sexta-feira, 22 de março de 2013

Guia Básico de Cinema Capítulo XVI

Hoje amis 5 clássicos importantes:


Crespúsculo dos Deuses - Sunset Boulevard (Billy Wilder - 1950)

O fracassado roteirista de cinema Joe Gillis (William Holden), fugindo de uns credores que pretendem tomar seu carro, entra, para se esconder, em uma mansão na Sunset Boulevard que parece abandonada. Acontece que a tal mansão é a residência de Norma Desmond (Gloria Swanson), decadente estrela do cinema mudo que não conseguiu seguir com a carreira no cinema falado e vive reclusa, com a companhia de seu sinistro mordomo/motorista Max Von Mayerling (Erich Von Stroheim). Para manter seu esconderijo, Gillis aceita reescrever o roteiro de Demond que marcará seu retorno triunfante às telas. O que parece ser o acordo ideal aos poucos vais e tornando um pesadelo para Gillis, pois ao mesmo tepo em que percebe a loucura e carência de estrela, entende que é também sua propriedade.

Crepúsculo dos Deuses é um filme estraordinário, sendo considerado pelo American Film Institute como o 16º melhor filme americano já feito. É justo. A estória é fantástica, as atuações, principalmente de Gloria Swanson e Erich Von Stroheim são espetaculares, o final é surpreendente e tem alguns dos melhores diálogos que já vi. O filme faz também uma observação muito interessante sobre a efemeridade da fama e de com que facilidade antigas estrelas são dispensadas sem a menor cerimônia. Ganhou o Oscar em 3 categorias.


Uma Rua Chamada Pecado - A Streetcar Named Desire (Elia Kazam - 1951) 

Baseado na peça homônima de Tennessee Williams, Uma Rua Chamada Pecado, nos trás Blanche DuBois (Vivien Leigh), uma mulher perturbada que vai visitar sua irmã grávida Stella (Kim Hunter) em Nova Orleans. Ela também está em busca de um lugar para ficar, apos de ter sido expulsa de sua cidade natal no Mississippi, depois de seduzir um jovem de 17 anos. Acontece que  Blanche é refinada e frágil e Stella é casada com Stanley (Marlon Brando), um brutamontes insensível jogador de cartas que não está disposto a acolher a cunhada que não aprova seus modos e costumes. O conflito entre ambos é inevitável.

Esse foi o 1º de 3 filmes em que Marlon Brando foi dirigido por Elia Kazam. Os outros foram Sindicato de Ladrões (aqui embaixo) e Viva Zapata!. A personagem de Blanche em certa forma é muito semelhante à personagem Norma Desmond, de Crepúsculo dos Deuses. Ambas viem em seu próprio mundo de fantasia e meias-verdades, sem se dar conta de sua decadência. As atuações de Brando e Leigh são extraordinárias e elevam enormemente o filme. Preste a atenção em uma cena em que Stanley e Blanche discutem. Stanley, em um acesso de fúria, quebra tudo que há em cima da mesa. Nessa cena, é possível perceber, mesmo o filme sendo em preto e branco, que Brando está pálido de raiva. Não é apenas a representação da raiva de Stanley. É o próprio Brando que está morrendo de ódio naquele momento. Isso é que é entrar no personagem. Outra cena famosa é aquela em que Stanley está parado na chuva no portão de sua casa e chama por Stella. Parece bobagem, mas é uma das cenas mais famosas do cinema. Certamente você já deve ter visto pelo menos essa trecho em algum lugar. É antológica. Ganhou 4 Oscars, inclusive de Melhor Atriz para Vivien Leigh.


Sindicato de Ladrões - On the Waterfront (Elia Kazam - 1954)

Terry Malloy (Marlon Brando), é um ex-boxeador que já foi grande, mas que agora trabalha para a gangue de Johnny Friendly (Lee J. Cobb) que comanda o corrupto sindicato do porto. O irmão de Terry, Charley Malloy (Rod Steiger), é o advogado pilantra do sindicato que, juntamente com Friendly, arma uma cilada para o delator John Doyle (John F. Hamilton) usando Terry como isca. A princípio Terry não percebe o que está para acontecer, sendo o inocente útil da história, mas quando Doyle acaba assassinado, ele se sente culpado e passa a tentar consetar seus erros do passado, lutando diretamente contra o sindicato e sofrendo as consequências de seus atos.

Sindicato de Ladões é um filme espetacular, que foi vencedor do Oscar em 8 categorias, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Ator para Brando. É uma estória muito interessante e que foi inspirada em Crimes on the Waterfront, uma série de artigos publicados no jornal New York Sun, pelo jornalista Malcolm Johnson, vencedor do prêmio Pulitzer de 1949 justamente pela publicação da série. É desse filme a famosa frase proferida pelo personagem de Marlon Brando "I could'a been a contender", quando toma consciência de sua situação de mediocridade, quando chegou a ser uma estrela talentosa do boxe.


A Marca da Maldade - Touch of Evil (Orson Welles - 1958)

Em uma cidadezinha na fronteira do México com os Estados Unidos, o chefe de polícia mexicano Ramon Miguel Vargas (Charlton Heston), que está em lua-de-mel com sua esposa Susan Vargas (Janet Leigh), começa a investigar um assassinato ali ocorrido. Eu sua investigação ele se confronta com o Hank Quinlan (Orson Welles), o corrupto capitão de polícia americano que faz literalmente tudo para manter seu poder inabalado.

Não ligue para o fato de Charlton Heston fazer o papel de um mexicano. A Marca da Maldade é um clássico absoluto do cinema americano. Orson Welles, que também dirige o filme, está perfeito como o policial porco imundo que faz o que bem entende, passando por cima de todo e qualquer conceito ético e moral. Se quer um cara sem escrúpulos, é esse. É um enredo sensacional sobre uma estória que envolve de maneira perversa, assassinato, sequestro e corrupção policial. A sequência de abertura em que Ramon Vargas atavessa a cidade dirigindo, é uma das mais longas do cinema sem cortes de câmera, com aproximadamente 6 minutos. Obra imortal de Orson Welles.


Gata em Teto de Zinco Quente - Cat on a Tin Roof (Richard Brooks - 1958)

Brick Pollitt (Paul Newman) é um ex-astro de futebol americano e casado com a bela Maggie (Elizabeth Taylor). O casamento, porém, não vai nada bem, com Brick simplesmente desprezando sua esposa que ainda o ama muito, por conta de um incidente com seu amigo de campo Skipper, que abandonou a carreira. Por algum motivo, Brick culpa Maggie pelo ocorrido. Brick também não quer saber de seu pai, "Big Daddy" Pollitt (Burl Ives) que está morrendo de câncer. Ninguém sabe desse fato, até que chega o aniversário de Big Daddy e toda a família deve se reunir, incluindo o irmão de Brick, Gooper, um advogado ambicioso e sua esposa intrometida. Agora que todos estão reunidos segredos serão desenterrados e verdades serão ditas entre todos.

Esse é outro filme baseado em peça de Tennessee Williams, mas dessa vez o autor detestou de tal maneira o resultado cinematográfico que fez campanha contra o filme. Uma de suas queixas era a supressão do teor homossexual que cercava o relacionamento entre Brick e Skipper. Ao invés disso, o estúdio o censurou, transformando Brick em um mero desajustado, ao invés de alguém que luta com sua identidade sexual. Apesar de contar com astros consagrados como Elizabeth Taylor e Paul Newman, quem rouba a cena é o ator Burl Ives, que faz magistralmente o papel do patriarca sulista que luta contra a doença ao mesmo tempo em que lida com os problemas e segredos dos filhos.


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