segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

UFC 157

Sábado tivemos a edição 157 do UFC. Foi considerado um evento histórico, pois houve a 1ª luta feminina na história da organização. Considero que foi um bom evento, mas não brilhante. Algumas boas lutas, e outras fracas. Das 12 programadas vou comentar 7 delas.

A 1ª luta do card preliminar foi entre o brasileiro Yuri Villefort e o americano Nah-Shon Burrel. Ambos estreavam no UFC pala categoria dos meio-médios. Só vou comentar aqui essa luta devido ao fato de ter tido um brasileiro envolvido. Acontece que o brasileiro não disse a que veio. Depois de um bom momento logo no início do 1º round, onde quase conseguiu uma finalização por estrangulamento, Yuri Villefort, contrariando sua equipe e seu ponto forte, resolveu trocar em pé com o americano, cujo ponto forte é exatamente a luta em pé. Resultado: o brasileiro apanhou muito a luta inteira. Quando tentava levar a luta ao solo, o americano conseguia se levantar com muita facilidade. No final vitória unânime por pontos do americano que mereceu vencer o brasileiro. Antes de o combate começar, os comentaristas falaram muito do brasileiro e de que era o favorito. Não sei se foi a emoção da estreia ou se o fato de ser muito jovem (21 anos), mas a realidade é que ele fez uma luta medíocre e apanhou de verdade. Vamos esperar mais uma, caso ele não seja dispensado por Dana White, para ver se foi isso ou se ele é mais um brazuca medíocre.


Yuri Villefort (esq.), todo arrebantado, leva chute de Nah-Shon Burrel


O 3º combate entre Brock Jardine e Kenny Robertosn foi muito bom e bem movimentado com alternância de domínio por ambos os lutadores. Jardine começou melhor, quase conseguindo a finalização com uma guilhotina que parecia estar bem encaixada, porém Robertson teve a paciência necessária, se livrou do golpe e virou o jogo, aplicando de maneira sensacional uma criativa chave de joelho, que fez com que Jardine desistisse do combate ainda no 1º round.


Robertson aplica uma inusitada chave de joelho em Jardine

A 5ª luta da noite foi igualmente sensacional. Pode ser dividida em 2 partes bem distintas. Do 1º Rond, até a metade do segundo, houve pleno domínio de Matt Grice. A partir da metade do 2º round, Dennis Bermudez renasce das cinzas e começa a encaixar seu jogo, literalmente roubando a vitória do round que seria de Grice. No 3º round, Bermudez veio atropelando Grice e aplicando nesse uma verdadeira surra. Grice, com queixo duríssimo assimilou os golpes e, praticamente nocauteado em pé, conseguiu levar o combate até o fim. Na decisão pelos juízes laterais, vitória em contagem dividida para Bermudez. Com certeza uma das lutas mais emocionantes do evento.


Matt Grice (esq.) enfrenta Dennis Bermudez (dir.)


A 8ª da noite e 1ª do card principal, foi entre dois americanos pelos meio-médios: o insuportável Josh Koscheck e Robbie Lawler. Eu não dava nada para essa luta, mas foi surpreendente, com Koscheck derrubando Lawler rapidamente para aplicar o ground and pound. Lawler, de maneira espetacular, consegue uma inversão de posição e ainda deitado acerta ótimo golpe em Koscheck que fica abalado. Na sequência Lawler trabalha o ground and pound com extrema competência, machucando bastante Koscheck. Só restou ao árbitro Herb Dean interromper o combate dando a vitória por nocaute técnico a Lawler ainda no 1º round. Ótima luta e grande desempenho de Lawler, mas acho que ele terá muito pouca chance de lutar pelo título, hoje nas mãos do canadense Georges St-Pierre.


Lawler dando um sufoco em Koscheck


O 10º combate da noite foi entre o americano Urijah Faber e o salvadorenho Ivan Menjivar. Faber e Menjivar já haviam combatido antes no extinto torneio WEC (comprado pelo UFC) em 2006. Nessa ocasião, Faber derrotou Menjivar com propriedade. Nesse sábado a história se repetiu e Faber, novamente e de maneira muito técnica, conseguiu derrotar Menjivar mais uma vez e no 1º round, aplicando estrangulamento por mata-leão em pé, depois de dominar totalmente o round. Grande vitória de Faber. Fica difícil prever qual será o destino dele, pois antes dessa luta ele havia perdido o título interino dos galos para o brasileiro Renan Barão. Barão, que defendeu brilhantemente seu título semana passada, espera a recuperação do campeão Dominick Cruz, para conseguir o título definitivo. Será que Faber enfrentará o vencedor do combate entre Barão e Cruz?


