quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Cara Genérico





Vem cá e me diga sinceramente... 

Você gostaria que sua irmã, filha, mãe, sobrinha, prima, afilhada, etc. começasse a sair com um perfeito paspalho? 

Me diga que não ficaria nem um pouco indignado, consternado, irritado e até mesmo surpreso se visse uma delas na companhia de um total e completo idiota?!

Pois é, eu também certamente me sentiria assim.

Já sei, você acha que isso é algo impossível de acontecer, certo?

Ledo engano meu caro.

Uma espécie cada vez mais comum de predadores de mulheres incautas está atuando livre e impunemente por aí. Eles vão se esgueirando sorrateiramente entre as pessoas normais e suas famílias, e quando a gente se dá conta, ele já está ali instalado confortavelmente  no sofá de nossa casa ou de algum parente ou amigo.

É O Cara Genérico.

O Cara Genérico é muito difícil de ser identificado, pois, apesar de sofrer de moléstia crônica, não apresenta maiores sintomas perante pessoas mais desavisadas e de boa fé. Apenas observadores mais atentos ou os iniciados em sua prevenção, são capazes de identificar imediatamente essa verdadeira chaga da sociedade contemporânea.

O Cara Genérico é absolutamente ignorante e totalmente desinformado, embora a maioria dos casos tenha educação superior. Ele sempre tem opinião formada sobre todo e qualquer assunto, inclusive os que desconhece totalmente, não tendo medo de se expor ao ridículo ou à execração pública ao defender ideias e conceitos que só fazem sentido para ele.

O Cara Genérico apresenta algumas características bem marcantes, podendo ser encontrado em todas as classes sociais, porém é mais rotineiramente encontrado nas classes AB, pois essas lhe proporcionam a infraestrutura ideal para seu desenvolvimento completo.

Seu habitat natural são os bares e baladas dos grandes centros no período noturno. Nesse meio ambiente ele encontra as condições ideais para dar o bote em sua presa, que num primeiro momento não percebe o que está acontecendo. Em um segundo momento, como num piscar de olhos, ele já está almoçando na sua casa aos domingos.

“Mas afinal, como posso identificar e proteger a mim e as pessoas que amo dessa terrível ameaça?”

Calma meu amigo, é simples, mas requer um pouco de astúcia e quem sabe até um olhar um pouco menos benevolente em relação às pessoas.

A melhor maneira de identificar O Cara Genérico é através de um diálogo simples, perguntando coisas corriqueiras e atualidades. Assim é possível identificá-lo claramente. No começo da conversa você nem vai perceber nada de anormal, mas em apenas alguns minutos e com um pouco de atenção, você vê nitidamente os sinais: sua arrogância infantil, alegria de plástico, desconexão com a realidade, ausência de conteúdo intelectual e fixação pela futilidade.

Faça um teste o quanto antes e comprove. 

Outra coisa importante: para todas as suas perguntas a respeito de qualquer assunto suas respostas sempre começarão com um “Acho que...”. Isso mesmo, ele nunca sabe de nada apenas “acha”.

Outro fator igualmente importante a ser observado é que ele, sendo uma besta quadrada, sempre generaliza e relativiza tudo de maneira mais tosca e simplória possível, das coisas mais simples às mais complexas, usando expressões de papelão como “ah, isso depende de cada um, velho...”, ou pior ainda “ah, cada um é cada um, cara...”, sem contar todos os clichês e jargões da moda que emprega constantemente sem o menor constrangimento. 

Tudo tem o mesmo peso e grau de importância para ele.

Agora atenção: se perceber que alguma garota/mulher de sua família está sendo vítima do assédio desse tipinho, não demore, não titubeie, elabore um questionário básico e o aplique imediatamente.

Quanto mais rápido o diagnóstico, maior a chance de cura, senão pode acabar até em casamento.


Obs. Quero dar o devido crédito ao amigo e crítico irritado Fernando B. Machado por ter cunhado originalmente o termo "Cara Genérico".

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