sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Guia Básico de Cinema Capítulo XII



Outro dia meu irmão e minha cunhada reclamaram comigo que a maioria dos filmes que apresento no Guia Básico são antigos. Respondo que isso é óbvio, pois a maioria disparada dos grandes filmes é composta por filmes antigos. Mas como sou um cara legal, resolvi dedicar um ou alguns posts à filmes mais recentes. Começo listando 5 ótimas produções dos anos 90:


O Poderoso Chefão Parte III – The Godfather Part III (Francis Ford Coppola - 1990)

Tentando finalmente colocar os negócios de sua família dentro da lei, Michael Corleone (Al Pacino) descobre que quanto mais ele se afasta do seu passado criminoso, mais ele é levado a ele novamente. Ambientado em 1979, Michael se envolve inclusive com negócios escusos do Vaticano ao mesmo tempo em que pretende se livrar definitivamente de seus antigos sócios. Ocorre que, após um atentado contra sua vida, do qual escapa ileso, ele quase morre devido a um coma por causa de seu problema crônico de diabetes. Após se recuperar superficialmente de sua doença, Michael entende que precisa se afastar definitivamente do crime, mas para isso vai precisar da ajuda de Vincent Mancini (Andy Garcia), seu sobrinho violento e impulsivo que fará qualquer coisa para auxiliar o tio e se tornar o novo capo.

Esse é o filme que encerra a saga da família Corleone. Inicialmente Francis Ford Coppola não tinha nenhuma intenção de lançar um terceiro filme, mas algo o fez mudar de ideia e ele e Mario Puzzo, autor do livro original, escreveram o roteiro para o último capítulo da saga.

O filme não alcançou o mesmo sucesso de público e crítica que seus antecessores. Na realidade ele não está no nível dos anteriores, mas poucos estão. Mas é um ótimo filme e que foi indicado ao Oscar em 7 categorias. Não levou nenhum, mas nesse ano a concorrência estava extremamente forte, com Dança com Lobos e Os Bons Companheiros.
Sugiro que seja assistido por todos que assistiram os anteriores. Para o bem ou para o mal é um ponto final em uma das estórias mais interessantes e marcantes do cinema.


Cabo do Medo – Cape Fear (Martin Scorsese - 1991)

Cabo do Medo é uma refilmagem de Círculo do Medo de 1962, esse estrelado por Gregory Peck e Roberto Mitchum que inclusive fazem uma participação especial aqui. O filme conta a estória de Sam Bowden (Nick Nolte) um advogado que há 14 anos defendeu o estuprador psicótico Max Cady (Robert De Niro). Aparentemente Bowden não se esforçou muito na tarefa e Cady acabou condenado. Agora ele localizou Bowden e vai transformar a vida dele e de sua família um inferno antes de executar sua vingança.

Além dos talentos de De Niro e Nolte, o filme conta ainda com ótimas atuações de Jessica Lange, como Leigh Bowden, esposa de Sam e Juliette Lewis como sua filha adolescente Danielle.

Repetir que Martin Scorsese é um mestre e um dos melhores diretores de todos os tempos é chover no molhado, mas o fato é que Cabo do Medo vai se tornando cada vez mais tenso e claustrofóbico à medida que se desenrola. E isso é mérito total do diretor. Algumas cenas são um tanto quanto forçadas, como a surra que Cady leva dos capangas contratados, mas isso não desmerece o longa em absolutamente nada. Certamente é um clássico moderno do suspense e mais uma prova de que a dupla Scorsese-De Niro consegue sempre resultados extraordinários. 


Cães de Aluguel – Reservoir Dogs (Quentin Tarantino - 1992)

Seis criminosos que não se conhecem são contratados por um chefe do crime local para roubar uma joalheria. Ao invés de usarem seus nomes reais, eles recebem apelidos para que não se conheçam e foquem exclusivamente no trabalho. Durante o roubo a polícia aparece bem na hora e, durante o tiroteio um dos criminosos é morto. O restante do bando, ao voltar para o local de encontro começa a discutir o que saiu errado e surge a suspeita de que um dos envolvidos é um policial infiltrado.

