento, porém, não vai nada bem, com Brick simplesmente desprezando sua esposa que ainda o ama muito, por conta de um incidente com seu amigo de campo Skipper, que abandonou a carreira. Por algum motivo, Brick culpa Maggie pelo ocorrido. Brick também não quer saber de seu pai, "Big Daddy" Pollitt (Burl Ives) que está morrendo de câncer. Ninguém sabe desse fato, até que chega o aniversário de Big Daddy e toda a família deve se reunir, incluindo o irmão de Brick, Gooper, um advogado ambicioso e sua esposa intrometida. Agora que todos estão reunidos segredos serão desenterrados e verdades serão ditas entre todos.

Esse é outro filme baseado em peça de Tennessee Williams, mas dessa vez o autor detestou de tal maneira o resultado cinematográfico que fez campanha contra o filme. Uma de suas queixas era a supressão do teor homossexual que cercava o relacionamento entre Brick e Skipper. Ao invés disso, o estúdio o censurou, transformando Brick em um mero desajustado, ao invés de alguém que luta com sua identidade sexual. Apesar de contar com astros consagrados como Elizabeth Taylor e Paul Newman, quem rouba a cena é o ator Burl Ives, que faz magistralmente o papel do patriarca sulista que luta contra a doença ao mesmo tempo em que lida com os problemas e segredos dos filhos.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Causou na balada



Já percebeu que é cada vez mais frequente nos depararmos com o termo "causou" ou "causar" em textos e reportagens, principalmente na internet? Isso não exclui, obviamente, o fato de que diversas pessoas também acabam repetindo. O problema não é o termo em si, mas a maneira como vem sendo empregado constantemente.

Darei um exemplo para ilustrar. Quantas vezes você já se deparou com a seguinte manchete em algum portal de notícias?

- Fulana de tal (provavelmente uma subcelebridade qualquer) "causou" em balada. 

Se você já havia reparado nisso, certamente entende que empregar o(s) termo(s) citado(s) da maneira acima é uma estupidez e uma ignorância, sem contar que quem o profere ou escreve passa imediatamente a um atestado de analfabetismo ou de alfabetização precária.

É o típico caso de burrice que acaba "pegando" e vira moda.

Provo o que digo.

Vamos analisar a frase acima:

- Fulana de tal causou em balada.

OK. Qualquer pessoa minimamente alfabetizada percebe que causou é conjugação do verbo causar. Todos sabem que causar é um verbo.

Acontece que causar é um verbo transitivo direto, ou seja, exige complemento por objeto direto.

Quem causa, causa algo, certo?

O que a Fulana de tal do exemplo acima teria causado na balada? Escândalo? Furor? Medo? Mortes? Um incêndio? O mais provável é que tenha causado vergonha.

Simples não?

É o mesmo caso do exemplo abaixo:

- João comprou.

Comprou o que afinal? A frase fica incompleta e sem sentido, certo?

Tente assim:

- João comprou um caderno.

Viu a diferença?

O que é mais absurdo nessa história é o fato de que quem escreve esse tipo de coisa é jornalista. Ou deveria ser pelo menos. Acredito que um dos requisitos básicos para se exercer a profissão seja o domínio da língua portuguesa.

Tempos atrás, uma discussão sobre a necessidade ou não do diploma em jornalismo para o pleno exercício da profissão de jornalista foi tema de debate no STF. De maneira estúpida, só para variar, foi decidio pela manutenção da exigência do diploma. O exemplo acima deixa claríssimo que tal exigência é absurda. Qual o motivo de se fazer uma faculdade onde o domínio do portugês é essencial, para depois escrever esse tipo de asneira?

Outra expressão insuportável e que é usada constantemente é a ridícula "ninguém merece". Essa já é usada há vários anos e acredito que veio para ficar. Mas é deprimente mesmo assim. Pelo menos essa faz sentido, já que é sempre empregada depois que alguem relata ou vivencia determinada situação.

De qualquer maneira é um claro empobrecimento da língua portuguesa que demonstra de maneira evidente o processo de emburrecimento que já vem acontecendo há algum tempo em nosso país.

Quantas vezes você já viu alguém escrever "mais" ao invés de "mas"? Está cada vez mais comum. Veja no exemplo abaixo:

- Gosto de você, mais já tenho namorada.

Absurdo total. E isso é escrito. É só dar uma checada no facebook ou em qualquer diálogo pelo msn ou skype. Será que quem escreveu não percebeu o erro grosseiro que cometeu?