Faber aplica mata-leão em Menjivar


O penúltimo combate da noite era o mais aguardado por mim, entre o brasileiro Lyoto Machida e o americano Dan Henderson. Previa uma luta interessante, porém dificílima para o brasileiro que encarava um adversário duríssimo, com poder de nocaute avassalador e que de quebra nunca foi nocauteado. Casca grossa. O que se viu no decorrer do combate foi o brasileiro seguindo seu estilo chato de sempre. Mantendo a distância e atacando pouco em contra-golpe. No 1º round, a coisa transcorreu assim, com Henderson procurando mais a luta e Lyoto se esquivando e tentando acertar no contra-golpe. No final do round, Lyoto consegue aplicar uma queda em Henderson seguida de ground and pound. Na volta para o 2º round, Lyoto voltou melhor e conseguiu impor seu ritmo, vencendo o round claramente. No último round, Lyoto deu uma bobeada e foi derrubado por Henderson que controlando o brasileiro no chão, aproveitou para trabalhar o ground and pound. O brasileiro, depois de alguns momentos jogando por baixo e tentando travar a luta, consegue se colocar novamente em pé, onde acerta alguns bons chutes em Henderson, mas nada que pudesse mudar o destino do combate, o qual foi decidido por pontos, de maneira dividida em favor de Machida.

Esse era o perigo, pois qualquer resultado era possível. Lyoto havia ganho o 2º round e Henderson certamente havia ganho o 3º. Tudo dependeria do resultado do 1º round. 2 juízes entenderam que Lyoto foi melhor também no 1º e um deles deu a vitória no round para Henderson. O que salvou o brasileiro da derrota foi o fato de ter conseguido derrubar e aplicar o ground and pound em Henderson no final do 1º round. Lyoto correu um risco desnecessário nessa luta. Seu modo de esquivar e ficar esperando pelo ataque do adversário não é muito bonito nem empolgante, mas é sem dúvida eficiente. O que acontece é que em uma luta de apenas 3 rounds, ele corre muito risco. Se não tivesse derrubado Henderson no 1º round, ele não teria tido tempo de se recuperar e teria perdido o combate e a chance de desafiar novamente Jon Jones pelo título dos meio-pesados, isso se Jon Jones passar por Chael Sonnen em abril. Entendo que o estilo de Lyoto pode ser uma boa saída para enfrentar novamente Jones. Dessa vez conhecendo melhor o adversário ele pode conseguir derrotar o campeão.


Lyoto Machida acerta chute em Dan Henderson


A última luta da noite foi o tão aguardado primeiro combate feminino entre a campeã Ronda Rousey e a desafiante Liz Carmouche. Rousey é a queridinha de Dana White e sua estratégia para as categorias femininas estavam todas centradas nela, era vital que ela ganhasse. E ganhou. Como era de se esperar ela finalizou Carmouche com um arm-lock, faltando apenas 11 segundos para o final do 1º round. O que ninguém imaginou é que Carmouche fosse dar tanto trabalho para a campeã. No início do round, Carmouche quase finalizou Rousey com um estrangulamento, porém, com um jogo de quadril e uma mordida no braço, Ronda Rousey se livrou da oponente e seguiu tranquila para a vitória.


A campeã Ronda Rousey (esq.) e Liz Carmouche

Depois de finalizada a luta, apareceu uma imagem do braço de Liz Carmouche com uma mordida. Durante o combate, realmente parece que ela acaba mordendo sua adversária, o que é proibido, mas ela deu a desculpa meio esfarrapada de que quando era mais nova teve o maxilar deslocado e agora se forçar ele se desloca, o que teria causado a mordida, involuntária segundo ela.

Se por acaso a Cris Cyborg não tivesse saído da organização certamente seria uma adversária que poderia derrotar Ronda Rousey com alguma facilidade. Como essa possibilidade já era, Dana White tem pensado na volta aos rings da ex-campeã Gina Carano, que deixou a carreira para investir na carreira de atriz.


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