Primeiro longa de Quentin Tarantino e considerado por muitos como seu melhor trabalho. Não acho. A filmografia de Tarantino tem filmes espetaculares e outros nem tanto, sendo muito difícil apontar o melhor. Cães de Aluguel certamente está entre os melhores. 

Cães de Aluguel é a gênese de seu estilo e modo de fazer cinema. Aqui todos os elementos que caracterizam sua obra estão presentes. Diálogos sensacionais, muita violência e grandes doses de humor.
Os diálogos como sempre são demais, como o em que o chefão Joe Cabot distribui os codinomes aos participantes. Ele determinou que todos usarão nomes de cores, como por exemplo Mr. Brown, Mr. Orange e assim por diante, mas deixa claro que não haverá nenhum Mr. Black, pois é o nome mais legal e todos iriam brigar para ser o Mr. Black. Ou então aquele em ficam fazendo considerações sobre a história real por trás da música Like a Virgin da Madonna. Genial!
Se ainda não viu não perca mais tempo. O final é desconcertante.


Dead Man – Dead Man (Jim Jarmusch - 1995)

Escrito e dirigido por Jim Jarmusch, Dead Man conta a estória de William Blake (Johnny Depp), um contador que, em algum momento da 2ª metade do século 19, depois de matar um homem precisa fugir. Em sua fuga ele se depara com o índio Nobody (Gary Farmer) que acredita que ele é de fato o poeta inglês William Blake, morto em 1827. Durante sua fuga, Blake inicia uma jornada tanto física como espiritual em um terreno totalmente estranho a ele. Com a ajuda de Nobody (isso mesmo o nome do índio é ninguém em inglês) ele se aventura por situações tanto cômicas como violentas. Jogado em um mundo cruel e caótico ele finalmente abre seus olhos para a fragilidade que sua existência.

Os filmes de Jim Jarmusch sempre são estranhos e meio malucos. Aqui não é diferente. Dead Man é o western mais improvável já feito. Para começar foi rodado totalmente em preto e branco. As situações são totalmente bizarras, mas também com boa dose de humor, como na que Blake encontra alguns malfeitores acampados a noite. É uma situação de claro perigo, mas mesmo assim ele resolve se aproximar. Quando chega perto do grupo, esses perguntam com quem ele viaja, e ele responde que viaja com Ninguém “I travel with Nobody”, se referindo aqui ao nome do índio, seu companheiro. A cena em que ele comete o homicídio é belíssima, com uma crueza e simplicidade brilhantes. Não é um filme fácil, mas é certamente uma obra inesquecível. Outro ponto alto é a trilha sonora composta e executada inteiramente por Neil Young.


Fargo – Uma Comédia de Erros – Fargo (Joel Coen e Ethan Coen - 1996)

Fargo é uma comédia de humor negro que trás a estória de Jerry (William H. Macy), gerente da loja de carros de seu sogro em Fargo, na Dakota do Norte. Metido em sérios problemas financeiros, Jerry planeja o sequestro de sua própria esposa. Ele faz um acordo com 2 marginais que devem simular o sequestro sem violência e de quebra receberão um carro novo e U$ 40 mil. O resgate deverá ser financiado por seu sogro, porém uma série de equívocos comprometem todo o planejamento, acarretando um triplo homicídio. A cargo da investigação está a improvável chefe de polícia grávida Marge Gunderson (Frances McDormand).

Fargo, assim como a maioria dos filmes dos irmãos Coen é sensacional. As interpretações são ótimas e o enredo é fantástico. Apesar do tema pesado e da violência, o filme tem doses exatas do humor negro característico da dupla. Frances McDormand, que ganhou o Oscar de melhor atriz por Fargo, consegue brilhantemente dar vida a uma heroína totalmente improvável. Apesar das situações inusitadas, Fargo não é forçado e nem exagera na dose e nenhum momento. Não há nenhuma explosão, perseguições de carro inverossímeis ou o ápice do gran finale. Toda ação transcorre de maneira totalmente natural. É um filme espetacular.

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