Mas não é só na escrita que a coisa vai de mal a pior não. Falando o desastre também é grande. Quer um exemplo? E o eterno para "mim" fazer? MIM não conjuga verbo, cara pálida. EU conjugo verbo. Viu que como é simples?

Vou ficando por aqui para não me alongar nesse assunto tão enfadonho, mas que me deixa muito irritado.

Tenho certeza de que quem me lê não comete esse tipo de erro e nem "causa" em lugar nenhum.

P.S. Não sou professor de português nem quero ficar dando aulas, mas algumas coisas são tão básicas que nem deveriam ser mencionadas.


 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Discoteca Básica de Rock Volume XI

Hoje, mais 5 clássicos, alguns talvez não muito conhecidos, da melhor época do rock:


Spirit - Twelve Dreams of Dr. Sardonicous (1970)

Formado em 1967, em Los Angeles, o Spirit não é uma típica banda californiana da época. Seu som é mais encorpado, misturando vários elementos como blues, folk e jazz, ao rock psicodélico em voga. Outro fato interessante é que a banda tinha integrantes com idades entre 16 e 44 anos. Acontece que o guitarrista Randy Califórnia - um prodígio -, tinha apenas 16 anos quando formou a banda com seu padrasto, o baterista de jazz Ed Cassidy, então com 44 anos que havia trabalhado com grandes nomes do jazz como Art Pepper, Roland Kirk e Gerry Mulligan. Randy California, cujo nome era Randolph (Randy) Wolfe, foi apelidado assim por Jimi Hendrix, quando tocaram juntos na 1ª banda de Hendrix, Jimmy James and the Blues Flames. Nessa época, Hendrix, que usava o nome Jimmy James, já tinha em sua banda outro "Randy", o baixista Randy Palmer, e assim, para diferenciá-los, adotou seus respectivos estados de origem após seus prenomes, ficando assim Randy "Texas" para Palmer e Randy "California" para Wolfe. Depois de tocarem juntos naquele verão, Hendrix foi para a Inglaterra, onde formou o Jimi Hendrix Experience. Randy California foi convidado para ir junto, mas era muito jovem e, com apenas 15 anos, voltou para casa.

Tweve Dreams of Dr. Sardonicus é o 4º trabalho dos caras e também seu disco mais consistente. Embora durante sua carreira o Spirit não tenha alcançado tanto sucesso comercial, Dr. Sardonicus foi melhor nesse quesito, emplacando um enorme hit com a belíssima Nature's Way. Outro fato característico desse disco é que, na versão original, ele começa e termina com a mesma frase sendo repetida. Com o lançamento da versão em CD de 96, foram incluídas absurdamente 4 faixas bônus, que simplesmente não fazem nenhum sentido e que quebraram a unidade do disco. Se você um dia comprar o CD, ouça até a música Soldier apenas.
Beck, Bogert and Appice - Beck, Bogert and Appice (1973) 

Beck, Bogert and Appice, é um supergrupo de estrelas do rock, formado pelo espetacular guitarrista Jeff Beck, que dispensa maiores apresentações, pelo baixista Tim Bogert e o baterista Carmine Appice, ambos provenientes das bandas Vanilla Fudge, psicodélica e Cactus, de hard-rock. Uma colaboração entre os três já havia sido desenhada alguns anos antes, mas Beck sofreu um acidente de carro e ficou mais de um ano "de molho". Assim, Bogert e Appice formaram, juntamente com o vocalista Rusty Day e o guitarrista Jim McCarty, o Cactus. O Cactus era uma banda apenas "OK", apesar dos talentos de Bogert e Appice, não conseguindo grande sucesso comercial e nem de crítica. Durou pouco. Depois de seu fim, finalmente puderam se reunir com Jeff Beck para esse projeto.

A parceria entre os três durou 2 anos e rendeu apenas 1 disco de estúdio, mas o resultado é espetacular. Beck, Bogert and Appice é um dos melhores discos do gênero, podendo rivalizar tranquilamente com alguns trabalhos do Led Zeppelin. É inacreditável que esse fantástico disco seja tão subestimado. Destaque para a surpreendente versão da sensacional Superstition de Stevie Wonder.

Músicas-chave: LadySuperstitionSweet Surrender.


ZZ Top - Tres Hombres (1973)

Das imediações de Huston, Texas, o ZZ Top é uma banda que mistura o bom e velho blues-rock com pitadas de hard-rock, temperado com o autêntico sotaque texano. Uma das coisas mais legais sobre o ZZ Top, é que o trio mantém até hoje a formação original de 1970, contando com o excelente Billy Gibbons na guitarra, Dusty Hill no baixo e Frank Beard na bateria.

