terça-feira, 5 de março de 2013

Discoteca Básica de Rock Volume IX

Hoje abordo 5 discos de grupos do chamado pós-punk/new wave. É um estilo e uma época que não agrada a todos, mas sem dúvida foi muito importante e marcou toda a geração dos 80:


Joy Division – Unknown Pleasures (1979)

Embora tenha sido formado durante o movimento punk, o Joy Division pode ser considerado como a primeira banda do pós-punk. Embora a sonoridade seja inspirada no punk-rock, suas características são diferentes, tanto em termos musicais menos agressivos como contendo letras com menos revolta e raiva, mas com maior expressão e sentimento. O nome Joy Division vem de um termo utilizado para se designar unidades nos campos de concentração na 2ª Guerra, onde prisioneiras eram usadas como prostitutas para soldados nazistas.

Fortemente centrado na figura de seu vocalista Ian Curtis, O Joy Division duraria apenas 3 anos e lançaria 2 discos, hoje considerados clássicos. Curtis sofria de crises epiléticas fortíssimas, o que, juntamente com o ambiente em que cresceu, reflete-se claramente em suas letras melancólicas e sombrias. Sua doença foi o que o levou a cometer suicídio em 18 de maio de 1980, 2 dias antes de a banda embarcar para sua 1ª turnê nos EUA. Conforme o combinado entre os membros (que caso algum dos membros deixasse a banda por qualquer motivo), nesse mesmo dia o Joy Division deixaria de existir. Os membros remanescentes formariam o New Order, outro grupo de grande sucesso nos anos 80. A história de Ian Curtis e do Joy Division pode ser conhecida em detalhes no excelente filme Control de 2007.

Unknow Pleasures é ótimo disco de estreia dessa grande banda e resume perfeitamente tudo sobre ela e sobre o novo rumo musical que se tornaria dominante durante boa parte dos anos 80, o New Wave.  O disco inteiro é um monumento à paixão, energia e desespero. Recomendo a todos de mente aberta.


The Cure – Boys Don’t Cry (1980)

Outra banda surgida durante a explosão do punk, o The Cure, foi também uma banda do pós-punk/new wave, porém diferentemente de tantas outras que surgiram nessa época, é um dos mais longevos, mantendo-se em atividade até os dias de hoje. Formado pelos amigos de infância Robert Smith (vocais e guitarra) e Michael Dempsey (baixo) e Laurence Tolhurst (bateria). No começo perseguiram sombrias letras pseudo-literais, como Killing na Arab, inspirada na obra The Stranger do escritor Albert Camus. Depois de Three Imaginary Boys, seu trabalho de estreia, Dempsey deixou a banda e foi substituído por Simon Gallup. Foi adicionado também o tecladista Mathieu Hartley, o que expandiu muito as possibilidades sonoras da banda.

É desse período o 2º disco dos caras, Boys Don’t Cry. Ainda fortemente ligado à primeira fase da banda, mas já mais encorpado e maduro em relação à Three Imaginary Boys. Ao contrário do disco de estreia, aqui são incluídos alguns singles. Foi também o trabalho do The Cure que começou a dar uma projeção maior à banda, principalmente nos EUA. Melhor trabalho para começar a conhecer o The Cure.



Echo and the Bunnymen – Ocean Rain (1984)

O Echo and the Bunnymen, é, assim como o The Cure um dos poucos grupos que sobreviveram aos anos 80 e chegaram inteiros até aqui. Surgido em 77, na Inglaterra, trilharam o mesmo caminho de seus pares. Pulando o punk, mas entrando de cabeça no New Wave. Seu primeiro trabalho, Crocodiles, atingiu o TOP 40 dos charts britânicos.

Ocean Rain é o 4º disco dos caras e pode ser considerado praticamente um álbum perfeito. Todas as músicas são ótimas. Tanto é que chegou ao TOP 10 das paradas britânicas. É seu trabalho mais consistente também, com a banda deixando de lado o experimentalismo que tentou em Porcupine, seu disco anterior e voltando ao básico da banda. Foi também um disco muito elogiado pela crítica na época. The Killing Moon continua sendo seu ponto máximo. É um disco sensacional.

Músicas-chave: SilverNocturnal MeThe Killing Moon, e Ocean Rain.


The Smiths – The Queen is Dead (1986)

Durou pouco. Apenas 5 anos e com apenas 5 discos lançados, sendo 4 de estúdio e 1 ao vivo, mas a importância dos Smiths não pode ser resumida a números. Foi certamente a banda indie definitiva da Inglaterra dos anos 80. Marcou também a transição do New Wave baseado em sintetizadores para o rock com guitarra novamente (estamos focados no pop/rock aqui, deixando de lado o Heavy Metal que sempre foi um capítulo a parte). As personalidades antagônicas de seus 2 líderes foi fundamental para a sonoridade única do The Smiths, mas também fundamental para o término precipitado da banda. Enquanto o guitarrista Johnny Marr era um roqueiro a moda antiga, uma versão elegante de Keith Richrds, o carismático vocalista Morrissey, rompeu com a tradição roqueira e era praticamente um crooner.

The Queen is Dead é o 3º disco do The Smiths e considerado por muitos como um dos melhores e mais importantes discos de todos os tempos. A verdade é que é realmente um trabalho excelente, dessa grande banda. Por outro lado, todos seus discos são ótimos. No caso específico do The Smiths, a escolha foi puramente por gosto pessoal, sendo que qualquer um dos discos de estúdio poderiam ter sido comentados. Além disso, The Queen is Dead, tem grande variação de temas e tons. É um disco sensacional de uma das minhas bandas favoritas, provando que, ao contrário do que algumas pessoas pensam, posso ser bem eclético. Evidentemente que o grupo não faz um rock no sentido convencional, mas mesmo assim merece uma audição mais cuidada, mesmo por aqueles que desprezam os anos 80.



U2 – The Joshua Tree (1987)

O U2 foi um dos principais e mais importantes nomes do pop/rock dos anos 80. Eram cruzados do rock em uma época dominada por sintetizadores e Heavy Metal. Algo que pode dar margem a criticas em relação ao U2, fora a parte musical, é seu engajamento chato em questões políticas e religiosas, principalmente de seu líder e vocalista, Bono Vox. O problema que as causas de hoje são o tédio de amanhã. Fora isso seu trabalho é extremamente sólido e consistente até os dias de hoje, embora eu, particularmente, os considere como uma das bandas mais superestimadas de todos os tempos. Mas certamente marcaram seu nome na história do rock e tem grande importância.

Seus primeiros trabalhos são muito bons, mantendo o nível de qualidade praticamente constante, mas foi em Joshua Tree que eles atingiram a maturidade musical. Foi aqui que alcançaram a condição se superstars da música, sendo também seu primeiro disco a alcançar o número 1 nas paradas americanas e o 3º em sequência a chegar ao número 1 na Inglaterra. Para nossa sorte, The Joshua Tree não fala em política, mas tenta encontrar esperança em meio ao desespero. É muito interessante que tenham se tornado superstars com um disco tão sombrio e pesado.  É um disco muito bom, que certamente pode ser considerado como clássico indispensável em qualquer coleção que se preze.

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