sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Guia Básico de Cinema Capítulo III



Como falei anteriormente, não estou seguindo nenhum critério para elencar os filmes, nem qualquer espécie de ranking ou ordem de importância, podendo tanto dividir em categorias (com fiz semana passada com westerns), como por diretores, que é o que farei agora. Certamente ainda voltarei ao tema diretores para organizar meus posts sobre cinema.

O diretor de hoje é Alfred Hitchcock.

Eis 5 dos meus filmes favoritos dele:


Rebecca, a Mulher Inesquecível – Rebecca (1940)

Baseado no romance homônimo da escritora inglesa Daphne Du Maurier, Rebecca, a Mulher Inesquecível. Conta a história de um rico e atormentado viúvo, Maxim de Winter (Laurence Olivier), que se casa novamente, dessa vez com uma jovem ingênua e de classe bem mais baixa que a sua, a Sra. Winter (Joan Fontaine), indo viver em sua imensa mansão no interior inglês. 

O tempo vai passando e a moça não consegue se habituar à nova vida, pois sente em todos os cantos da casa, nos empregados e em seu marido a forte presença de Rebecca, a falecida esposa de Maxim. O que parecia apenas uma grande admiração por Rebecca vai se transformando em um imenso segredo.

Não se iluda pela idade do filme e nem pelo enredo que pode parecer meio bobo. Nada disso. É um filme muito complexo, um elaborado estudo dos personagens e suas relações. Um filme muito sólido, cheio de reviravoltas inusitadas e diversas coisas que ficam apenas subentendidas, na presente sutileza de Hitchcock. Tudo é sempre sugerido, nunca explícito. Outra coisa interessante é o fato de Rebecca, embora com uma presença muito forte e que afeta a todos, não aparece nem em flashbacks.

Com certeza um dos melhores filmes de Hitchcock.


Um Barco e Nove Destinos – Lifeboat (1944)

Adaptado de uma obra de John Steinbeck, a ação se passa durante a Segunda Guerra Mundial, onde nove pessoas se encontram à deriva em um bote salva-vidas, devido ao fato de seu navio ter sido afundado por um torpedeiro alemão, após um confronto. 

Entre os sobreviventes se encontram tripulantes do navio afundado, uma estrela de cinema mimada (Tallulah Bankhead) e um dos nazistas do navio alemão (que também acabou afundando). Tendo que conviver com o inimigo e à espera do resgate durante tempo indefinido, racionando água e comida, a situação vai ficando cada vez mais caótica.

Pode parecer impossível desenvolver uma história com 9 personagens dentro de um barquinho ridiculamente pequeno durante quase 2 horas. Mas é exatamente isso que se passa aqui e de forma brilhante. O filme é excelente. A trama vai crescendo em ritmo e suspense. Apesar da estória se passar ao ar livre, bem no meio do Oceano Atlântico, o clima de tensão crescente é claustrofóbico. 

Não perca tempo se ainda não assistiu.


Interlúdio – Notorious (1946)

Contando com um grande elenco formado por Cary Grant, Ingrid Bergman e Claude Rains, Interlúdio se passa no Brasil, onde a jovem Alicia Huberman (Bergman), após ter seu pai, um alemão, preso por associação com o nazismo, é procurada pelo agente federal americano T. R. Devlin (Grant), que lhe pede para espionar uma célula do partido nazista, formada por amigos de seu pai, existente no Rio de Janeiro.

Para isso, ela se casa com um dos líderes do partido, Alexander Sebastian (Rains), para ter acesso irrestrito ao grupo, porém acaba se apaixonando pelo agente americano.

Novamente, parece uma história sobre algum triângulo amoroso boboca, mas não é nada disso. Nunca se esqueça de que os filmes de Hitchcock nunca são óbvios ou clichês.

Mais uma vez o clima de tensão e o ritmo crescentes te prendem de uma maneira, que você não consegue nem piscar direito.

Acredito que não seja um dos filmes mais famosos do Hitchcock, principalmente aqui no Brasil, mas é um filme sensacional e merece ser visto por qualquer apreciador da sétima arte.


Festim Diabólico – Rope (1948)

O filme conta como os amigos Brandon (John Dall) e Phillip (Farley Granger), assassinam David (Dick Hogan) amigo de ambos, simplesmente para provar a tese de que, por ser considerado, por eles, intelectualmente inferior, esse se torna descartável.

Para levarem a cabo seu plano diabólico, convidam para um jantar um grupo totalmente heterogêneo de pessoas, inclusive os pais de David e sua noiva.

O ponto alto de seu plano é a presença de seu antigo professor e mentor Ruppert Cadell (James Stewart) que foi a fonte de inspiração para o ato, devido à sua dialética elitista. Resta saber se Cadell entenderia os motivos de seus antigos pupilos ou os entregaria às autoridades.

Para mim esse é o melhor filme de Hithcock. O assisti várias vezes. Nem vou falar do desenvolvimento da trama e da tensão e suspense presentes. Vou me ater a outro aspecto impressionante dessa grande obra.

O Festim Diabólico é literalmente uma aula de cinema. Para começar, o filme, que tem apenas 84 minutos, e se passa inteiramente em um único local. A sala do apartamento de Brandon. Nesse local é cometido o crime, escondido o corpo e realizado o jantar. Quase como uma peça de teatro. Além disso, Hitchcock executou todo o filme de uma só vez, sem paradas. O filme tem apenas 3 cortes (imperceptíveis) para trocar o rolo do filme. Genial, para dizer pouco.

Uma obra prima sem dúvida. 


Disque M para Matar – Dial M for Murder (1954)

Estrelado por Grace Kelly e Ray Milland, a estória é sobre um ex-tenista profissional falido (Milland) que, com a ajuda de um conhecido elabora um plano para assassinar sua esposa (Kelly), ficar com sua herança e de quebra vingar um affair que ela teve com outro homem, um ano antes.

Quando algo dá muito errado, ele improvisa um brilhante plano B para atingir seu objetivo.

Esqueça a refilmagem ridícula que foi feita uns anos atrás, chamada aqui no Brasil de Um Crime Perfeito, e que foi estrelada por Michael Douglas e Gwyneth Paltrow. Começa que Gwyneth Paltrow não é Grace Kelly e como não poderia deixar de ser, a trama foi levemente alterada para dar mais agilidade e movimentação, como se precisasse. É uma droga.

O original sim. A estória é fantástica e seu ritmo e desenvolvimento magníficos. O filme corre o tempo todo. Esse também é um grande filme com grandes interpretações. Ray Milland “acaba” com o filme. Sua atuação é soberba. 

Depois de Festim Diabólico esse é meu Hithcock favorito.

Espero que tenham gostado das dicas de hoje.

Até semana que vem com o capítulo IV do Guia Básico de Cinema.

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