Seus 2 primeiros trabalhos são bem bons, mas foi com Tres Hombres que as coisas começaram a acontecer. Foi o 1º disco dos caras a chegar no Top Ten dos charts americanos e não podeia ter sido com um disco melhor, pois Tres Hombres tem algumas das melhores músicas da carreira do trio. Seu som é simples e direto, sem frescuras e o resultado é um dos discos mais legais que você pode ter a chance de ouvir. Ah, é para ouvir bem alto!

Bad Company - Bad Company (1974)

Outro supergrupo do rock, formado pelo baixista Boz Burrell (ex-King Crimson), o guitarrista Mick Ralphs (ex-Mott the Hopple), o baterista Simon Kirke e o vocalista Paul Rodgers, ambos provenientes do Free. Embora a formação seja outra, é impossível não sentir uma certa familiaridade sonora em relação ao Free. Tal fato sem dúvida se deve ao vocal característico de Paul Rodgers, que pode ser identificado em qualquer lugar.

Seu auto-intitulado disco de estréia é um dos melhores do rock, tendo sido também um grande sucesso de público, alçando o álbum ao topo das paradas americanas, conseguindo emplacar um single em número 1 com "Can't Get Enough". Com esse trabalho, o Bad Company retorna o rock às suas origens, simples, descomplicado e divertido. Até sua capa, toda em preto e branco afirma que a simplicidade é a melhor saída. E foi mesmo. O resultado é fantástico.

Frank Zappa - Apostrophe (') (1974)

Com aproximadamente 70 discos lançados, o compositor, vocalista, guitarrista e bandleader americano Frank Zappa é um dos maiores e mais criativos nomes do rock. Transitando entre todos os estilos musicais possíveis e imagináveis, nunca podia ser previsto o que viria na sequência. Embora possa ser considerado um roqueiro, Zappa, utilizava constantemente e de maneira abundante elementos de jazz, e até orquestras, com discos totalmente instrumentais e muitos experimentais. Outra característica de Zappa é que ele não se levava muito a sério, com letras um tanto quanto satíricas e bem humoradas. 

Apesar de ter lançado seu 1º disco em 66, o Freak Out, e de ser especialmente complicado escolher um para representá-lo, trago aqui Apostrophe(') de 1974, que é seu 17º trabalho. A questão da escolha desse disco é puramente pessoal, pois a lista de discos ótimos é imensa. Escolhi Apostrophe(') simplesmente porque tem uma de suas músicas que mais gosto, Cosmik Debris. Esse foi também apenas seu 2º disco a receber o disco de ouro por vendagens e também seu único e chegar ao Top Ten dos charts americanos, graças a Don't Eat the Yellow Snow. A faixa-título tem a participação do baixista Jack Bruce (ex-Cream). Como todos do Zappa, não é um disco de fácil audição.

segunda-feira, 18 de março de 2013

UFC 158 St.Pierre vs Diaz

Nesse sábado ocorreu a edição 158 do UFC, com o esperado confronto valendo o titulo dos meio-médios entre o campeão Georges St. Pierre e o desafiante Nick Diaz. Foi um evento muito bom e movimentado, com boas lutas. Comento 5 das 12 que ocorreram.

Pelos meio-médios, ainda no card preliminar, confronto entre os americanos Dan Miller e Jordan Mein. O jovem e talentoso Jordan Mein fazia sua estreia no UFC contra o duro e experiente Dan Miller. Logo no inicio do combate, Miller quase finaliza Mein com uma arm-lock, porém Mein se defendeu muito bem e partiu para o ataque, nocauteando seu oponente de maneira sensacional. O mais curioso é que Miller nunca havia sido nocauteado ou finalizado. Todas as suas derrotas até então tinham sido por decisão dos juízes.  Vamos ficar de olho nesse Jordan Mein que chega como boa opção para a categoria.


Jordan Mein ataca Dan Miller


No combate seguinte, novamente nocaute no primeiro round. Depois de algum estudo entre os lutadores, o americano Darren Elkins conecta ótimo golpe no canadense Antonio Carvalho, o Pato, que fica totalmente perdido. Apos isso, Elkins só precisou de mais 2 ou 3 golpes para finalizar a luta, apagando Carvalho. O interessante foi que Carvalho foi nocauteado e, quando caiu, voltou e queria continuar a luta, sem ter percebido o nocaute.


Elkins acerta o rosto de Carvalho

A terceira luta do card principal foi entre os americanos Nate Marquardt e Jake Ellenberger, pelos meio-médios. Marquardt reestreava no UFC e enfrentou o bom striker Ellenberger. Marquardt começou o combate partindo para cima e acuando Ellenberger. Este, por sua vez, consegue rechacar o ataque de seu oponente e ainda aplica ótima sequencia em Marquardt que não aguenta e vai a nocaute. Tudo no 1º round. Importante salientar que antes disso Marquardt só havia sido nocauteado uma única vez por Anderson Silva. Muito bom e bem forte Jake Ellenberger. Dá para perceber que a categoria dos meio-médios está ficando bem interessante. Mais umas 2 boas vitórias devem credenciar Ellenberger a disputa do título.


Ellenberger "quebra a cara" de Marquardt

A penúltima luta da noite foi entre o ex-campeão interino dos meio-médios, Carlos Condit e o número 2 da categoria Johny Hendricks. Foi uma luta muito movimentada e emocionante do começo ao fim, pois Dana White já havia declarado que o vencedor desse combate enfrentaria o vencedor do combate seguinte da noite, entre Georges St. Pierre e Nick Diaz, pelo título. Condit e Hendricks realizaram um combate e altura de suas ambições. Hendricks, que tem uma esquerda devastadora, procurou nocautear o tempo todo e quando nao conseguia, derrubava Condit e o controlava no ground and pound. Foi assim durante os 2 primeiros rounds. No último round, o gás de Hendricks terminou e Condit dominou, mas não foi suficiente para alterar o resultado de vitória por pontos para Hendricks, que foi confirmado como o próximo desafiante de Georges St. Pierre.


Johny Hendricks (esq.) troca com Carlos Condit (dir.)

Sem maiores delongas, na disputa do título dos meio-médios, o campeão Georges St. Pierre dominou totalmente e venceu com folgas seu oponente, o americano Nick Diaz. Mais uma vez tivemos uma luta feia sem graça por parte de St. Pierre, mas essa é sua tática e ela funciona. Essa foi sua oitava defesa de título. Outro fator a se considerar é que St. Pierre não é campeão por acaso. Ele realmente é muito bom. Diaz não conseguiu absolutamernte nada durante o desenrolar da luta. Apenas no 3º round, conseguiu conectar alguns poucos golpes no rosto de St. Pierre, mas nada que pudesse ameaçar o campeão. Diaz parecia mais interessado em provocar e irritar seu oponente do que em lutar.


Georges St. Pierre (esq.) enfrenta desafeto Nick Diaz (dir.)

Depois da luta, durante a coletiva de imprensa, Diaz disse que St. Pierre bate igual uma mulher, pediu uma revanche e ainda desafiou Anderson Silva, que é de uma categoria superior (peso médio). Esse Diaz é uma piada mesmo. O problema é que fica feio para ele falar que o oponente que o derrotou bate como uma mulher. Isso quer dizer então que ele perdeu para alguém que bate como mulher. Em relação a revanche, essa já está totalmente descartada e quanto a Anderson, sem comentários. Diaz não tem qualquer condição de enfrentá-lo.

O próximo desafiante ao título é o forte Johny Hendricks. Depois de sua luta com Carlos Condit, entendo que Hendricks vai ter que melhorar muito, principalmente seu preparo físico para enfrentar e ter qualquer chance contra St. Pierre. No final do terceiro round de sua luta, Hendricks estava se arrastando, enquanto St. Pierre lutou 5 rounds e estava inteiro fisicamente. Entendo que não vai dar para Hendricks, a não ser que consiga acertar uma de suas esquerdas devastadoras meio na sorte. Para mim o único que pode tirar o cinturão do campeão é o brasileiro Demian Maia, que, com mais uma vitória, já deve se credenciar para uma disputa contra St. Pierre.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Guia Básico de Cinema Capítulo XV

Hoje 5 filmes dos anos 2000.

São eles:


O Pianista - The Pianist (Roman Polanski - 2002)

Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) é um famoso pianista judeu-polonês que trabalha na rádio de Varsóvia e vê seu mundo ruir quando a Polônia é invadida pelos nazistas logo no começo da 2ª Guerra Mundial. No começo, ele e sua família passam apenas por privações materiais e algumas humilhações impostas pelos invasores. Na sequência, vem a formação do Gueto de Varsóvia e mais tarde, o encaminhamento aos campos de concentração, do qual ele consegue escapar. Vivendo dia a dia tentando sobreviver, ele acaba sendo ajudado pela resistência polonesa e assim segue sozinho e desolado até que em seu último esconderijo é descoberto por um oficial alemão que o ajuda com comida e agasalho. Szpilman só precisa agora conseguir sobreviver mais algumas semanas até o final da guerra.

Um filme sensacional do talentoso diretor Roman Polanski, que embora seja baseado na vida real do músico Szpilman, também pode ser considerado um pouco auto-biográfico, pois o próprio diretor escapou do Gueto de Cracóvia ainda criança, após a morte de sua mãe. A realidade da ocupação nazista é mostrada de maneira extremamente crua, sem aliviar nem fazer concessões. Embora o tema seja pesado, o filme é excelente, bem como a atuação soberba de Brody no papel do protagonista.

Foi premiado com o Oscar nas categorias Melhor Direção, Melhor Ator e Melhor Roteiro Adaptado, tendo sido indicado em mais 4 categorias.   


A Queda! As Últimas Horas de Hitler - Der Untergang (Oliver Hirschbiegel - 2004)

Baseado no livro Bis Zur Letzten Stunde (Até a Última Hora), editado no Brasil como Até o Fim - Os Últimos Dias de Hitler Contados por sua Secretária, A Queda! nos conta a história verídica de Traudl Junge, que foi de fato a última secretária particular de Adolf Hitler entre 1942 e 1945. O filme começa com Junge (Alexandra Maria Mara) sendo contratada por Hitler (Bruno Ganz) em 1942 e depois pula imediatamente para seu aniversário em 20 abril de 1945. A partir daí, já ocupando o bunker em Berlin, a trama se desenrola com os acontecimentos dos últimos 10 dias de vida de Hitler e do 3º Reich. Hitler está isolado e sendo abandonado por todos seus apoiadores a essa altura, inclusive Heinrich Himmler, o chefe da SS que o traiu e depois se suicidou. A essa altura, o exército soviético estava cada vez mais próximo e a Alemanha sofria bombardeios diários. Hitler, planejava e remanejava exércitos que nem mais existiam em uma tentativa desesperada de reverter os rumos da guerra. Ao final, sem alternativas que não a rendição, cometeu suicídio, juntamente com a esposa Eva Braun. Seu ministro da propaganda Dr. Joseph Goebbels que se tornou chanceler após sua morte, também se encontrava no bunker e comete suicídio no dia seguinte, após tomar precauções para que ninguém jamais descobrisse o corpo de Hilter.

A Queda! é um filme espetacular e nos trás a história real, de bastidores, vivida pela secretária particular de Hitler, e que, ao final do filme, aparece e dá um breve relato. Apesar de ser um filme de guerra, não espere por cenas de ação e batalha. As situações se desenrolam quase que totalmente dentro do bunker e apesar de o filme ter mais de 2 e meia de duração, passa muito rápido. O ponto alto sem dúvida alguma é a atuação magistral do ator suíço Bruno Ganz que interpreta Hitler de maneira impressionante, sem maneirismos ou caricaturas. Ganz, inclusive, tomou aulas com um ator nascido na mesma região de Hitler para pegar bem seu sotaque. Absurdamente, A Queda! foi indicado apenas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e não levou, perdendo para o dramalhão espenhol Mar Adentro. Bruno Ganz nem indicado ao Oscar foi. Uma lástima.


Onde os Fracos Não Tem Vez - No Country for Old Men (Joel Coen e Ethan Coen - 2007) 

Passado no Texa, no início dos anos 80, Onde os Fracos Não Tem Vez, tirou seu título original em inglês do poema Sailing to Byzantium de W.B. Yeats e seu enredo é baseado na Trilogia da Fronteira de Cormac McCarthy. Conta a trajetória de Llewelyn Moss (Josh Brolin), um caçador e veterano do Vietnã, que durante uma caçada encontra no meio do deserto o que restou de uma malsucedida negociação de narcóticos. Entre vários cadáveres, Moss encontra uma grande quantidade de heroína e uma maleta com U$ 2 milhões. Ele resolve ficar com o dinheiro, mas comete um erro de voltar ao local da chacina para ajudar um dos homens que está morrendo e pede a ele um pouco de água. Ao voltar ao local, é perseguido por 2 homens e resolve fugir. É colocado em seu encalço o psicótico assassino contratado Antos Chigurh (Javier Barden). Como Chigurh deixa um rastro de sangue por onde passa, o xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) pretende pará-lo e também salvar Moss da morte certa.

Esse é mais um filme sensacional dos geniais irmãos Coen. Embora não tenha muita ação, sua atmosfera clautrofóbica e tensão crescentes te prendem à tela o tempo todo. Foi muito aclamado pela crítica e ganhou o Oscar em 4 categorias, incluindo Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Direção e Melhor Filme. As atuações são todas fantásticas, mas o espenhol Javier Barden arrebenta como o psicopata Anton Chigurh. Quando assisti o filme no cinema, percebi várias pessoas reclamando e dizendo que não entenderam bem o final. Embora possa parecer meio sem pé nem cabeça, seu final faz todo sentido para quem prestou a devida atenção ao começo do filme, onde o xerife Bell conta (em narração) que um xerife do Texas tinha tanta autoridade moral que não precisava nem mesmo sacar sua arma. Mais para o fim do filme, quando vai adentrar ao quarto de motel onde estava Moss (e ele acha que estará Chigurh), o xerife Bell, antes de abrir a porta do quarto, saca sua arma. Esse é o momento em que ele desiste de tudo. Os tempos são outros e ele não tem mais autoridade moral. O final é só consequência desse fato. Filmaço, assista.  


Batman - O Cavaleiro das Trevas - The Dark Knight (Christopher Nolan - 2008)

Batman (Christian Bale) juntamente com o o tenente Gordon (Gary Oldman) e o promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart) não dão moleza para os criminosos de Gotham. Acuados, eles aceitam a proposta feita e contratam para acabar com Batman seu oponente mais perigoso, o psicopata Coringa (Heath Ledger).

Filme se super-herói? Sério? Aposto que é isso que você está se perguntando. Isso mesmo digo eu. Ao contrário da esmagadora maioria dos filmes de super-heróis, O Cavaleiro das Trevas é um filme com temática adulta, sendo bem sombrio e violento. Aliás, essa trilogia do diretor Christopher Nolan sobre o Batman é bem assim mesmo. Sombria e violenta, ao contrário dos 4 filmes anteriores que eram praticamente infantis. Assisti aos 3 Batmans de Nolan e, assim como a maioria, prefiro O Cavaleiro das Trevas. Batman Begins seria meu número 2 e O Cavaleiro das Trevas Ressurge o 3º. O filme consegui a proeza de ser um sucesso tanto de público como de crítica que nunca gosta muito de filmes baseados em quadrinhos. Outro ponto é a atuação simplesmente espetacular de Heath Ledger como Coringa. Conseguiu superar o insuperável Jack Nicholson, com sua interpretação muito mais perturbadora do personagem. Ledger declarou que baseou seu Coringa no personagem Alex DeLarge, o marginal delinquente interpretado por Malcolm McDowell em Laranja Mecânica. Além de divertido, um filmaço. Se ainda não viu, não perca mais tempo. 


Bastardos Inglórios - Inglourious Basterds (Quentin Tarantino - 2009)

Na França ocupada pelos nazistas, 2 planos para matar o alto comando nazista, inclusive Hitler, são levados a cabo pela jovem judia que se faz passar por dona de um cinema em Paris e por um grupo de soldados judeus americanos, os Bastardos Inglórios, famosos por, depois de aprisionar e interrogar soldados nazistas os escalpelarem, comandados pelo tenente Aldo Raines (Brad Pitt). Cada grupo não sabe da existência do outro e, coincidentemente, ambos pretendem executá-lo na mesma data e local, mas para tanto terão que conseguir driblar o coronel alemão caçador de judeus Hans Landa (Christoph Waltz).

Mais um filme fantástico do genial Quentin Tarantino. Só para variar, as cenas são ótimas e os diálogos excelentes. Brad Pitt está muito bem no papel do tenente Aldo Raines, mas quem rouba literalmente o filme é Christoph Waltz, como o nazista Hans Landa. sua participação é magnífica e seu personagem, embora seja o vilão do filme, é extremamente carismático. Como é um filme de Tarantino, ele simplesmente reescreve a história como bem entende.  Bastardos Inglórios é o filme de Tarantino com maior bilherteria até hoje, tendo faturado mais de U$ 320 milhões. Foi também aclamado pela crítica. Alguns chegaram a dizer que foi o melhor trabalho de Tarantino. Indicado ao Oscar em 8 categorias, ganhou em Melhor Ator Coadjuvante com Christoph Waltz.